Chapter 226 Sem vontades e objetivos, os tenebrosos vazios permanecem sem nome

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Arco 5 Capítulo 226 Sem vontades e objetivos, os tenebrosos vazios permanecem sem nome 2

O junco atracou na parte mais rasa da praia Ming Yue¹, a poucos metros do beiral, no limiar entre o mar e a areia dourada.

Embora tivesse planejado ancorar o barco nas docas apenas ao anoitecer, Bai Wu Xiang tomou essa resolução silenciosamente e não se arrependeu, ao se dar conta que Huan Shui parecia menos angustiado e inquieto pisando em terra firme, testando distraidamente a textura da areia fina entre os dedos dos pés.

Havia uma diferença significativa contemplar o mar do barco e contemplar da praia, ver o mar e o céu do convés do junco tinha sido impactante, mas estar cercado pela imensidão do oceano enchia Huan Shui de uma angústia maior.

Cercado pelo mar, encurralado dentro de uma embarcação, sentia-se tão frágil e insignificante.

Enquanto que vislumbrar o mar vindo de encontro à praia, era bucólico, uma sensação de “estar seguro” se aconchegava em seu coração. A areia era macia sob seus pés e até a brisa parecia menos gelada e mais amiga e gentil.

Bai Wu Xiang analisou rapidamente o entorno, eram quase sete da manhã, a maioria dos pescadores que saíam de madrugada já haviam voltado, de modo que havia um movimento ínfimo em terra, quase nenhuma outra embarcação à vista e quando seu olhar voltou para Huan Shui, o percebeu mais intensamente do qualquer elemento da paisagem, erguendo distraído a barra do hanfu molhada enquanto sentia as ondas baterem de encontro ao seus pés.

Até que o rapaz se agachou porque algo entre a areia e as ondas lhe chamaram atenção.
Huan Shui afastou um pouco da areia molhada e seus dedos puxaram uma concha.

Ela tinha um formato oval curioso, branca e bege, circundada por espirais que se fechavam em seu topo mais côncavo, já não havendo nenhum molusco em seu interior.

Foi logo depois disso que se lembrou que não estava sozinho, ele estava segurando a bonita concha em sua palma quando se virou um pouco, tirando o cabelo que o vento soprava em seu rosto e fitando Bai Wu Xiang, que tinha um sorriso contido na face que tinha sido de Lao Shi.

— Precisamos conversar. — Shui disse baixo, sentindo o formato da concha entre os dedos.

Esse foi ensejo para saírem caminhando juntos pela orla, nem bem Bai Wu Xiang concordou num aceno de cabeça e uma troca de olhares.

Shui ainda estava pensando na pergunta de Bai Wu Xiang... “O que você quer?”

Ele considerou por um momento que nunca tinham lhe feito essa pergunta, mas algo dentro de si dizia o contrário, embora não entendesse porque.

— Eu nunca sei bem como devo chamá-lo, para início de conversa... Porque, às vezes, o chamo de Bai Wu Xiang, mas sinto que estou falando com o Duque Lao Shi, então vou me referir a você como qianbei²... Tudo bem?

Bai Wu Xiang que caminhava com as mãos atrás de si, assentiu prendendo o riso, o tom suave e educado da conversa iniciada por Huan Shui era encantador e quebrava generoso a tensão acumulada anterior, quando estavam no convés do junco.

— De acordo. O que exatamente quer conversar?

— Teve uma razão para atracar o junco antes do anoitecer, ir contra seus planos... Eu acho que talvez deva desculpas, mas se for o caso... Este qianbei também me deve. Eu não ignoro que passou esse tempo me procurando, esperando que eu renascesse, nem que ficou me esperando acordar por três anos, tão pouco não esqueço do que sofreu e fez você se tornar o demônio que é...

Huan Shui fez uma pausa nas palavras para respirar fundo, aspirando os aromas da praia, um peso ainda pairava em seus ombros, tentando com cada palavra desafogar seu peito oprimido.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora