Capítulo 69

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O sol passeia por minha pele, beijando meus braços, aquecendo meu corpo, nadando pelos fios desgovernados que caem sobre minha testa, o seu calor causa o rosamento das minhas bochechas, mas também me traz o amor da natureza que há muito tempo não ...

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O sol passeia por minha pele, beijando meus braços, aquecendo meu corpo, nadando pelos fios desgovernados que caem sobre minha testa, o seu calor causa o rosamento das minhas bochechas, mas também me traz o amor da natureza que há muito tempo não sentia. Nunca fui de parar e ficar olhando para o tempo, trocava passeios ao ar livre por idas ao shopping, trocava flores por joias e a natureza por quatro paredes. E hoje, pela primeira vez em algum tempo tirei horas do meu dia para me sentar no quintal e admirar, olho a água da piscina alguns metros de mim, ouço os passarinhos dialogando entre si e estudo a construção onde cresci.

Sorrio, lembrando do papai e eu na piscina, da mamãe correndo pelo quintal desesperada e furiosa por eu correr só de calcinha e negando a usar o vestido rosa que ele havia comprado para mim. Fechando os olhos posso ouvir eu, Rebeca e Lupita conversando sobre os garotos da escola, das minhas ironias jogadas para a princesa encantada e os meus revirar de olhos provocada pela indecisão da Rebeca. Sei que tive momentos ruins nessa casa, por isso me privei dela durante meses, só que agora depois de tanto tempo e a história se repetindo, compreendo que aqui também há muitas lembranças boas, e que não é o lugar, o problema, mas sim as pessoas que os estragam.

Chacoalho o brinquedo que emite som, os olhos dourados e curiosos se fecham um pouquinho quando Théo abre a boquinha para rir. Ergue os bracinhos em busca de pegar o brinquedo, coloco em suas mãos e o ajudo balançar, e o garotinho rir com o barulho e do nada, Théo arremessa o brinquedo no chão e rir ainda mais, jogando seu corpinho caindo em minha barriga.

─ Quem é o menino mais lindo do mundo? ─ Afino a voz ao dirigir ao beber que continua deitado em meu colo e balançado as mãos, objetivando puxar meu cabelo.

─ Será que sou eu? ─ Viro a cabeça o suficiente para encarar os sapatos ilustrados.

─ Meu pai não está, e não quero estar envolvida no que vai acontecer com Emanuel.

Sebastian senta ao meu lado, pega o brinquedo de Théo e o balança, criando o som que o bebê tanto acha engraçado.

─ Fui à casa dele ontem a noite.
Uma parte de mim diz que não quer saber, só que é mentira. Eu quero, preciso saber.

─ O que achou?

Sebastian rir com minha atitude paradoxal.

─ Ele é um doente mental, disso pode apostar. E achei um motivo para ajudar no suicido. ─ Tira um caderno do paletó. Não o estica para mim, aparentando estar em dúvida se estou bem o suficiente para lidar com o que há no caderno. ─ Preciso saber, Mikaela, você quer fazer parte disso ou não.

─ O que há nesse caderno? ─ Interrogo, lendo em seus olhos que o que tem em suas mãos é a chave para a morte de Emanuel e o meu desmoronamento.

─ Não vale a pena ler se você não quer se envolver.

Olho para Théo e medito se vale a pena colocar em risco minha sanidade.

─ Preciso de você. ─ Sebastian diz, baixinho. Sua mão acaricia as coxas gordas de Théo e seus olhos focalizam um ponto que não posso identificar. Sua voz identifica urgência, e sei que não há como fugir, o que me resta é enfrentar, lutar com meus medos e quem sabe quando tudo isso acabar, os pesadelos vão embora.

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