Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2

Chapter 336 No templo da colina em Xia Po, um incenso para Shen Zishui

Capítulo 336 No templo da colina em Xia Po, um incenso para Shen Zishui

Tinha trabalhado alguns dias em Fengdie na forja de espadas de seitas locais, na aldeia maior ao sopé da montanha, então a aldeia Xia Po meramente lhe serviu de passagem, ao passar pelas trilhas montado em Tian Shu.

Contudo, nesse doze de maio em questão, Jun Wu desceu sozinho a tapera onde morava, cumprimentou alguns monges que cuidavam de suas pequenas plantações e desceu o caminho de pedras até Xia Po, ele não tinha marcado nenhum trabalho na região nesse dia e foi direto na direção do lugar onde o templo para o deus da Água Púrpura estava sendo construído.

Assim que avistou a construção sobre a colina, ele parou.

Não estava tão perto, mas estava surpreso por já estar praticamente terminado.

Jun Wu segurou a aba do chapéu puído de palha em sua cabeça, porque o vento tinha soprado mais forte e tinha os olhos fixos na paisagem que envolvia o templo, quando sentiu uma cutucada em seu ombro.

— Aiya, Daozhang Jun! — O sujeito soprou antes de Jun Wu se virar. — Andava sumido, hoje não veio com seu filho?

Era a voz de Kuen Gan, soube antes de se virar, era verdade que não se viam a cerca de dez dias.

Jun Wu o fitou e percebeu que ele tinha acabado de sair da casa de chá.

— Andei trabalhando em Fengdie na semana passada e Tang Shi não veio, porque queria dar um banho no meu cavalo... Kuen-shi, você já foi àquele templo na colina?

Kuen Gan lançou um olhar furtivo ao templo, movendo o pescoço como se fizesse um movimento de alongar preguiçoso, um estalo ressoou de seus ossos nesse movimento quase ocioso.

— Eu fui espiar antes de terminarem, ouvi dizer que um dos homens mais influentes da aldeia foi quem mandou construir, parece que ele recebeu uma bênção do deus da Água Púrpura quando estava em viagem e ficou tão agradecido... Que construiu para este deus três templos no caminho até Xia Po, dizem que esse era o terceiro templo que faltava.

Isso não era incomum acontecer, Jun Wu sabia. Fiéis com muitas posses ou membros da nobreza mandavam construir um templo ou enviavam oferendas generosas até mesmo em ouro ou pedras preciosas, em retribuição ao deus que havia realizado a prece.

No entanto, este homem construiu três templos e o último foi erguido em menos de quinze dias!

E Kuen Gan, por sua vez, conhecia toda a gente em Xia Po e sendo alguém sorridente e cheio de simpatia, sempre ouvindo todo tipo de coisa, descobria sem muito esforço tudo que acontecia naquela montanha em Sichuan.

O Daozhang e o aldeão saíram caminhando casualmente lado a lado, o tom de Jun Wu também soou informal, quase vago e indiferente:

— Kuen-shi acaso sabe que benção foi concedida?

— Daozhang nunca ouvir falar do senhor do monopólio do chá em Xia Po? Pois bem, tem uns três anos ele herdou o império do pai, mas andou um boato por aí... Que a esposa dela, uma beleza que ele conheceu no sul, teve muitas complicações para levar uma gravidez adiante... Uma parteira local, disse que era certo que ela poderia morrer durante ou depois do parto, era irreversível.

Jun Wu nem tinha ouvido o resto da história, mas imaginou que se o homem tinha pedido ao deus para salvar a esposa do destino inevitável, como Huan Shui poderia deixar que essa criança viesse ao mundo sem ter a mãe? O deus da Água Púrpura entendia tão bem como era vivenciar essa dor.

— Penso que a bênção concedida foi a vida da beleza do sul preservada. — O Daozhang soprou, sem tirar os olhos do templo que estava cada vez mais próximo. — Acertei, Kuen-shi?