Capítulo 65

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─ Como foi o casamento?

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─ Como foi o casamento?

─ Lindo. Tudo estava maravilhoso, Théo foi o centro das atenções entre os convidados. ─ Comento alegre.
Stevan solta um sorriso torto.

─ O Thomas estava lá?

─ Sim. Todos estavam, meus velhos amigos, meus pais e muitas outras pessoas. ─ Stevan ergue uma sobrancelha, parece meditar.

─ Pelo o que me conta seu pai ama muito o netinho.

─ Meu pai é um vovô bem babão. Théo o principezinho dele.

─ Isso é bom? Amar o neto tanto assim é um perigo, imagine caso aconteça algo que os separe, seu pai ficaria muito triste, talvez a sua perda e a do neto, o mataria. ─ Minha única atitude que consigo tomar, é piscar. Não sei que expressão meu rosto revela, mas sinto pavor do jeito amargo e psicótico que Stevan dirige-se a mim. Deveria estar com medo, correndo para fora do quarto, só que estou curiosa.

─ Perda em que sentido?

─ Caso você voltasse para Madrid com Théo. ─ Contorna o assunto, parando com seu olhar frio e trazendo um semblante caloroso.

Durantes estes dias que passei com Stevan, consegui reparar que sua personalidade muda ao se tratar do meu pai, ele fica mais sombrio, sério e curioso, tentando absorver cada detalhe que ecoar por meus lábios. Talvez tenha personalidade dupla, ou só esconde-se por trás de uma máscara. Thomas disse que não encostou nele, e acredito, mas a questão é, se não foi o Thomas quem foi e, porque Stevan confirma com juramento que o único culpado é o Thomas.

Batidas são dadas contra porta.

─ Com licença. Doutor Silva, o doutor Xavier não conseguiu encontrar a pasta do paciente Isaque.

Tudo para.

Minha respiração aumenta, meu corpo sucumbe a raiva, do medo ao pavor.
Stevan Silva, como não consegui lembrar desse nome? Claro, tudo faz sentido, quando meu pai queria me ver, os enfermeiros não deixaram, porque o Doutor Silva restringiu visitas a mim, no caderno de Júlia estava escrito o nome dele um dia antes do meu parto, e o mais engraçado, Stevan estava lá, na hora exata em que minha bolsa estourou.

A vingança ainda não acabou, ela apenas mudou de endereço.

A história se repete.

Pego meu celular e finjo receber uma ligação, quando afasto meu celular da orelha invento uma mentira que Lupita precisa de mim, despeço-me de Stevan com um beijo e corro, afastando-me da falsidade em pessoa.

Respiro fundo recuperando minha estabilidade.

Não.

Não.

Isso não pode estar acontecendo, de novo.

Procuro o contato de Sebastian.

─ Alô?

─ Está acontecendo de novo. ─ Digo, e o telefone fica mudo. ─ Preciso que me fale onde o Stevan foi agredido.

─ Não sei o local, mas não fica distante ao hospital. Pelo que eu o ouvi foi entre um restaurante e um bar.

─ Sebastian, procure tudo sobre o Stevan Silva, acredito que ele faz parte do nosso passado, só que agora, ele apenas mudou de identidade.

─ Silva?

─ Sim. O passado volto para me assombrar e agora tenho que mata-lo mais uma vez.

As portas metálicas abrem. Os meus sapatos de saltam batem com mais força contra o chão e acredite, estou pensando em sapatear no pescoço de Stevan a cada passo que dou. Encontro o local que Sebastian, encaro o ambiente ao meu redor a procura de qualquer prova que desmascare aquele inútil. No bar há uma câmera mirada para o passeio que expressa alguns pingos de sangue seco.

Entro no estabelecimento e os homens que estão, me lançam olhares furtivos.

─ De quem é o bar? ─ Pergunto em alto bom som.

Um jovem de seus vinte anos ergue a mão. Caminho na direção do balcão, um pedaço de madeira nos divide e isso é irônico, já que mesmo centímetros de distância consigo notar as mãos do menino tremendo.

─ Preciso das filmagens da sua câmera de segurança.

A sobrancelha dele ergue e o peito libera o ar que prendia.

─ Não posso te dar.

Pego minha carteira e mostro quinhentos reais, um olhar sugestivo é lançado para os papéis coloridos em minha mão.

─ Ainda não posso de dar.

─ Setecentos é a última oferta e se você me negar, juro que retorno aqui com meu amigo policial que vai pegar essa gravação e você não vai sentir a texturas destas notas.

O rapaz parece pensar. Estica a mão e entrego somente quatrocentos.

─ Não era setecentos?

─ Você me fez perder muito tempo.

Revira os olhos e faz sinal para segui-lo. Entramos num pequeno local com um computador, vejo o menino transferir as imagens da câmera para um pen-drive. Me entrega o objeto e me afasto o mais rápido possível do ambiente fedorento e mal iluminado.

Liguei o som do carro numa altura que mal conseguia ouvir meus pensamentos, pois me enlouqueciam, perturbavam-me com imagens do passado, condenavam-me com imagens que talvez venha ser meu futuro, e o pior, maquinava os jeitos mais perversos de derramar sangue.

Abro a porta do apartamento com violência, meu semblante deve estar um horror e sinto que estou pavorosa, não sou uma mulher forte, corajosa e valente, sou uma mulher com passado traumático que retornou, e agora, tenho medo que os planos mal-executados se transforme a evolução do massacre das pessoas mais amadas por meu pai.

Thomas para de brincar com Théo, os olhos aflitos me lançam curiosidade, só que não consigo falar, não consigo contar, eu simplesmente não posso explicar. Vejo o notebook dele em cima do sofá, tiro o pen-drive da bolsa e o conecto no eletrônico.

─ Amor, o que aconteceu? ─ Thomas senta ao meu lado, pegando minha mão que treme.

Não o respondo.

Abro o arquivo e acelero a gravação até que... encontro. Thomas segurando Stevan pelo pescoço, o homem que leva socos e socos esbanjando deboche, não é possível ouvir, só que não se trata do Thomas batendo no Stevan, o importante é o que vem depois.

A primeira lágrima escorre por meus olhos. A prova que o pesadelo começou está perante meus olhos. Assim que Thomas o larga, Stevan permanece deitado por alguns minutos até, que começa a se bater, o homem bate seu corpo contra o porte de luz várias e várias vezes, ele se bate, soca seu rosto, ele foi capaz de arremessar seu rosto contra a parede, é horrível de se ver.

Não consigo respirar. O ar não passa por meus pulmões, meu coração ameaça parar de bombear, e minha cabeça aparecem flash e flash de tudo o que eu vivi, aparece as ameaças que recebi, minha temperatura cai.
Não estou bem.

Thomas deixa Théo no bebê conforto e me abraça, envolvendo em seus braços e dizendo para respirar, dizendo que vai ficar tudo, só que eu não sei se vai ficar tudo bem. Eu não superei, eu não lidei com o meu trauma, eu fugi dele, eu não consigo encarar, eu não posso voltar a tomar coquetéis de remédio para conseguir sair da cama, eu não quero viver tudo de novo, eu não quero meu filho vivendo o que vivi.

─ Eu estou com medo, Thomas. ─ Derramo-me em seus braços como na adolescência.

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