Chapter 205 Na manhã gelada de novembro, uma mensagem do porvir

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Capítulo 205 Na manhã gelada de novembro, uma mensagem do porvir

Os três anos após o desaparecimento de Huan Shui
A situação anterior no Monte JianWang

Os caracteres que formavam o nome Jun Wu se turvaram a ponto de se tornarem ilegíveis.

O epitáfio estava diante de seus olhos, mas o fluxo da dor que escapava por eles era como uma torrente poderosa que anulava absolutamente tudo acerca de seu olhar.

Huan Shui reprimiu os próprios soluços, apertando a palma da mão contra seus lábios que se franziam em angústia sufocante.

Bai Wu Xiang ainda usando a face de Lao Shi, tinha sua palma e a dele interligadas e sentiu o rapaz gelar e estremecer como se fosse desfazer-se em cinzas e ser absorvido pelo vento bem diante de seus olhos.

Tal como se pudesse vê-lo se esvair, perdê-lo pela segunda vez ao ser consumido pelo vazio insuportável da ausência.

Evidente que o jovem deus afundando em desolação excruciante não estava atento a sua expressão, ao seu olhar estupefato, parecendo momentaneamente atordoado diante daquela manifestação de profundo martírio íntimo.

Bai Wu Xiang sentiu o mesmo que aquele rapaz sentiu por meros segundos e suas mãos se desconectaram do feitiço.

Era o toque de suas mãos enfeitiçadas que mantinha Huan Shui de pé.
Pois, tendo o feitiço se desfeito, o jovem deus caiu de joelhos diante do túmulo coberto de folhas secas.

Seu coração batendo desordenado, quando ao contrário da vida pulsando em si, Huan Shui desejava morrer ali naquele instante, sobre as folhas secas que repousavam sobre o túmulo de Jun Wu, no cemitério do Monte Esquecimento.

O choro emudecido, a face franzida de dor, dobrando-se sobre si mesmo quando aquele cenário era notoriamente real, o vento soprando as ramas, os pássaros cantando, ignorando em plena primavera seu mais hediondo desespero.

As nuvens continuavam cruzando despreocupadas o azul celeste do céu para onde apontavam a copa orgulhosa das árvores antigas e Zhen Yan ainda era Zhen Yan.

Contudo, o sentido de sua jornada havia sido enterrado antes mesmo de tornar a despertar três anos depois.
Que triste era ser um deus e não poder morrer.

***************
Vinte e Três de novembro
Dez dias do desaparecimento de Huan Shui

Como de costume, Jun Wu cumpriu sua lida de ir bem cedo a Montanha Tai Cang, depositando sobre as duas criptas as flores brancas recém colhidas cobertas de orvalho.

Aquele lugar, o Mausoléu Imperial do antigo Reino de Xian Le, escondido sob a terra queimada do Monte Tai Cang, por mais que estivesse cercado de requinte e pedras preciosas, sempre lhe parecia algo deprimente.

Podia ser uma tumba digna de um rei e uma rainha, mas a sombra da morte quase sempre oferecia um vislumbre de inquietação e perturbação.

Jun Wu carregava um coração vazio como aquele lugar antigo, trocando passos para sair finalmente dali, levando Fang Xin em sua cintura, o chapéu cobrindo sua cabeça e o amuleto feito em turmalina no formato de dragão dentro de sua manga.

Além da pulseira Pan Chang branca e vermelha atada ao seu pulso, ter consigo o amuleto encontrado no fundo do penhasco, era seu modo de sentir-se ligado a Huan Shui, tendo certeza que tinha sido ele o escultor do pingente de dragão.

Suas vestes púrpura estavam molhadas da chuva fina que caía naquela manhã.

E ele estava com frio, mas tratava de ignorar.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora