Epílogo

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Não importa quanto tempo demore para o amor se manifestar, quando ele chega, acredite, sua vida nunca mais será a mesma. E não ligue de esperar, eu esperei durante sete anos e hoje, sou o homem mais feliz do mundo.

Mikaela recebeu finalmente meu nome. Somos a família Ferrarini Reis, Théo nosso menino está com seus três anos de idade, é o xodó dos avós e de toda a família e mesmo sendo mimado pelos avós, não está crescendo um menino chato, muito pelo contrário, por estar vivendo no meio de adultos está se tornando um menino sensato. Mesmo pequeno já aparenta traços meus e da mãe, o temperamento um pouco explosivo de Mikaela apareceu no primeiro ano, já a mania de fazer planos para o futuro adquiriu de mim. Só Mikaela sabe o quanto eu fico orgulho de ver meu menino contando nos dedinhos quais são seus desejos para o futuro. Ele e Jonathan - o filho de Rebeca e Nathan - mesmo tendo a diferença de idade se entendem muito bem e aprontam horrores quando estão juntos e acredito que a bagunça vai piorar quando o bebê de Lupita e Alan nascerem, eles não sabem certo sexo, mas Mikaela e Rebeca já estão disputando para saber quem vai ser a madrinha do bebê, ao contrário de mim e Nathan que estamos torcendo para ser um menino para podemos montar um time de futebol.

Mikaela e eu estamos tentando ser bons pais, e acredito que estamos conseguindo. Como presente de casamento meu sogro comprou uma loja para a filha e se encarregou de todos os gastos para abrir a primeira Boutique Ferrarini no Brasil, o que deu bastante trabalho, mas Mikaela conseguiu intercalar trabalho com a criação de Théo, e eu também expandir meus negócios para Espanha, e tenho que admitir que estão indo bem, graças a ajuda do Bruno, novo namorado do Pietro. Desde a nossa lua de mel eu e Mikaela viemos fazendo planos, um deles era mudarmos para uma casa, só que a fiz desistir, pois eu tinha meus próprios planos. Rebeca havia projetado a casa dos sonhos de Mikaela, só que o protejo havia ficado só no papel até o ano retrasado quando o encontrei e entreguei a Rebeca, que fez um excelente trabalho.

Mikaela ainda não tem ideia da casa, eu acho, pois ultimamente ele vem falando muito de comprarmos uma casa maior, porém, Rebeca garantiu que não havia falado, só que sabemos como são mulheres, não conseguem guardar segredo. Hoje é o dia em que vou apresentar a ela nosso novo lar, e deveria estar a caminho se não fosse por minha mulher ter se enfiado no banheiro a mais de 15 minutos.

─ Mamãe, bola logo. ─ Théo bate na porta do banheiro.

─ Calma. ─ Mikaela rebate.

─ Tá hazendo totó?

─ Não, Théo, eu não estou fazendo coco.

─ Tá hacendo o que?

─ Filho, vem cá. ─ Chamo Theo que faz cara feia. Pego o garotinho no colo.─ Vamos dar um tempo para sua mãe, ok?

Ele balança a cabeça em concordância. Admiro os seus cabelos negros caem numa pequena franja em seus olhos dourados, o rosto redondo e os lábios finos, é impressionante como o tempo passa rápido, lembro-me de quando ele nasceu, como eu senti... eu nem conseguia acreditar. Lembro-me dos seus primeiros passos que foram em direção a Mikaela, também me lembro quando ele disse "papa", Mikaela ficou possessa de ciúmes, por Théo dizer primeiro papai do que mamãe.

─ Vamo pala onde?

─ É surpresa.

─ Por que?

─ Porque é surpresa. ─ Semicerra os olhos, mostrando não gostar da minha resposta.

Mikaela sai, os cabelos impecáveis, os olhos dourados mais claros, a pele com uma maquiagem clara e um vestido florido e uma pequena bolsa em sua mão.

─ Podemos ir agora. ─ Ela fala, pegando Théo no colo.

─ Tava hacendo totó né.

─ Não, não estava, seu apressado. ─ Tava hazendo o que?

─ Depois a mamãe te conta.

Esperai, ela não estava se arrumando?
A pego pela cintura e a beijo, Théo faz cara feia e ela o deixa no chão. Sua mão passa por meu pescoço e sua boca encaminha para a minha mais uma vez. Amo como mesmo com o tempo o fogo ainda nos consome, é impressionante que a cada dia eu a quero ainda mais, a quero de todas as maneiras possíveis de se imaginar. Sua boca se afasta e noto que está mais bonita, sua pele parece brilhar, também seu bom humor complementa sua imagem.

─ O que estava fazendo no banheiro?

─ Nada. Vamos?

─ Sim.

Pegamos Théo e seguimos para o andar debaixo. O garotinho senta na cadeirinha e exige que coloque suas musiquinhas, Mikaela e ele começam a cantar juntos e se eu pudesse largar o volante e gravar essa cena eu faria.

─ Esse carro é grande. ─ Mikaela diz, olhando para trás, parecendo idealizar algo.

─ Com ideia de comprar outro?

─ Não, estou dizendo que esse carro é grande para nós três.

─ Simples, só aumentarmos a família. ─ Brinco e a expressão que eu esperava não surge. Talvez uma outra piada, fosse o que eu imaginava que seria arremessada a mim, no entanto, ganho levantar de sobrancelhas, como se ela estivesse pensando na ideia.

O lote em que a casa foi construída da cidade é um pouco afastado do centro da cidade, bem mais calmo a vizinhança e aproximo da casa dos meus pais. Mikaela estranha quando passamos a casa dos meus pais, seus olhos me jogam um perguntar, só que não a respondo.

Estaciono em frente a um portão eletrônico, o aciono e ele abre e ao adentrarmos, Mikaela coloca as mãos sobre os olhos, nossa família está a frente da casa segurando balões rosas e azuis, agora sou eu quem não estou entendendo, eu não os convidei. Abro a porta do carro para Mikaela sair, o meu sogro cuida de Théo, enquanto eu espero uma explicação.

─ Foi você! ─ Mikaela acusa Rebeca que aproxima com Jonathan nos braços.

─ O que está acontecendo aqui? ─ Digo, realmente não entendo o motivo de todo esse pessoal aqui, queria que fosse algo íntimo, somente meu e dela, mas agora se transformou da família inteira.

─ Eu que te pergunto, esse mistério era a casa dos meus sonhos? ─ Ela aponta para nosso novo lar com tanto amor que preciso abraçá-la, beijá-la.

─ Sim. Queria que fosse o presente para nosso aniversário de casamento.

Mikaela se afasta de mim, caminha até o carro e pega a bolsa. Tira algo que não consigo identificar, até ela colocar em minha mão.

Positivo.

─ Esse é o seu presente de casamento.

Estou praticamente chorando. Agora tudo faz sentindo, os balões azuis e rosas, todos reunidos aqui, o que era para ser uma surpresa para ela, transformou-se numa surpresa para mim. A pego no colo e a roda, não apertando muito para não machucar o nosso bebê.

─ Parabéns, papai. ─ Usa a ponta dos dedos para secar minhas lágrimas.

─ Eu vou ser pai! ─ Grito e um champanhe é estourado. ─ Nathan, mais um membro para nosso time. ─ Ele ergue uma taça e grita algo que não entendo.

Um pequeno ser vem ao nosso encontro, pego Théo em meu colo e o beijo, beijo seu rosto inteiro, imaginando que em breve verei ele e o outro ou a outra serzinho, brigando, brincando. Trago Mikaela para mim, afogo meu rosto em seu pescoço, apreciando seu cheiro, seu calor e relembrando o dia em que descobrir que seria pai pela primeira vez, e é a mesma emoção. Estou tão feliz que mal posso controlar meus lábios, eles se abrem e se recusam a fechar, e quero que seja assim a minha vida inteira, feita de sentimentos intensos o suficiente para que eu não possa controlá-los.

Não importa o tempo que esperei, as coisas que passei ou as agonias que vivi, superamos intrigas, passados, a morte, e superaremos tudo até o final, e não importa se foi um positivo que nos uniu de princípio, o segundo positivo está aqui dizendo que quando duas almas se amam não importa como elas se juntam, o fato é, elas jamais vão se separar. Esse é o amor, ele não uniu carnes, ele une corações.

PositivoOnde histórias criam vida. Descubra agora