Chapter 207 Quando não se diferencia mais o reinício ou o início do fim

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Capítulo 207 Quando não se diferencia mais o reinício ou o início do fim

Estava de bruços, seu rosto afundado de lado no travesseiro de fronha branca, seus olhos fechados como que cerrados pelas pálpebras há muito, seu cabelo circundando sua face e suavemente esparramado na roupa de cama onde era refletida a luz fugaz de um dia incerto.

Sua respiração mudou o ritmo assim que seu rosto se moveu de forma quase imperceptível contra o tecido macio, seu rosto se franziu de leve ao tentar abrir os olhos, como se tivesse que fazer um esforço nunca visto para erguer as pálpebras, os seus próprios cílios fazendo cócegas sutis nas costas de sua mão largadas quase pesadamente ao lado de sua face.

Sentir os próprios cílios, fez seus lábios se apertarem um no outro por dois segundos e tendo uma das maçãs do rosto entre os vincos generosos da fronha, suas pálpebras se ergueram com o movimento similar a um bater de asas de borboleta.

Ainda que estivesse despertando, custou a perceber a si mesmo em sua totalidade.

Mas, quando ergueu a cabeça, os ombros e se apoiou com os braços, foi como se o sangue em seu corpo se movesse numa velocidade perturbadora e ele recebesse o golpe da estranha realidade de uma só vez.

A última coisa de que se lembrava... Era ter visto, encarado demoradamente o túmulo de Jun Wu, isso até seus olhos se turvarem até que não visse mais nada, dobrando seu corpo desolado e sem forças sobre a sepultura fria, coberta de folhas secas que estalavam em contato com seu corpo que buscava um último abraço.

Quando sentou-se na cama e tocou o próprio rosto num gesto desprovido de sentido, se perguntou que lugar era aquele.

Por um lado, não tinha dúvidas de que era uma ilusão.

E se era... Não era de todo mal, nem deprimente, tão pouco o enchia de angústia.

Era um lugar estranho, não parecia com Zhen Yan, nem com Tian Tan, o Reino Celeste ou a Fortaleza Vazia.

Mas, Huan Shui estava descrente de qualquer miragem diante de seus olhos, ele tinha a sensação que sairia daquele quarto com cortinas diáfanas flutuantes e pisaria de novo num aposento vazio e sombrio, tal como ele se sentia por dentro.

Vazio, como se a alma estivesse envolvida em uma atmosfera glacial, sem qualquer pensamento que o confortasse verdadeiramente.

Ele olhou, ainda sentado na cama, para a direção da janela em forma de arco, sem qualquer vontade de deixar aquele quarto, depois olhou para a porta de correr feita de papel de seda e bambu.

Bai Wu Xiang estaria esperando por ele do outro lado?

Seus pés descalços tocaram o chão de madeira, Huan Shui olhou em torno e não havia nenhuma bota que pudesse calçar.

Esse detalhe não o aborrecia, mas o enfastiava estar vivo.
Por isso, achou que não tinha nada a perder se deixasse o quarto.

Se a escuridão da fortaleza vazia se revelasse bem diante de seu olhar, era como sair de uma ilusão para entrar num lugar que era tal como o mundo sombrio que residia em si mesmo.

Huan Shui deixou a cama com certo descaso com aquele lugar ou mesmo consigo mesmo e trocou alguns passos, seus dedos puxaram a porta de correr e ele se surpreendeu.

Não havia Bai Wu Xiang, nem névoa, penumbra ou frio cortante.

Mas, uma continuação clara e distinta do cômodo anterior.
Um quarto de banho, com uma tina de madeira preenchida com água quente, roupas e toalhas limpas, essência perfumada, a mesma claridade agradável e morna preenchendo o cômodo.
Huan Shui vasculhou todo cômodo com o olhar, desconfiado, um tanto intrigado.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora