Chapter 295 Um lugar louco e infernal para início de conversa: toca do Jogador

56 8 82
                                    

Arco 5 Capítulo 295 Um lugar louco e infernal para início de conversa: A toca do Jogador

Primeiro, antes de tudo, Huan Shui pensou no pedaço de conversa que havia tido mais cedo com o Daozhang.

“— Algo errado, Daozhang?... Alguma notícia ruim?
Jun Wu suspirou contrafeito, tocando o rosto em desagrado fulminante, respondendo entre dentes, ainda que sem querer:
— Não se eu puder vendar seus olhos mais tarde.”

Sem ter ouvido a parte da conversa que envolvia Hua Cheng, não compreendeu em que missão tão desagradável Jun Wu estava envolvido.

Então, o que ele queria dizer com “vendar seus olhos mais tarde”?

A ideia quase soava como uma espécie de proposta indecente, sem ter certeza do que se tratava, de uma forma desconcertante a ideia tornava-se secretamente sedutora.

Huan Shui evitou olhar diretamente para o Daozhang quando sentiu sua face aquecer.

No entanto, na Mansão Paraíso, esses pensamentos confusos ficaram para trás.

Seu coração e sua mente se preencheu de preocupação, quando não deveria mais se envolver.

Como ele poderia proteger seu irmão menor da influência de Jiahao que tinha sido libertado de seu cativeiro num plano ardiloso orquestrado por um inimigo desconhecido?

A bem dizer, tinha sido jogado nesse passado, tendo fracassado de tantos modos, sendo rejeitado por seu pai ao reencontrá-lo, sua alma enfeitiçada apenas se assemelhava a um fantasma sendo assombrado pela realidade que não conseguia controlar.

E subitamente, Huan Shui se viu tragado para a Toca do Jogador.

Não, ele não conhecia bem o Reino Fantasma, já tinha ido parar numa área de cemitérios ao tentar conjurar uma matriz de encurtamento para Zhen Yan, também conhecia o templo QianDeng e somente um ou dois cômodos da Mansão Paraíso que parecia guardar muitos segredos.

Mas, a Toca do Jogador estava acima de qualquer expectativa que pudesse ter!

Nunca em sua vida tinha ido a uma casa de jogatina, tão pouco o Distrito Vermelho, menos ainda estabelecimentos de terceira classe e clientela duvidosa, seu cultivo não permitia esse tipo de distração pecaminosa.

Havia uma multidão de apostadores: fantasmas, demônios, humanos comuns, cultivadores...

A atmosfera, um misto de sensualidade empírica, desordem atrativa e loucura insultuosa, quando as apostas ainda estavam por começar.

Quando se separou de Jun Wu e Hua Cheng, imaginou que os dois faziam parte da mecânica de funcionamento daquele lugar e se estava um pouco menos inquieto, era por Huan Shui estar ao lado de Xie Lian, misturados aos frequentadores.

Os dois ainda passavam entre os apostadores e o jovem deus mantinha seu pensamento em Jiahao, mesmo que aquele não fosse o melhor lugar para conversar.

— Não precisa ficar apreensivo, Huan Shui... — Xie Lian sorriu, puxando-o gentilmente pelo braço. — Não é tão mal quanto pode parecer, também estranhei na primeira vez que vim aqui em missão.

O rapaz sorriu timidamente de volta, se espremendo entre um ou outro junto de seu erhu, o alforge pendurado ao lado de seu corpo.

— Desculpe tocar de novo nesse assunto... Mas, Xie Lian disse que viu quem causou o tumulto no Santuário Puji e Hua Cheng afirmou que o hospedeiro de Jiahao tem cabelos vermelhos. Esse é um traço marcante e incomum... Me pergunto se conseguiu ver a cor do cabelo do homem que deixou a máscara de madeira cair.

Xie Lian mirou-se em Huan Shui como se sua expressão pronunciasse “eu entendo...”, afinal não houve mais tempo para confabulações sobre esse incidente quando Hua Cheng pediu que se encontrassem na Toca do Jogador.

— Como eu disse, foi algo muito rápido... O homem tinha um rosto vulgar, com nada de especial que pudesse chamar minha atenção, apenas lembro dele como alguém trazendo frutas ou acendendo um incenso para o santuário.

— Compreendo... — Huan Shui assentiu, distraindo-se um pouco do movimento no entorno. — Mas, se ele trouxe oferendas, também não deixou nenhuma prece? Quem vai a um santuário, sempre tem interesse em alguma benção.

Não era como se houvesse mais fiéis do que pudesse contar, a fama do Santuário Puji tinha melhorado e subia aos poucos e depois de coçar a testa, Xie Lian respondeu:

— Talvez soe estranho... Mas, ele não deixava nenhuma prece, somente acendia um incenso como que em agradecimento e bem, não se ajoelhava... Porque eu nunca achei correto que as pessoas comuns se ajoelhassem para pedir qualquer coisa que fosse, ele parecia mesmo um crente do santuário... Insuspeito.

Huan Shui esquadrinhou vagamente as feições de Xie Lian e seus pensamentos se perderam quando uma bela fantasma anunciou o início das apostas, completando exultante que o Lorde e senhor daquela cidade estaria presente naquela noite.

A multidão se manifestou em gritos selvagens de aprovação e adoração.

E de trás das sofisticadas cortinas vermelhas, diáfanas e cintilantes, surgiu o croupier que conduziria os jogos naquela noite, foi então que Huan Shui entendeu porque “tinha que ser vendado”!

Através do cortinado lânguido surgiu um homem alto e inefável, trajando um robe azul marinho requintado, intensamente revelador, de viés prateado feito um caminho iluminado ao largo da pele nua e exposta de seu peitoral bem torneado.

Os cabelos negros soltos caindo pelos ombros e por suas costas sem um único adorno e sob a iluminação difusa, a tez viril exposta ganhava nuaces trigais, os olhos negros adquirindo um brilho desafiador, austero e selvático.

Mulheres fantasmas gritaram da forma mais aguda que sabiam, numa animação errática, elas pareciam amar e desejar lascivamente o croupier que tinha surgido pelas delicadas cortinas e que anunciou com sua voz grave o início das apostas.

Huan Shui piscou e tentou limpar os olhos com o punho fechado, mas Jun Wu apenas pareceu se tornar mais atraente sob a tentativa de um novo olhar.

Como não tinha lembrança de como era quando eram amantes, nem se recordava bem do beijo que tinha trocado com ele sob a chuva, era exatamente como ver uma pequena parte da pele nua dele pela primeira vez.

Era um sentimento caótico, como uma atração indevida que não deveria sentir e por isso, desviou o olhar.

Mas, mesmo fechando os olhos em meio à algazarra dos apostadores, seus dedos suavam, porque em sua mente sobrevinha o desejo de sentir o calor, a textura e densidade da parte nua da pele.

O Lorde daquela cidade fez um sutil movimento de mão por trás da cortina ondulante e suave e a voz de Jun Wu anunciou, enquanto fantasmas mascarados acomodavam mais mesas de apostas entre os jogadores afoitos:

— Par será a derrota, ímpar uma vitória. Uma vez que o copo for aberto, não há como voltar atrás.

 Uma vez que o copo for aberto, não há como voltar atrás

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora