Capítulo 46

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Fico impressionado como nas revistas e nos programas de televisão projetam os casamentos e a gravidez como tranquilos, fáceis de lidar

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Fico impressionado como nas revistas e nos programas de televisão projetam os casamentos e a gravidez como tranquilos, fáceis de lidar. Tudo ilusão. Devia mostrar a realidade, as alterações de humor, os desejos estranhos e fora de hora e claro, deviam dar dicas a como sobreviver a tudo isso.

A gravidez é um videogame, os primeiros meses a gente não sente, a mulher está normal, lógico que tem os enjoos, mas tirando isso, os homens estão de boa. Mas quando chega no quinto mês as coisas mundam, as alterações de humor ficam extremamente insuportáveis, você tem que controlar todos os seus sentidos para não enlouquecer ela ou para você não pirar e pular pela janela. No mês passado eu e Mikaela praticamente discutimos, porque de acordo com ela, eu estava "respirando alto demais", na semana passada ela chorou porque os biscoitos acabaram. Tem horas que ela chora, rir, briga e do nada começa a ficar resmungona, e eu estou surtando, e não posso nem falar nada porque é motivo dela lembrar que fui eu a gozar dentro dela.

Estou vivendo o oitavo mês, estamos chegando na reta final e vivendo os meses mais trabalhosos. Se estou preparado para ser pai? Não, nenhum pouco.

Todas as noites antes de dormir converso com Théo e agora os chutes dele são mais visíveis para eu ver, e meio que sinto arrepio de imaginar que em poucas semanas eu irei ver o rostinho dele e ao mesmo tempo tomar novas atitudes. Acordar de madrugada, alimentar, dar banho, é tanta coisa que só de pensar sinto meu coração pulsar de medo, nervoso e com certeza muita insegurança.

Mas vai dar tudo certo. Tem que dar tudo certo. Se estou sobrevivendo a bipolaridade da mãe dele, creio que posso enfrentar tudo.

Subo as escadas e ouço murmúrios.

Encontro Mikaela só de calcinha e sutiã parada em frente ao espelho, não reproduz um semblante bom, mexe da barriga e analisa o próprio corpo. Olho as horas e suponho que já deverias estar a caminho à casa dos meus sogros para o chá de fraldas que minha sogra preparou, mas creio que vamos chegar atrasados.

Mikaela repara em minha presença e se joga na cama.

─ Temos mesmo que ir?

─ A festa é dedicada a nós. ─ A lembro.

─ Eu não tenho nada para vestir. ─ Reclama. Vai até o espelho novamente e aponta para o corpo. ─ Eu estou parecendo uma bola. Não tem nenhuma roupa que fique boa em mim. O Théo aumentou meus peitos e chupou a minha bunda, e não posso nem dizer que nem sei a cor da minha calcinha, porque não consigo ver minha periquita, e claro, meus pés, esses aí eu deixei de vê-los há um mês. ─ Os olhos dela enchem de lágrimas. ─ Meus pés doem e não consigo usar salto, praticamente vou ao banheiro de vinte e vinte minutos e nem me fale do cansaço que estou sentindo. O que está acontecendo comigo, Thomas?

Tiro os cabelos que caem em sua testa e passo o dedão por sua bochecha secando as lágrimas.

─ Você está gravida, amor. E é uma grávida linda.

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