Chapter 348 O embate e confabulação de duas redomas parte 1

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Capítulo 348 O embate e confabulação de duas redomas parte 1

Dezoito de fevereiro – Ano do Dragão

Bosque Huli à dentro


"A imagem do Duque parecia tão compenetrada, realmente apreciando a tornozeleira com pequenas pedras preciosas vermelhas em contraste com a pele clara.

O que pensa que está fazendo? Tire isso agora mesmo, Qianbei!

Por que? — A expressão de Lao Shi tinha uma estranheza inocente. — Você não quer meu presente?

Huan Shui abraçou os próprios joelhos, seus dedos dos pés se contraíram, seu olhar não se cansava de se mostrar ressentido e desconfiado.

Seus presentes... São beijos que selam feitiços, são como correntes presas em mim.

Correntes... — Lao Shi pronunciou suavemente, debruçando-se nos joelhos de Huan Shui. — Você mesmo sabia que estava no lugar errado, acha que eu não ouvia seu coração pedindo para voltar para mim?"

Caminhando nas profundezas do bosque, embrenhando-se em sua floresta fechada, cada vez mais se afastando da Torre de Observação, Huan Shui não parava de pensar em Bai Wu Xiang, na tornozeleira com seus nove orbes de rubi.

Ele estava constantemente tentado a abrir outra memória.

Evidente que Shou Xian precisou retornar ao vilarejo, ele tinha obrigações para cumprir, mas os dois se veriam ao anoitecer.

Sendo assim, Huan Shui não conseguiu meditar, ele ouviu algumas preces e no início da tarde saiu.

E seu caminho em nada era aleatório.

Embora somente tivesse feito o trajeto uma única vez.

Huan Shui se certificou de gravá-lo em sua mente, ainda que fosse fácil se perder.

Ele gravou pontos de referência fazendo seu próprio mapa mental, já que no local havia muitas rochas metamórficas¹ e algumas com cores que se destacavam na paisagem, tratando de guardar para si todas as rochas que tinham cores peculiares, Huan Shui também sabia que no caminho havia uma grande árvore com metade da copa tomada por erva de passarinho e que passaria a seguir por uma parte com um amontoado de plantas epífitas², ele nunca tinha visto tantas no mesmo espaço natural.

Todo aquele lugar era úmido e denso, o aroma selvagem terminava por impregnar as roupas e a pele, até que ele se deparou... Com a ponte submersa pela água doce.

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Eram dias incomuns para Luan Dang.

Nas outras décadas, ele passou os anos entre meditações ou adormecido, como em estado de hibernação. Despertando religiosamente em dezembro, como se uma maldição rasgasse seu peito e se apropriasse de seu coração.

Ou despertando inevitavelmente, nas raras ocasiões de abertura do Monte Tong Lu, o que ocorria num período de cem em cem anos.

Contudo, nesse ano em questão, a música vinda do erhu não o deixava meditar ou dormir.

Na verdade, o demônio estranhou que não houve música ao anoitecer e nem pela manhã, descobrindo que a ausência da música conseguia ser ainda mais perturbadora.

Isso o deixava de mau humor, ainda mais enfastiado, sentado no chão perto do limite da barreira mágica que era sua prisão, as asas negras ligeiramente entreabertas se inclinavam sobre seu corpo, escondendo parcialmente sua silhueta.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora