Chapter 191 Entenda o passado distante, para salvar o que há no presente

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Arco 4 Capítulo 191 Entenda o passado distante, para salvar o que há no presente obscuro

Um pensamento inusitado passou pela mente de Huan Shui quando ele tocou a mão de Bai Wu Xiang sobre o cesto de bambu.

Porque, as mãos frias da Calamidade o faziam pensar nas mãos de Lao Shi e até mesmo nas mãos de Jun Wu.

Era uma ironia que não importasse em que época havia renascido, de uma forma ou de outra, estava sempre fadado a ter um amante de mãos frias.

— Todo esse instante... Mesmo agora, você me lembra alguém... Estou diante de quem foi Lao Shi?

Os dedos de Bai Wu Xiang eram compridos, a pele num branco leitoso e eles se curvaram e se encolheram ligeiramente sob os seus.

Mas, não foi uma reação que denotasse nervosismo.

Bai Wu Xiang talvez estivesse algo surpreendido, ou não esperasse ser tocado num gesto espontâneo.

Ou ainda, os dedos se encolhendo fosse um indicativo de que continuava envolto em desconfianças, o que fazia Huan Shui rir interiormente desse absurdo.

Como poderia representar alguma ameaça, estando desarmado, tendo grilhões amaldiçoados no corpo, estando num território que nem era seu?

Todas as possibilidades nitidamente contra sua pessoa.

Quem não deveria estar acuado não era outro... Se não o próprio Huan Shui?

Ele deserdou o toque, recolhendo sua mão e apoiando seu braço em um dos joelhos dobrados, até que ouviu o que deveria ser a resposta a sua pergunta:

— Há cerca de três dias, Huan Shui estava com medo de perguntar... O que fez com que perdesse esse medo? Está confiante que pode ser mais astuto do que eu?

O rapaz baixou o olhar por um momento e fez menção de rir logo abafando a intenção, uma resposta direta e honesta vinda de Bai Wu Xiang era pedir demais.

— Não sou tolo a esse ponto... — Huan Shui soprou suavemente. — Mas, eu quero saber. Minha alma foi transmigrada para o passado, enquanto eu estava quase morto no presente... Foi o que você disse, não foi? E a sua voz...

Bai Wu Xiang também parou diante das reticências, mirando-se fixo no rapaz:

— O que tem minha voz... Huan Shui?

— Mesmo que seja carregada de escárnio e desprezo agora... É a mesma voz do passado, quando despertei naquele píer ladeado por glicínias... Melódica, firme e não muito grave. Minha alma voltou para o tempo presente bruscamente há poucos dias, mas eu ainda estou exatamente como naquele tempo antigo... Preso com Lao Shi.

Bai Wu Xiang pareceu repudiar por trás da máscara, ele meneou com ela em seu rosto, incisivo.

— Não me confunda desse jeito, Huan Shui... — Bai Wu Xiang encostou as costas da própria mão na lateral de seu rosto oculto. — Lao Shi morreu há muito e sua alma vil, transbordante de ódio e rancor se tornou um demônio após vagar por séculos, despedaçando inúmeros fantasmas, atormentando seres do Reino Mortal sem descanso.

Huan Shui olhou casualmente para o cesto entre os dois, seu rosto sério, moldado em uma nuvem de tristeza.

— Se você prefere falar de si mesmo, como alguém que não existe mais, tudo bem... Mas, eu quero saber... Porque Lao Shi morreu e se tornou Bai Wu Xiang.

De pronto, Bai Wu Xiang se empertigou, empurrou a cesta depressa para o canto, suas mãos se espalmaram contra a parede cercando Huan Shui.

Essa aproximação furtiva e inesperada, fez o coração de Shui pulsar numa lentidão absurda, o frio crescer em seus poros, como se fosse perder os sentidos.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora