Chapter 335 Trilhas e rumos: mapeando o caminho que me leva até você

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Capítulo 335 Trilhas e rumos: mapeando o caminho que me leva até você

Província de Sichuan – Tapera

Doze de maio

Desde a sua conversa com o monge Sonam, cerca de uma semana depois, Jun Wu andava pensando compulsivamente no período que viveu com Huan Shui após resgatá-lo do futuro, à procura de qualquer brecha, qualquer informação que favorecesse mais uma vez um reencontro.

Em sua mente, ele se perdia largamente em trechos de pequenos diálogos, até que sonhou em especial com uma conversa que tiveram fugindo juntos à leste, numa hospedaria na entrada de outro distrito na região oeste.

"— Além disso... Se Bai Wu Xiang nunca o deixava sozinho... Por que ele não estava com você na noite que o resgatei da fortaleza erguida no Monte Tong Lu?

Eu não sei porque Bai Wu Xiang me deixou sozinho, mas acho certo considerar que tem a ver com você. Ele estava estranho, parecia ter perdido a razão... E quebrou o acordo comigo.

Que espécie de acordo vocês dois tinham?

Para você entender... Quando caí do penhasco do platô na última batalha, fiquei em coma por três anos até me refazer dos ferimentos, quando despertei... Estava naquela fortaleza e foi assim que aprendi a detestá-la... Um dia, acordei em Lan Hu e Bai Wu Xiang disse que se eu me comportasse... Eu poderia ir onde quisesse, ele sempre estaria ao meu lado... E ele seria o único ao meu lado."

Jun Wu abriu bruscamente os olhos, seus cabelos como caminhos negros infinitos cobrindo a fronha de algodão gasto, suas pupilas encararam o teto da tapera e seu indicador esfregou levemente o espaço entre seus olhos.

Quando desperto e bem acordado, ele não se recordava das conversas com tanta nitidez, apenas fragmentos, parte tinha se perdido nos recessos da mente.

Cada palavra do sonho continuava reverberando, como se estivessem pulsando em sua corrente sanguínea e ele se sentou na esteira forrada, correndo com o olhar inquieto em Tang Shi, repousando numa cama menor, encostada na parede do aposento.

O sol mal tinha nascido.

Muitas vezes, muitas, incontáveis... Jun Wu tinha vontade de desistir.

Porque... Ele não esquecia que Huan Shui tinha escolhido ir com Bai Wu Xiang, que ele tinha desaparecido enquanto beijava a Calamidade.

Será que aquele rapaz percebia que ainda era prisioneiro, ainda que Bai Wu Xiang afirmasse que ele pudesse ir aonde quisesse acaso ele se comportasse?

Jun Wu deixou a esteira, se levantou, indo para o lado de fora da tapera.

O deus menor lavou o rosto com um bocado de água fria armazenada num barril, também molhando ligeiramente a nuca e gotinhas deslizavam para dentro de seu hanfu, enquanto erguia seu cabelo solto um pouco desgrenhado pelo sono desinquieto.

Fitando seu reflexo na superfície da água, enquanto o dia clareava gradativamente.

Jun Wu piscou com gotículas em seus cílios, meditativo.

Por outro lado, também não tinha esquecido como Huan Shui estava traumatizado, se aproximando timidamente, no mesmo segundo que pensava em se distanciar.

Não, não... Não queria acreditar que Huan Shui amasse Bai Wu Xiang, mas era verdade que o demônio vestido de branco tinha se infiltrado profundamente na mente do rapaz, a reforma de pensamento tão agressiva, controlando-o através da constante intimidação, do medo, da culpa, usando nele um terrível feitiço proibido.

Causando-lhe um tormento incessante e como o parasita que era, levando Huan Shui acreditar que a razão de seu desespero, também podia ser o alento que ele precisava.

Não era tão somente como ter desenvolvido apego por seu agressor?

As marcas de autoflagelo nos braços e no rosto de Huan Shui ainda pairavam em sua mente, que imensa consternação o rapaz devia sentir para chegar ao ponto de ferir a si mesmo, a réstia de amor próprio de antes, reduzida a um vasto nada.

Jun Wu não suportava a ideia de abandonar essa pessoa... Sua borboleta permanecia enclausurada.

Naquela manhã, tentou pensar sobre o paradeiro de Bai Wu Xiang e Huan Shui, enumerando mentalmente os lugares que tinha conhecimento.

A fortaleza no Monte Tong Lu, Lan Hu e o mar.

No entanto, a fortaleza tinha sido destruída e seria absurdo pensar que Huan Shui tivesse a liberdade de ser um deus aprisionado nela, em sua atmosfera grotesca e opressora.

Lan Hu era tão improvável, Bai Wu Xiang já tinha percebido o quanto era inseguro este sítio, se naquele período no futuro, Huan Shui tinha encontrado sem querer com Fu Sheng.

Mas, o mar... Ah, o mar.

Não dava à Calamidade Vestida de Branco incontáveis possibilidades?

Não somente em termos amplos de navegação, havia milhares de ilhotas no arquipélago chinês, assim como um número expressivo de docas onde podiam atracar e ficar em terra firme.

E... De repente Jun Wu lembrou.

A chuva criada por Huan Shui no último dia ao lado dele, a chuva que tinha cheiro de maresia, que talvez manifestasse o desejo inconsciente, ou não, dele de voltar ao mar.

Bai Wu Xiang não lhe negaria isso, depois de tudo.

Consciente de que não podia se lançar às cegas pelo sul da China, num território litorâneo tão extenso, ele considerou tornar a entrar em contato no Reino Celeste, Ling Wen certamente saberia sobre os templos que estavam sendo erguidos no Reino Mortal para Huan Shui, talvez ela tivesse uma pista.

E por que não?

Jun Wu fitou a claridade da manhã despontando entre a floresta de bambu ao lado da tapera e evocou um meio sorriso.

Tão perto dele, na aldeia debaixo, ele tinha um templo do deus da Água Púrpura sendo construído numa pequena colina.

O que antes tinha sido o motivo da sua dor, agora era sua esperança.

Era como ter uma parte de Huan Shui ao seu lado, como o início de uma longa trilha, um impreciso rumo.

Jun Wu não sabia se estava certo, na verdade, era até provável que tivesse perdido a razão.

Fechando os olhos por segundos, apoiando as mãos nas beiras do barril, seu pensamento ironizou.

Por muito tempo...

A loucura foi seu estado fundamental.

E dessa forma, mais uma vez, estava disposto a tudo.


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Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora