Chapter 220 Encontrando a verdade pelo caminho que a evitou

87 11 101
                                    

Capítulo 220 Encontrando a verdade pelo caminho que a evitou

Bai Wu Xiang parecia ter uma interrogação no olhar quando Huan Shui se afastou, se ergueu repentinamente e passou pela porta que dava no quarto de banho.

Contudo, Huan Shui nem mesmo dispensou um olhar à tina preenchida de água cálida, ele voltou ao quarto, cobriu parcialmente o rosto com a máscara, carregou o erhu consigo e pulou a janela redonda.

Não era como se pudesse se livrar de Bai Wu Xiang assim, mas a verdade é que se sentia angustiado demais para conversar. Seus inquéritos sobre Hai Lang não soavam como as perguntas certas que deveria fazer a si mesmo.

E ter tocado o erhu durante a madrugada, não havia esvaziado sua alma como de costume, ainda que tivesse tocado cada música que conhecia e se lembrava até a própria exaustão da mente, dos dedos que começavam a queimar em contato com as cordas.

A razão pela qual havia trazido seu instrumento, não era porque pretendia tocá-lo desesperadamente, era mais porque Huan Shui tinha a sensação que o erhu era a única companhia que não o julgava, não mentia ou confundia seu coração.

Olhou para trás algumas vezes, o entorno, não tinha certeza se tinha sido seguido.

Até era provável que sim, mas Shui tratou de parar de se importar.

Ele passou pelo poço onde tinha encontrado Bai Wu Xiang no dia anterior, até que encontrou entrando por uma trilha de barro, uma floresta de bambus.

O interior da floresta estava mais fresco que o restante do caminho, Huan Shui se sentia envolvido por aquele denso verde levemente sacudido pelo vento, pela luz do dia que se projetava e se infiltrava por cima, além de quem passasse na trilha... Não o veria com facilidade.

Ele olhou em volta e terminou por se sentar numa pedra incrustada no solo, um lagarto deu a volta na base da rocha, saindo do caminho do rapaz que se sentava ali com o erhu em seu colo.

Estar cercado pelo verde do bambu, fazia Huan Shui se lembrar de Zhen Yan, do caminho oculto que ligava Lan Hu à parte mais alta da montanha onde tinha cultivado durante toda sua vida.

Abraçado ao erhu, ele pensou no caminho, nas mil castanheiras, no templo de cultivo silencioso. Não tinha vontade de ir até lá, suas lembranças envolvendo Jiahao eram tão dolorosas, mal resolvidas... Que entre um pensamento e outro, acabou cedendo à vontade de tocar o instrumento que antes abraçava.

Sua vontade era apenas fugir de si mesmo, sem pensar em nada.
Huan Shui não sabia o nome da melodia, apenas sabia que era antiga, não era triste...

Assemelhava-se à aldeia de Lan Hu, aos bosques, à cachoeira Queda do Anjo, aos moradores que viviam naquele vale.

Não era seu estado de espírito, mas era seu momento, a essência do lugar... Seu coração tinha se cansado de tocar lamúrias para as paredes de um quarto estranho, dentro da escuridão.

Por instantes, o pingente de borboleto preso no afinador, vibrou através de uma efêmera paixão.

No entanto, antes que terminasse de tocar a melodia, Huan Shui ouviu o som de alguém afastando os bambus para entrar naquele túnel vertical verde e ele se encolheu um pouco naquela pedra feito um animal arisco, parando de tocar.

A pessoa com certeza não sabia a entrada certa e passou pelo lugar mais complicado, os bambus que se mexeram sendo empurrados, o empurraram de volta como num ato de rebeldia, como se o cuspissem no centro da floresta.

E Huan Shui que ficou de pé rapidamente sobre a rocha cravada no solo, viu aquela criatura um pouco atrapalhada olhar maldizendo os bambus em riste, parecendo rir com a sutileza da brisa.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora