Capítulo 19

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Tapas e mais tapas que eu acabei de receber

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Tapas e mais tapas que eu acabei de receber. Levei socos e chutes tudo no mesmo momento, com a mesma intensidade. Eu concordo que Mikaela mereça ser feliz e eu quero fazer parte da felicidade dela e ver que meus amigos não acreditam que eu de certa maneira faço mal para Mikaela, é decepcionante. Eu sei, nosso relacionamento é uma bomba, Mikaela pronta para explodir, e eu pronto para desarma-la, sempre foi assim. Sobrevivemos muitas aventuras, temos muitas histórias para contar, eu a ajudei a lidar com a ansiedade, o começo de uma depressão devido ao ataque e ameaças que estava sofrendo, ela me ajudou a ser mais forte, a despertar um lado um pouco mais sentimental e carinhoso em mim, bom, ela moldou o meu coração. Antes dela, nunca consegui me abrir, falar dos meus problemas, sempre fui fechado e meus pais sempre diziam que isso me faria mal e sim, me fez bastante, tudo o que acontecia eu acumulava e Mikaela também é assim. Aquela doida não chora porque não quer parecer fraca, ela não entrega o coração de bandeja porque tem medo de alguém quebra-lo novamente, e eu, tenho os mesmos defeitos só que quando estou ao lado dela, me sinto diferente. Sinto que ela me faz ser diferente. Gosto de cuidar dela, mima-la, e quando estou transtornado, cheio, ela compreende meus sinais e me traz para seus braços, criando um clima acolhedor sem julgamentos, dando liberdade para que eu possa contar o que estou sentindo e ela possa da maneira mais fofa, dizer que tudo vai ficar bem, mesmo ambos sabendo que não é tudo o mar de rosas.

Todos que a olham acreditam verdadeiramente que ela é uma pedra sólida, por não chorar e por sempre manter um semblante sério quando está com desconhecidos, todos acreditam que ela é uma muralha. Mikaela não demostra sentimentos tão fáceis assim e exatamente por essa razão sinto que ela me ama, porque eu sou o único a vê-la chorar, sou o único que mesmo ela batalhando contra as lágrimas, a partir do momento que eu a toca, ela se derrama aos meus braços e amo isso. Amo amar essa mulher forte e ao mesmo tempo frágil, amo ser o homem que consegue deixa-la dessa maneira, eu a amo. Eu sei que nossa relação é complicada, mas amo esse nosso paradoxo louco.

[...]

N

ão dormir completamente nada. Passei a madrugada virando de um lado para o outro, dei uma passada no jardim que está lotado de rosas e de balanços com flores enfeitando a corda que o mantém firme numa enorme árvore, dei uma rápida olhada na lua e fiquei várias e várias horas encarando a tela do celular, observando o “online” de Mikaela me provocando.

Para erguer o corpo da cama é uma luta, ele está doendo e pesado, meus olhos a cada piscar cedem um pouco mais e sinto que em segundos, estarei desmaiando na cama, e não quero isso, não quero dormir, preciso procurar Mikaela, ainda tem que passar em casa para trocar de roupa e ir trabalhar, mas o colchão macio atormenta meu corpo e se eu fechar os olhos por uma fração de segundos posso até ouvi-lo me chamando, dizendo: Só mais cinco minutinhos. Venha, deite-se em mim, vai, eu sei que você quer.

Ouço a porta abrir grosseiramente, esfrego meus olhos e vejo a figura masculina de Nathan, segurando um notebook.

─ Tenho notícias para você. ─ Anuncia, parando em minha frente e virando a tela do eletrônico para mim.

Esfrego os olhos com mais força, afastando o sono e clareando minha visão. Pego o aparelho e leio a mensagem de e-mail.

Querida Rebeca, pela primeira vez na vida admito que esse pedido que você fez, foi tipo uma missão impossível. Não é brincadeira, você não faz ideia de como é procurar alguém somente pelo sobrenome e o pior, quando a pessoa não é conhecida, e essa é nossa questão.

Stevan Silva é um homem de família humilde, procurei em todas as partes e a ficha dele é tão limpa quanto a água. Não há fotos que o comprometam, muito pelo contrário, o homem se destaca em tudo, como melhor médico, aluno e até mesmos nos serviços comunitários que ele realiza em orfanatos e asilos. Encontrei suas redes sociais e dei algumas olhadas nos perfis de familiares e amigos e não há nada de negativo a se falar dele. Pelas fotos que ele posta posso lhe dizer que ele é apegado a família, gosta de ajudar o próximo e tem um amor enorme pela natureza. E esqueci de acrescentar, ele é solteiro e pelo que eu tenha pesquisado só namorou sério um só vezes e quase se casaram, mas terminaram, não descobri o motivo, mas acho que seja por causa de traição, ao menos é a única explicação para as fotos que eu vi da ex-namorada dele com o melhor amigo.

Espero que essas informações a tenha ajudado, amiga.

Fecho o notebook e fecho os olhos, não por ainda estar com sono, mas por minhas esperanças de afastar esse cara de Mikaela a base de chantagem acabou. Como uma pessoa na casa dos vinte anos pode ter uma ficha limpa? Alguma multa de trânsito, fotos tiradas nas noites de farras, qualquer bosta que faça com que uma pessoa sinta vergonha de si mesmo. Mas, claro, o cara não tem nada. É um santo, sem defeito.

─ O que vai fazer agora? ─ Nathan questiona, pegando o notebook.

Balanço a cabeça de modo negativo. Não posso responder nada, estou com as mãos presas e não há nada que posso fazer de imediato para tirar esse cara da vida de Mikaela, a não ser, conquista-la primeiro que ele.

─ Agradeça a Rebeca pela ajuda ─ Visto minha blusa, calço meus sapatos e ando pelo quarto em busca do meu celular e paletó. ─ e desculpa atrapalhar a noite de vocês de ontem, aposto que acabei com a brincadeirinha. ─ Nathan manda eu me ferrar e sai do quarto.

Jogo uma água no rosto para me manter alerta.

Desço para o primeiro andar, noto Nathan tomando café na sala de jantar e Rebeca ao telefone com um cliente, grito da porta um tchau e antes que suas vozes consigam alcançar meu ouvido, estou dentro do carro. Pego meu celular e ligo para minha mãe.

─ Oi, filho.

─ Mãe, liga para Mikaela e tenta descobrir se ela está no apartamento dela agora nesse exato momento, por favor.

─ Por que você mesmo não liga para ela? ─ Minha retruca, suspeitando que aprontei algo.

─ Porque ela não vai me atender.

─ Por que ela não vai te atender? Thomas Reis, o que você fez?

─ Mãe, você quer ver seu neto crescendo ao seu lado ou não? Não importa o que eu fiz ou deixei de fazer, agora o foco é consertar as coisas e nesse momento o meu futuro com Mikaela está em suas mãos, ou melhor, o futuro de você ter a nora que você sempre sonhou está totalmente nas suas mãos. Vou desligar, quando tiver a resposta, manda uma mensagem.

Desligo, antes de ouvir a última resposta da minha mãe.

Minhas mãos estão pressionadas contra o volante, meus pés estão se revezando entre o freio e embreagem, nesse terrível arranca e para do trânsito. Faz exatamente sete minutos que estou na mesma rua e o pior, não dá para cortar caminho porque Mikaela decidiu morar justamente num apartamento no centro da cidade. Minha cabeça dói a cada buzinar que ouço, ou a cada briga idiota que escuto entre os imbecis do meu lado.

A tela do meu celular acende.

Mãe: Mikaela está em casa pelo que ela disse não pretende sair, está se sentindo enjoado. Eu disse a ela que daria uma passada lá, então quando bater na porta do apartamento dela, não deixe que fique na frente do olho mágico e não fale nada, pois se ela saber que é você, não irá abrir a porta.

Eu: Obrigado, Mãe.

Mãe: Me agradeça resolvendo seus problemas com Mikaela. Lembre-se que suas diferenças não estão interferindo somente suas vidas, agora está envolvendo tanto a família Reis quanto a Ferrarini e o principal, o bebê. Por favor, meu filho tome as atitudes certas dessa vez, não quero ter que atravessar o mundo para abraçar meu neto.

Fico cabisbaixo porque não quero ver Mikaela partindo outra vez, não quero ter que me despedir, não suporto a ideia de sentir aquela dor de vê-la partindo e caso ela decida retornar a Madrid a dor será maior, não estarei perdendo a mulher que amo, estarei perdendo a chance de ser um pai presente na vida do meu filho.

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