Capítulo 74

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Ao estacionar, enfio minhas mãos nos bolsos do sobretudo e sigo para o último andar, quando as portas do elevador abrem, minha secretária me intercepta, dizendo que há um homem me esperando na minha sala

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Ao estacionar, enfio minhas mãos nos bolsos do sobretudo e sigo para o último andar, quando as portas do elevador abrem, minha secretária me intercepta, dizendo que há um homem me esperando na minha sala. Cabelos grisalhos e óculos escuros são as principais características que capito no homem que aparenta 47 anos de idade.

─ Sou amigo do Senhor S. Onde se feriu?

As amizades de Sebastian são peculiares, mas não posso reclamar dos amigos clandestinos dele, já que são discretos e tem a boca mais fechada que um cadeado. O médico não quis conversar, ele limpou a ferida, suturou minha carne e garantiu que não havia sido nada grave, apenas machucou alguns tecidos que em breve se curariam. Não demorou mais do que trinta minutos para que o homem receitasse alguns antibióticos e analgésicos para dor e pegasse sua maleta branca e retirasse.

Visto minha calça e antes que posso ter a ação de esconder a blusa manchada de vermelho, a porta é aberta novamente. Henrique entra, caminhar calmo e olhos serenos. Não sei o que fazer, a tranquilidade dele pode estar escondendo raiva, ódio por mudar seus planos dele.

Ele joga uma sacola em minha direção. Conjunto de roupas novas para mim, ele aponta para o banheiro, um sinal claro para que eu vá me trocar. Obedeço, igual aquele menino de 12 anos de idade que passava algumas semanas em sua casa enquanto os pais viajavam para algum lugar privado.

Troco-me, coloco as roupas sujas na sacola que ele me deu. Cato minhas coisas e saio, Henrique admira os porta-retratos da minha mesa, abre o que eu suponho ser um sorriso para a foto em que mostra, Mikaela, eu e Théo no casamento de Nathan e Rebeca.

─ Parabéns, construiu uma família bonita, filho. ─ Espera, eu ouvi certo? Ele me chamou de filho? No começo ele nem queria que eu chegasse perto da filha dele, agora sou filho... que evolução da parte do meu sogro. ─ Tenho orgulho do homem com quem minha filha vai se casar, hoje você me mostrou ser diferente de mim e estou muito orgulhoso, filho.

─ Diferente? ─ A palavra sai da minha boca sem querer.

─ Mikaela não é minha primeira filha, Thomas. Tive um menino, o nome dele era Stevan... exatamente, Emanuel usou o nome do meu filho e do pai para criar uma identidade nova. ─ O cansaço transparece em sua voz, ele cobre a testa com as mãos e sorrir ironicamente, tentando achar graça numa situação que não há nada para rir. ─ Começo de carreira, tinha que administrar meus negócios e a revista do pai da minha mulher. A ambição sempre falou mais alto, publicava matéria sobre pessoas que poderiam acabar com a minha vida, muitas não fizeram nada, mas um dia, alguém fez. Stevan tinha sete anos, meu menino chegou em casa com um bilhete, um colega da sala o entregou, foi o que pensamos de princípio. ─ Respira fundo, engolindo o choro para continuar a dizer cada letra transportadora de lembranças desagradáveis.

─ Era uma ameaça: Vou derrubar seu império. Levamos a polícia e ele disseram que o mais provável que fosse alguma brincadeira de mal gosto. Acreditei nos policiais, mas contratei segurança, só que os homens não via nenhum perigo circulando meu filho, então os dispensei. Na semana seguinte, quando minha esposa foi buscá-lo, ela não o achou. ─ As lágrimas esparramam pelo rosto marcado pela idade.

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