Chapter 210 Cativado pela beleza de sua dor, sem saber o que fazer...

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Capítulo 210 Cativado pela beleza de sua dor, sem saber o que fazer com este antigo eu

Sua cabeça repousava sobre o peitoral e não havia um coração batendo.

A luz do dia fazia seus olhos semi cerrados arderem como que a escuridão de antes é que fizesse sentido.

Sentia seu próprio cabelo molhado em seu rosto tenso e com o coração em constante negação, Huan Shui repudiava aquele abraço, mas se sentia tão terrivelmente sozinho, que não conseguia escapar dele.

Era uma solidão diferente de quando era mais jovem e não entendia a razão de estar vivo, agora era porque tinha descoberto sua razão de viver, mas ela estava sepultada no Monte Esquecimento.

Essa solidão de agora assemelhava-se a uma doença, crescente, a cada instante se tornando maior do que si mesmo, tal como a chama fazendo a vela aos poucos desaparecer, sendo consumida lentamente.

Huan Shui não sabia que Bai Wu Xiang estava sorrindo.

Tão somente sentia os braços e as mãos dele, reconfortantes. Os dedos acalentando sua cabeça com a mesma consideração a uma criança preciosa.

Mas, Huan Shui não estava resignado, seu coração não apenas batia, também se debatia inconformado, embora seu corpo estivesse anestesiado. Seus olhos imprecisos viram um perdiz pousar por um momento no chão, catar um pequeno graveto com o bico e tornar a voar.

Então, ele pensou na analogia de Bai Wu Xiang.

Se ele era como um pássaro, não é que estivesse apaixonado por seu cativeiro.

Huan Shui não via sentido no céu.

Aquele perdiz possivelmente tinha levado o graveto no bico para fazer um ninho.

Subitamente, entre um pensamento melancólico e outro, Huan Shui ergueu o rosto e fitou o rosto que fora de Lao Shi, que apenas mantinha agora uma réstia sutil de sorriso.

— Por que ainda está usando essa aparência? Saudades do seu antigo rosto?

Na pergunta havia um nítido tom de insolência, como se a raiva estivesse algo apaziguada e não necessariamente extinta.

— Estamos numa aldeia de agricultores e pescadores de água doce... Acha mesmo conveniente que eu ande por aí com a aparência de um demônio?

E em contrapartida, o tom de Bai Wu Xiang apenas o provocava mais, com a mais leve malícia incutida até na curva sutil de suas sobrancelhas afiadas.

Huan Shui parecia prestes a rebater o dito, mas Bai Wu Xiang virou bruscamente seus corpos sobre o solo e a vegetação e numa troca repentina, o rapaz se viu com as costas contra o chão, a calamidade sobre seu corpo, o rosto de Lao Shi, seu cabelo negro e a mecha branca em contraste com o céu.

De imediato, Shui tentou se libertar, golpeando-o com a sua perna, mas Bai Wu Xiang prendeu as duas pernas do jovem deus, já prevendo essa ação.

— O que há? Você costumava gostar desse rosto. — Bai Wu Xiang cochichou, aproximando sua face. — Será que esse é o problema? Acho que fica irritado porque ainda gosta.

Huan Shui tentou mover os braços para repelir aquele contato, mas a calamidade era extraordinariamente forte e ele se deu conta, que mesmo que matasse Bai Wu Xiang, ele sempre resurgiria por conta das cinzas preservadas... Mesmo que ficasse livre do Branco sem Face por um tempo, ele retornaria e nunca o deixaria viver qualquer vida que não incluísse sua existência.

E pensando nisso, Huan Shui engoliu o excesso de saliva dentro da boca e virou o rosto, porque temia ser beijado.

— Talvez... —Shui disse contrariado, ao virar o rosto de lado. — Eu que devesse usar uma máscara, para que você que fosse privado de olhar para mim. Agora, me solta!

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora