Capítulo 25

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Sem celular, sem dinheiro, somente com as chaves do carro no bolso e a cabeça lotada de perguntas aparentemente sem nenhuma resposta para elas

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Sem celular, sem dinheiro, somente com as chaves do carro no bolso e a cabeça lotada de perguntas aparentemente sem nenhuma resposta para elas.

O sol é meu companheiro nesta manhã, as ondas curiosas que tentam encontrar o motivo dos meus lábios sem cor, da pele sem maquiagem e dos cabelos presos num coque alto sem nenhuma delicadeza, o vento é outro fofoqueiro agressivo que bate em minha pele, bagunça meus cabelos e insiste em saber a razão por meus pensamentos dispersos, e a areia, ela é uma amiga que infiltra em meus dedos descobertos a procura de acalentar meu corpo, mostrando estar aqui, caso eu queira desabafar ou deixar que minhas lágrimas a reguem.

Respirar, piscar e visualizar a paisagem que cercar meu pequeno mundinho sem cor, são as únicas ações que posso tomar.

A praia está vazia, são sete horas e sei que deveria estar debaixo das cobertas, dormindo e procurando me manter aquecida tanto eu como meu bebezinho, mas não consigo. Posso supor que minha desinquietação é causada pelo fuso horário, aliás são quatro horas de diferença, uma hora dessa eu estaria supervisionando os modelos do desfile, analisando até os mínimos detalhes em busca de qualquer imperfeição, que pudesse causar um desastre no meu grande dia, provavelmente depois iria para meu ateliê e começaria a pensar nos próximos modelitos para serem vendidos nas minhas boutiques, eu estaria a todo vapor, mas não. Eu estou aqui, sentada na praia porque não consigo pregar os olhos, pois a cada piscar surge uma pergunta que não quero responder.

Porque a cada parar de prestar atenção nas ações que acontece ao meu redor, os meus pensamentos iniciam com os questionamentos dos próximos passos e esse é o problema, não sei qual é o próximo passo. Thomas estragou, confundiu minha mente, ele acabou com meus planos.

Não era para ele terminar o noivado, ele não tinha o direito de aparecer no meu apartamento e muito menos ficar, interagir com o bebê daquela maneira. O Thomas não tem a liberdade de chegar e mudar meus planos dessa maneira. Ele mudou TUDO. Na verdade, durante essas duas semanas tudo mudou, não posso mais pensar em mim, agora tenho um filho, e o pior, não posso pensar em só nós dois, porque meus pais, os pais do Thomas e o Thomas estão se afogando em mim, depositando expectativas em cima de expectativas em minha permanência no Brasil, em que eu fique e construa uma família com Thomas, porém, isso é tão injusto. Construir um legado na Espanha, meu próprio Legado, sem a ajuda nos meus pais, foi eu sozinha. Sozinha. Quanto choro eu já engolir, humilhação, noites de sono eu perdi passando costurando, teve dias que eu não conseguia sentir meus dedos de tantas vezes que havia os furados, costurando e manejando os tecidos mais finos e mais frágeis, somente eu e Pietro sabemos o quanto sofremos para estruturar meu nome e agora, só porque estou grávida eles acreditam que eu deva deixar de trabalhar, focar no bebê e o melhor, focar em alguém para me ajudar a cuidar dele, no caso, Thomas. Eles querem que eu desista.

Entre todas as pessoas do planeta, a pessoa que eu mais acreditei que me apoiaria a ser mãe solteira seria meu pai, no entanto, as coisas mudaram ontem à noite. Uma mensagem, meu pai usou uma mensagem porque sabia que não ia conseguir olhar na minha cara para dizer que não quer meu nome envolvido em nenhum escândalo que possa comprometer nosso sobrenome. Se eu me concentrar, consigo até lembrar das exatas palavras.

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