Capítulo 42

122 10 6
                                    

Sorrio para as câmeras que me gravam e tiram fotos, abraço amigos que vieram me apoiar e encontro no meio de grupinhos,  alguns dos meus professores de faculdade, Pietro disse que eles entraram em contato com ele e pediram um convite, e como Pietr...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Sorrio para as câmeras que me gravam e tiram fotos, abraço amigos que vieram me apoiar e encontro no meio de grupinhos, alguns dos meus professores de faculdade, Pietro disse que eles entraram em contato com ele e pediram um convite, e como Pietro sabe que eu idolatrava alguns dos meus professores, nem pensou direito antes de ceder a entrada a eles. Passei uma parte da noite recebendo elogios daqueles que viram meu começo de carreira e o restante da comemoração, fiquei sorrindo e contornando as perguntas inconvenientes jogavam para mim.

Thomas não gostou muito do meu mundinho, e mesmo que tenha tentado se esconder atrás de sorrisos e palavras gentis, vi em seus olhos que ficou como um peixe fora d'água a noite toda. Ele me acompanhou, ficando ao meu lado, muitos o ignoravam e só o chamava quando queria encurrala-lo com uma pergunta indiscreta, mas em nenhum momento se comportou inconveniente, muito pelo contrário, sorria e respondia a perguntas de formas francas, não importando em suas respostas soarem tolas ou eruditas.

─ Então assim é a sua vida? ─ Thomas diz com um ar de alívio ao entramos em casa. O vejo tirar a gravata e joga-la no sofá, suas mãos são passadas pela lateral da cabeça e seus olhos travam, parecendo sentir dor.

─ Você ainda não viu nada.

Pego um corpo de água e tiro um remédio para dor de cabeça que sempre tomo depois dos desfiles ou após entrevistas. Entrego a Thomas que o toma com desespero. Sinto pena dele, o corpo dele não é acostumado com tanta falação, flashs e com um clima tóxico quanto aquele. Te abraçam com sorriso no rosto e te esfaqueiam com a língua, esse é o meu mundo desde o momento em que comecei a falar e a frequentar a alta sociedade, quando me mudei para Madrid achei que tinha escapado desse ambiente, mas uma vez dentro, você não consegue mais escapar.

─ Você está bem?

─ Estou.

Nos deitamos na cama e ele me abraça, sua pele quente encosta na minha e sua cabeça repousa sobre minha clavícula, acaricio seus cabelos e desço para seu rosto.

─ Estou cansado.

─ Trabalho?

─ Também. Aquela confusão com meu nome saindo em jornais e revistas prejudicou meus negócios, perdi alguns clientes porque disseram que não sou confiável. Tenho outros investimentos que me proporcionam lucro, só que não é o mesmo das minhas consultorias, realmente amo o que faço e perder os clientes que conquistei ou aqueles que eram do meu pai e consegui manter com o tempo, meio que dói, sabe? ─ Desabafa.

─ Sei, amor.

─ Nossos pais também colaboraram para minha semana ser um inferno. Tenho meus problemas particulares, nos meus negócios e ter que ceder horário na minha agenda para ouvir seu pai me dizer que devemos nos casar é outro desafio que tive que superar.

─ Casar?

─ É. Eles estão dizendo que vai ser melhor nos casarmos.

─ E o que você disse a essa pressão que estão colocando em você?

─ Não digo quase nada, estou evitando guerra.

─ Meu pai está insistindo muito com este assunto?

─ Muito. Você acha que precisamos de uma casa? ─ Sua voz não soa como uma pergunta apropriadamente, parece mais um deboche ou ironia que não consigo entender de princípio. ─ Seu pai está dizendo que precisamos de uma casa maior para o bebê, em parte eu concordo, ter um quintal para o bebê brincar é fundamental, porém tenho medo que a gente compre uma casa e seus pais se mudem para lá. Você sabe como seu pai é invasivo, eu não estranharia ele se auto convidar para morar conosco.

Não dá para simplesmente concordar com Thomas, em parte, sim, meu pai é invasivo e inconveniente quando se trata de mim, só que esse comportamento é o modo que ele demostra me proteger, cuidar de mim, aliás, foram sete anos afastados e não sete dias. Tenho conhecimento do quanto meus pais sofreram com a minha partida e sei que não querem me perder novamente, o casamento que meu pai tanto deseja não se trata que ele acredita que Thomas é o homem da minha vida, é uma medida que ele julga conseguir me prender no Brasil, dando a ele a oportunidade de ver o neto crescer e recuperar os sete anos afastados.

─ Papai é só superprotetor, e não um lunático inconveniente que mora na casa filha. ─ Não dá, acredito que mesmo que os pais pareçam errados é quase inevitável não os defende-los, eu sempre fui assim. Defendo quem eu amo com unha e dentes. ─ Mas você também está certo, não precisamos de uma casa neste momento, meu apartamento é espaçoso o suficiente para nós três, e o casamento é precipitado para nosso caso.

─ Nosso caso? Amor, nos conhecemos desde a infância, passamos a maior parte da nossa adolescência morando juntos, suponho que no nosso caso o mais normal seria que estivéssemos casados cinco anos atrás.

Thomas se ajeita na cama, encostando as costas na cabeceira e olhando-me atentamente, pois ele me conhece o suficiente para saber que possuo uma resposta na ponta da língua para ganhar essa nossa divergência de ideias.

─ Sim, moramos juntos, crescemos juntos e passamos sete anos das nossas vidas em mundo opostos. Eu mudei meus gostos, da mesma maneira que você também mudou os seus. Amor, meses atrás estávamos vivendo uma guerra, eu sentia ódio por você, e você ia se casar... o casamento é uma coisa linda, porém, séria também. Se nos casarmos não estaremos envolvendo só nossa família, mas o Théo também, e caso no namoro não dê certo, estará tudo bem, porque poderemos viver nossas vidas normalmente sabendo que tentamos dar certo, mas caso casemos nós não teremos a escolha de simplesmente desistimos, pois o Théo estará no meio, e isso obrigará que fiquemos juntos e infelizes ou dependendo de como será o divórcio, teremos uma briga na justiça pela guarda do Théo. ─ Acaricio o pescoço do homem que está com o olhar cabisbaixo, vejo seu pomo de adam subir e descer e por um segundo no meio do silêncio e da ausência do caloroso olhar amoroso do meu namorado, noto que fui sincera demais.

─ Eu não quero que acabemos assim ─ Pega minha mão e passa o dedão em cima da nossa aliança de namoro. ─ sonho comigo e você velhinhos, casados e fazendo amor como dois adolescentes. ─ Rio por não acreditar que ele estragou uma linda frase colocando sexo no meio.

Deito minha cabeça em suas coxas e Thomas acaricia meus cabelos.

─ Mas falando sério, imagine, você entrando na igreja com aqueles lindos vestidos brancos, o Théo que provavelmente já vai estar um rapazinho de terno e gravata trazendo as alianças, me diga que não é somente eu que fico ansioso para viver esse momento. ─ Nego. Com certeza não é só ele que está ansioso para isso. ─ Não me diga que não pensa em nossa lua de mel, talvez numa praia para podemos acordar com a maresia e ver o sol se pôr. Não me diga que nunca pensou em nada disso?

PositivoOnde histórias criam vida. Descubra agora