Chapter 234 Dois pais postiços pensam melhor do que um

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Arco 5 Capítulo 234 Dois pais postiços pensam melhor do que um

Ao terminar de relatar o ocorrido para Ling Wen, fez o caminho até o Palácio Nan Yang.

Mu Qing ainda estava pensando em Feng Xin brigando por segundos consigo mesmo, se alternando em contradições, possivelmente xingando a si mesmo em pensamento, horas mais cedo.

Até que ele franziu todo rosto numa atitude de desdenho próprio e estalando a língua no céu da boca, estendeu o braço e sua palma aberta na direção de Jun Wu.

Mu Qing arrepiou inteiro feito um gato diante do gesto e ao se recordar, bem que sentia arrepios estranhos mais uma vez.
Enquanto Jun Wu, que olhou vagamente para o General do Sudeste, sua voz cava e um pouco perplexa:

“General Nan Yang...?”

“Anda logo! — Feng Xin rosnou olhando algo irritado e sem jeito. — Como vai se curar sem mana algum? Vou passar algum para você!”

Mu Qing apertou um lábio pálido no outro, em breve repúdio ao se lembrar das mãos de Jun Wu e Feng Xin se tocando levemente durante a troca de poder, ele nunca imaginou presenciar algo dessa natureza.

Assim que entrou no palácio, suas vestes foram como magicamente trocadas num passar de portas, deixando a armadura de lado para trajar os costumes de um deus civil, mas logo que pisou no salão principal, não viu nem sinal de Feng Xin, do garoto ou do gato preto pulguento.

Seu nariz se franziu de leve ao presenciar a bagunça, sabia que Feng Xin não conseguia ser muito organizado, mas desde que tinha se tornado tutor do menino que era filho do Sacerdote de Zhen Yan, a bagunça nunca esteve tão crítica!

Ele foi até a mesinha baixa de cristal e mirou-se numa desordem de folhas desenhadas, a que estava por cima logo chamou sua atenção.

Era um desenho feito por Huan Fang, usando pincel e nanquim, em que ele tinha retratado os dois Generais do Sul com suas armas em punho: Feng Xin com seu arco e o próprio Mu Qing com seu sabre.

Era estranho, praticamente grotesco pensar que, naquele Reino Celeste, os dois eram as pessoas mais próximas de uma criança... Naquela folha de papel de arroz, a figura dos dois desenhada era como a representação do pequeno mundo em que o menino vivia naquele instante.

Isso não lhe parecia muito certo, afinal.

Até que Mu Qing ouviu um xingamento vindo de outro aposento e ele se apressou, apertou o passo, levando sem mesmo notar aquele desenho entre os dedos.

Sem saber o que pensar quando no corredor, encontrou Feng Xin com uma rajada de poder luminescente apontada para a porta fechada!

“Esse idiota pretende mesmo estourar em pedaços a porta do quarto do menino?!” — Mu Qing agarrou Feng Xin pelo ombro e seus olhares colidiram, nas sobrancelhas franzidas havia muito mais que firmeza e decisão habitual de Feng Xin, em sua tez cor de trigo, também pairava um sentimento aturdido, uma dúvida terrível que fez Mu Qing desistir de meter-lhe um soco.

— Que porra é essa de ideia?... Pessoas civilizadas batem na porta, seu lesado! O que aconteceu?

Feng Xin tinha a pele do rosto tensionada feito seu arco, ele fechou o punho e aquela luminescência recuou para dentro de si, as veias de sua mão sobressaltadas na pele.

— Uma foda! — Ele refutou entre dentes. — Huan Fang se fechou no quarto depois de discutirmos! Tentei pedir para ele abrir, mas ele sequer me respondeu!

— Mas, você!... Como deixa a chave por dentro?!

— E quem disse que eu deixei, imbecil? Acho que ele empurrou algo contra a porta, talvez o baú, não sei que diabos esse garoto aprontou!

Somente então Mu Qing percebeu que apertava o desenho entre os dedos da outra mão, ele olhou para a folha e o desenho em nanquim meio amassado, seriamente pensativo.

— Mas, o que houve? Por que vocês discutiram? Isso é mesmo possível? Não tem nem dois incensos que voltamos ao Reino Celeste!

Feng Xin pressionou com o indicador o ponto entre seus olhos, acima do nariz, suspirando pesadamente, tentando se acalmar.

Em seguida, puxando Mu Qing pelo braço, os dois se afastaram um bocado da porta do quarto.

— Acontece que eu fui até o palácio do Lang Qian Qiu e adivinha... Os dois meninos estavam de castigo. — Feng Xin contou ao cruzar os braços, ainda enfezado. — Parece que... Huan Fang e Gu Zi foram surpreendidos... aos beijos.

A pele de Mu Qing embranqueceu ainda mais, feito papel diante do dito.

— Aos... ? Como assim? Que merda sem sentido! Você quer dizer...

— É isso, você entendeu. Como dois malditos adultos se beijam, naturalmente que Sua Alteza Tai Hua surtou... Ele não sabe que Huan Fang sofreu abuso por parte do irmão, ele proibiu os dois meninos de brincarem juntos.

— Esse foi o motivo da discussão? — Mu Qing tinha uma expressão certamente algo escura em seu rosto. — Vai me dizer que você também colocou o fedelho de castigo? Feng Xin!

— E por acaso tive tempo? Claro que não, idiota... Mas, o pior nem é isso... Huan Fang continua tendo pensamentos estranhos, pensei que ele estivesse mais calmo sobre isso... Mas, ele acha que por gostar de outro menino um pouco mais velho, pode fazer coisas de adulto com ele.

O quanto era complicado e desconfortável falar sobre esse assunto, até Mu Qing que já sabia dos detalhes após a conversa reveladora de Jun Wu com Feng Xin, sentia um misto de sensações que ondulavam com fúria dentro de si.

— Você já não tinha dito para o menino que fazer isso era errado? Esse verme do Jiahao! O quanto ele bagunçou a cabeça do menino... Isso me deixa puto de um jeito!

Mas, diante da pergunta “já não tinha dito para o menino que isso era errado?”, Feng Xin coçou desajeitado e sem jeito a própria nuca.

— Espera... — Mu Qing estreitou o olhar. —Você não orientou o menino sobre isso? Idiota de merda!

— Dá um tempo, Mu Qing! — Feng Xin disparou. — Como eu vou falar de sexo com uma criança de dez anos? É uma situação fodida além da conta! Eu estou tratando Huan Fang como o menino que ele é... Quando ele não está treinando, ele brinca com o gato, desenha e gosta de brincar de se esconder nos aposentos do palácio... Como eu podia imaginar que ele continua tendo desejos impróprios?

— “Dá um tempo” digo eu! Ia mesmo explodir a porta dele, gênio? Está mais que na cara que você está menos pronto para essa conversa do que ele!

Feng Xin empurrou irritadíssimo Mu Qing pelo ombro, fuzilou-o com seu olhar, raios nitidamente fluindo da íris.

— Uma merda que não! O que você faria no meu lugar? Eu não posso deixar o menino sozinho! E se ele fizer alguma bobagem?

Mu Qing cruzou também os braços sobre o peito numa atitude incisiva, largando um olhar de soslaio:

— Vai me dizer que o General Nan Yang vai se rebaixar a chamar o ex-Divino Imperador para resolver o problema?

— Uma ova que não! Ele já tem as próprias questões para resolver... Eu esperava que você me ajudasse. Huan Fang... Sei que ele gosta de você, de certo modo.

Mu Qing revirou o olhar... “De certo modo? Boa merda.”

— Vou tentar... Mas, eu não prometo nada.

Foi o que o General do sudoeste disse por fim, num tom de aparente má vontade.

Foi o que o General do sudoeste disse por fim, num tom de aparente má vontade

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Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora