Chapter Arco 5 Capítulo 247 Confissões de uma máscara juvenil

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Arco 5 Capítulo 247 Confissões de uma máscara juvenil

Vinte e cinco de novembro
Palácio Nan Yang

Quando a porta tornou a abrir, Mu Qing encarou diretamente Feng Xin que olhou por cima de seu ombro. As sobrancelhas franzidas pareciam conversar breve e silenciosamente com os olhos escuros e estreitos do deus à porta, quase como se nunca deixassem de se sentir enfezados com tudo à sua volta, ou mesmo um com o outro.

Huan Fang alternou o olhar entre os dois, seus dedos transpiraram mais intensamente de posse do arco, porque não era a primeira vez que faziam isso, como se conversassem no silêncio de suas mentes, usando em segredo a matriz.

Os adultos mais uma vez estavam conspirando contra ele?

Ele confirmou sua teoria, quando Feng Xin tocou seu ombro e disse “fique aqui, eu já volto”, observou seu mentor saindo com Mu Qing e logo em seguida Jun Wu passando pela porta, junto com Baobei, tentando meter as garras retráteis na barra do cardigan púrpura enquanto seguia seu dono.

Huan Fang suspirou insatisfeito, espiando sua aljava pendurada no ombro, sem que restasse uma única flecha em seu interior.
Do que valia ter um arco vazio na mão?

Então, o menino apenas negou qualquer sorriso para o Daozhang que veio em sua direção.

— Baobei... — Huan Fang resmungou. — Não devia ficar contente, seu traidor de quatro patas.

Jun Wu olhou para trás, para o pequeno felino negro se deitando no chão para brincar com a barra de suas vestes e em seguida, mirou-se em Huan Fang.

— Por que está bravo com Baobei? Eu soube que quem andou se comportando mal, foi justamente você, por isso foi proibido de brincar com Gu Zi. Estou errado, Huan Fang?

O garoto prendeu o arco que segurava entre as pernas e ajeitou seu cabelo ondulado que tinha umas mechas soltas fora de seu rabo de cavalo.

— Eu me comportava mal mesmo antes de conhecer o Daozhang... — Huan Fang retrucou, tornando a prender o cabelo, mesmo assim, uma mecha escapou caindo encaracolada ao lado de sua face. — Os outros apenas ignoravam ou pensavam que eu era inocente... Eu finjo bem ser inocente, não finjo?

Era impossível manter sorrisos diante daquela conversa, quando Fang estava afirmando que esse tempo todo usava uma máscara de bom menino.

— Huan Fang... — Jun Wu replicou, a voz grave e baixa. — Eu não acredito que esse tempo todo, fingiu ter sua parcela de inocência. Uma criança não deixa de sê-lo, ainda que sofra o tipo de abuso que você sofreu com Jiahao.

O menino meio que bufou, deixando para lá a mecha que tinha ficado solta, segurando o arco por cima.

— Não... — Ele meneou rapidamente com a cabeça. — O Daozhang não entende mesmo? Eu tinha um segredo com Jiahao, como continuaria sendo um segredo se eu agisse do modo que eu desejava? Eu não quero mais ter que fingir que sou um garoto bom.

Jun Wu respirou fundo, Fang realmente parecia um tanto diferente... Mas, como ele parecia ter crescido e mudado em apenas dois dias que não o via? Ele não conseguia crer, que o Huan Fang de antes se tratava de um embuste.

— Quem quer que você pense assim? Jiahao lhe disse isso, imagino. Quando Huan Fang me contou sobre seu irmão do meio entrar em seu quarto, você mesmo me disse que não queria se tornar um demônio como ele e a mim soou bem sincera estas palavras.

Huan Fang se virou de costas, girando o arco que tinha a outra extremidade no chão, num gesto evasivo.

— Claro que eu não queria... Por mais que eu mantivesse o segredo com Jiahao, eu queria ser um herói gentil como o Shui Ge. — O garoto disse vagamente, com algum resquício de frustração. — Mas, tentar ser bom e fazer a coisa certa é tão cansativo... E eu acho mesmo que o Shui Ge morreu, Daozhang Jun.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora