Chapter 274 Os segredos guardados no coração amante são a arapuca

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Arco 5 Capítulo 274 Os segredos guardados no coração amante são a arapuca

Os raios de sol atravessavam alguns pontos distintos do paredão de nuvens, arrefecidos pela estação.

Um bando de pássaros pousou no telhado de um pagode e como se aquele cigano lesse seus pensamentos, além de sua mão, ele previu quando Jun Wu estreitou levemente o olhar escuro, pretendendo sacar sua espada:

— Vai mesmo atacar alguém inocente aos olhos dessas pessoas? Não vai ser muito favorável para você, estou desarmado.

Jun Wu duvidava disso, que um comparsa de Bai Wu Xiang estivesse indefeso, correndo apenas com as pupilas, reparou que havia várias pessoas circulando nas redondezas, as crianças ainda brincavam por perto.

Não era o melhor lugar para iniciar um confronto e havia fatos que Jun Wu desconhecia, no mesmo segundo que aquele cigano detinha sua mão.

— Quem é você realmente... Lie Hou?

O inquérito soou discreto, com um brilho de foice e Jun Wu o fitava verdadeiramente com sangue nos olhos.

— Fica me perguntando... Quando devia saber a resposta. — O cigano desdenhou, deslizando a ponta do indicador em sua mão aberta. — Jun Wu, eu não teria que ter devorado o verdadeiro Lie Hou e tomado a aparência dele, se você não invadisse minha fortaleza.

As pupilas do deus menor se encolheram diante da informação, era o próprio Bai Wu Xiang que segurava sua mão!

— Não faça nenhuma bobagem, não tem como provar que não sou o verdadeiro Lie Hou. — A calamidade advertiu baixinho, sorrindo de lado. — O povo Luoli se voltaria contra sua estupidez, não vou reagir se me perfurar com sua espada... Serei a perfeita vítima.

Mesmo que a voz fosse do cigano, o tom de escárnio era legitimamente de Bai Wu Xiang.

Ainda assim, Jun Wu tinha dúvidas se apenas não era uma imitação perfeita, se a calamidade apenas não estava orquestrando a situação a distância, seus pensamentos giravam em turbilhão diante das hipóteses.

— O que você quer de mim? — Jun Wu rosnou, de modo que somente o cigano pudesse ouvir.

— Eu devo admitir... — O homem disse um tanto melodioso, fitando a palma do deus menor. — Por mais que a linha de sua vida seja longa, continua me surpreendendo, se superando. Não sei como driblou a própria morte... Mas, eu devo avisar... Não tente quebrar o feitiço do esquecimento, se realmente sente afeto por Huan Shui.

— Você!... Desde que ressurgiu me contou apenas mentiras. Sua intenção nunca foi me ter de volta como seu hospedeiro, não passava de uma distração. Por que seria diferente? Foi por acreditar em você que perdi A-Shui.

— Quer ser teimoso? Então seja... Eu conheço Huan Shui mais do que você poderia sonhar, sei de fatos que ele nunca te contou, eu o conheci... Quando o Príncipe da Coroa de Wu Yong nem sonhava em nascer... Se duvida, pergunte ao Shui... O que acontecia nas noites de primavera, quando ele tinha quatorze anos.

Jun Wu estremeceu de raiva e asco ao ouvir a voz faceira do cigano chamar Huan Shui pelo primeiro nome, sem suportar mais aquela situação ele livrou sua mão do toque, daquele teatro entre quiromântico e cultivador.

E assim que recolheu sua mão num gesto brusco, o homem se levantou também.

Quem passava e olhou a cena de relance, teve apenas a sensação que o cultivador de púrpura estava insatisfeito com sua sorte, o cigano suspirou em falsa resignação.

— Um último aviso, Jun Wu... Evocar as memórias esquecidas, causa dor.

Nem bem pronunciou estas palavras emblemáticas, foi tirando as moedas de ouro do bolso. O cigano cutucou o ombro de uma das crianças que tinha corrido para pegar uma bola de trapos e lhe deu a quantia, enquanto se afastava imperturbável.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora