Chapter 198 No fim da fábula, na hora mais negra, nunca houve um adeus

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Arco 4 Capítulo 198 No fim da fábula, na hora mais negra, nunca houve um adeus

⚠️Aviso: Gatilho para violência, gore, tortura e abuso psicológico⚠️

         Então essa era a sensação de cair?
A mente de Huan Shui se perguntou atônita.

Quando ele caiu no penhasco do platô, mal sentiu a queda, seus sentidos estavam falidos.

Mas, agora ele tinha plena consciência que estava caindo, Bai Wu Xiang o abraçava e Huan Shui afundava seu rosto contra ele, porque a verdade é que seu coração batia numa cadência entorpecida de pavor.

Era como atravessar paredões de nuvens, desafiar o azul, encarar a sensação de morte mais uma vez.

Huan Shui sentia sua língua gelada dentro de sua boca categoricamente lacrada e quando ele achou que seus corpos se chocariam contra o chão que ele nem teve coragem de fitar, era como entrar num caminho atemporal, sendo jogado mais uma vez naquele passado tão sombrio e distante.

Cuspido sem mais numa prisão subterrânea que tinha o odor pungente do sangue, da agonia, do bolor e horror incrustado nas paredes em proporções semelhantes.

Huan Shui estava mais uma vez vendo pelos olhos de Lao Shi.
Mas, a sensação era excruciante, havia uma dor excessiva, o odor de sangue vinha das chagas que haviam manchado suas vestes sujas, sua existência num estado deplorável.

Insetos rastejavam em suas feridas.

Lao Shi não estava amarrado, nem acorrentado, mas ele não conseguia se mexer.

Tendo ossos partidos nos braços e pernas, o mero esforço era por demais doloroso.

Mesmo que Lao Shi às vezes ficasse sozinho no interior álgido de sua prisão, ele se quer conseguiria tentar escapar, se arrastar era uma tentativa inútil que possivelmente o aleijaria para sempre.

Quando, apesar da iminente decadência, o espírito de Lao Shi ainda resistia brava e orgulhosamente, seu olhar amolado, onde reincidia um ardor e cintilância afiados.

No entanto, quando ele estava em silêncio, como que largado para morrer entre suas dores, ele sempre pensava em Hai Lang, que ele estivesse o mais distante possível da Capital Imperial...

Mesmo que dentro de si rondasse um desejo sem par de fitar seu olhar, tocar sua pele, sentir seus lábios antes que deixasse esse mundo.

Como estava sempre naquele lugar escuro, sem janelas, Lao Shi não sabia ao certo quanto tempo havia se passado.

Havia sempre um dos homens de Nan Quan vigiando a porta de madeira escura e gasta, marcada por objetos cortantes.

Toda vez que Lao Shi ouvia o som agudo e brevemente estridente do trinco sendo forçado, ele sabia que era tal qual o portal do inferno se abrindo, as línguas de fogo lambendo as feridas, as palavras ruins intoxicando o ar tal como enxofre.

Ele primeiro ouviu vozes do lado de fora, toda vez que aquela porta se abria, esperava que o carrasco passasse por ela certo de que Nan Quan ansiava por sua morte... Se bem, que restavam ainda inteiros alguns ossos de seu corpo, um dia a mais de tortura? Que fosse.

Lao Shi seguiu com o olhar embaçado a figura prepotente de Nan Quan, semi ocultando seu sorriso trêmulo com o cabelo que caía desgrenhado em seu rosto, toda vez que encarava as rachaduras horríveis que tinha causado na face de Nan Quan com aquele feitiço em sua manga, seu íntimo se regozijava em meio a dor que nunca o abandonava.

— Ainda apodrecendo em vida? — Nan Quan arquejou, o sorriso em seus lábios era desdenhoso.

— Desculpe se estou melhor do que esperava... — Lao Shi alfinetou, escarnecedor. — Precisa melhorar seus métodos tão ortodoxos de tortura... Chanceler.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora