Chapter 315 Esse sentimento agridoce sem nome que nos une

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Arco 6 Capítulo 315 Esse sentimento agridoce sem nome que nos une

Foi numa questão de segundos que o espaço antes da mágoa, foi roubado bruscamente pela raiva, oscilando em seu interior como um relampejo.

Huan Shui desprezou a mão que segurava a sua, num gesto resvalado em desdém.

— Não tente apaziguar a situação dizendo que usa “os meios que possui por ser um demônio”!

Por dois segundos, talvez menos, a expressão no rosto de Lao Shi transmitiu algum dissabor diante da atitude de repúdio, mas baixou rapidamente o olhar como se fosse exalar um suspiro, quando seu semblante meramente se mostrou mitigado.

— Acha que pretendo brigar? — Bai Wu Xiang inquiriu. — Se atraí Shui até aqui, é porque quero conversar... Estou pedindo uma trégua para sua indiferença.

— O que há para conversar? Nós viemos para esta praia mais uma vez... Estou vagando há dois dias pela areia como você mesmo vagava há séculos atrás, antes eu podia compreender o seu sentimento, mas agora eu entendo completamente... O que é perder, o que é desejar ver um rosto que não está mais ao seu alcance!

“Mas, para você... O rosto de Hai Lang não existia mais nesse mundo. Quanto a mim, não sou mais digno de buscar o rosto que não sai da minha mente e coração.” — Huan Shui completou em sua mente, mas era difícil carregar essa verdade em sua voz.

Lao Shi tocou o próprio queixo, pensativo, talvez levemente sombrio ali sob o alpendre, escondido do reflexo do luar.

— Se não quiser conversar... — A mecha branca de seu cabelo dançou por um instante em seu rosto, soprada pela brisa. — Apenas sente aqui... Não diga nada, mas fique ao meu lado.

Era contraditório, tinha ganas sim de gritar, de agredir, de insultar.

Por outro lado, Huan Shui se sentia exausto e sozinho, talvez por isso, terminou por ceder e sentar na outra ponta do balanço, a madeira era extensa o suficiente para três adultos sentarem, então o rapaz ficou no outro extremo e retirou as botas, deixando os joelhos flexionados, os pés descalços também sobre o balanço se colocando como um obstáculo entre os dois.

Eventualmente, os dois trocavam olhares e depois de um tempo, Huan Shui fechou os olhos apenas para sentir o aroma das flores que abriam somente com o anoitecer.

Nesse pequeno intervalo que pareceu sonhar acordado sob o efeito do aroma, não se deu conta que seus pés foram parar no colo, sobre as pernas de Bai Wu Xiang e quando tornou a abrir os olhos, deparou-se com as mãos dele derramando incontáveis carinhos entre os dedos e a sola, pressionando levemente os meridianos*, liberando o fluxo de energia acumulada.

— Shui-er...

Seu nome como uma nota melodiosa, mas que fez o rapaz virar o rosto contrafeito, tornar a fechar os olhos:

— Cale-se, maldito.

Ser chamado de maldito por Huan Shui sempre o fazia rir, então Lao Shi se sentiu disposto a provocá-lo um pouco mais.

— Eu senti tanto sua falta, criança.

As pálpebras fechadas de Huan Shui tremeram, sua respiração denotando desconforto:

— Certo... Morra.

Em vez de ouvir outra provocação, veio mais um silêncio e Shui ficou desconfiado pela ausência de resposta... Bai Wu Xiang teria levado suas palavras para o coração? As carícias em seus pés cessaram e isso o inquietou ainda mais, seus ombros doeram de tão tensos ali recostado às cordas grossas do balanço.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora