Chapter 267 A desvirtude nomeia o culpado da intemperança

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Prólogo
É como uma segunda chance para se apaixonar

Vinte e sete de novembro – Princípio de madrugada
Templo Jianwang

Tal qual a noite estivesse em pausa, o tempo parado de correr a se contemplarem... Um pequeno instante de imobilidade dócil e confusa.

Jun Wu esquadrinhou as feições do rapaz, quase esquecendo a relevância das palavras, porque era tão bonito ver as luzes das lanternas refletindo na pele clara, nos olhos castanhos de mel, no cabelo que ganhava uma tonalidade alaranjada.

Por um momento, Jun Wu quis apagar Bai Wu Xiang de sua mente, bani-lo daquela conversa, principalmente quando seu olhar passeou até os lábios... Em sua mente apenas pairou o prenúncio do beijo, a saudade iminente da maciez dos lábios.

Huan Shui sentiu por segundos que tinha a mente em branco, embora ele não estivesse totalmente confortável naquele clima, era verdade que estava esgotado, seus pensamentos um pouco entorpecidos.

Estremecendo de leve ao sentir os dedos frios de Jun Wu tocarem levemente sua nuca, por baixo de seu cabelo.

Talvez, não soubesse como reagir, porque aquela mão grande e sem calor, remetia ao toque de Lao Shi... Sensação que durou pouco.

Porque uma borboleta saiu voando dentre os fios negros do cabelo de Jun Wu e alçou um voo despretensioso entre seus rostos, entre seus lábios interrompidos de se tocarem.

A luminosidade translúcida fez o menor clima se desfazer, seus rostos se distanciando sutilmente e o olhar de Shui seguiu o inseto fantasma, ao passo que a mão de Jun Wu se desfez daquele toque precioso.

Sua atenção inteiramente na borboleta que pousou em sua manga, Huan Shui examinou atentamente as nervuras brancas, o formato charmoso das asas, a delicadeza que a luminescência dela emana.

— Hua Cheng deixou uma das borboletas dele com você?... Ela é linda.

Jun Wu ouviu o comentário suave, era bom que Huan Shui já não parecesse tão tenso, mas ele não tinha esquecido que o beijo não tinha acontecido justo pela interferência dela.

— Chuva de Sangue a deserdou... Ele não a quer mais, então parece que ela é minha agora.

— Eu acho que nunca tinha visto uma tão de perto... — Huan Shui comentou vagamente, vendo ela tornar a esvoaçar entre ele e Jun Wu.

— Por que Huan Shui não dorme com ela? Parece que ela gostou de você... Tanto quanto gostou dela.

O jovem deus lançou um olhar pensativo para Jun Wu, um pouco mais retraído:

— Mas... Não terminamos de conversar, Daozhang.

— É tarde e faz bastante frio... A conversa pode esperar, pergunte o que desejar amanhã.

Era nítido que a sugestão de Jun Wu não era totalmente verdadeira, embora fosse coerente. No fundo, ele hesitou em soltar a rede e se distanciar, em primeiro porque não queria sair de perto de Huan Shui e segundo, ele também tinha muito a perguntar, incontáveis questões para entender.

Mesmo assim, o Daozhang trocou olhares breves com o rapaz que ainda segurava na beira da rede e se afastou.

Huan Shui observou Jun Wu voltar para a esteira forrada, para a posição de antes abraçado à espada de jade negro, ouvindo ele dizer “durma bem” quase num sussurro enquanto colocava o chapéu inclinado na cabeça, cobrindo seus olhos e parte do rosto.

Não restou outra alternativa, a não ser acomodar seu corpo de lado, ainda tenso na rede, por um tempo, Huan Shui mirou-se na borboleta pousada em sua mão.
Sua mente exaurida desligou-se de tudo, antes mesmo que seus olhos cedessem ao sono.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora