Chapter 254 No coração da escuridão, a meio passo da loucura

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Arco 5 Capítulo 254 No coração da escuridão, a meio passo da loucura

Três anos à frente
Um lugar distante e caótico de qualquer olhar

Mesmo que andasse pelos corredores que pareciam infinitos, ou terrivelmente iguais, cada recanto permanecia imerso em fria escuridão.

A maior parte dos lugares não tinham janelas, de modo que o ar carregava uma atmosfera viciada, abafada e rarefeita.

Às vezes, tentava derrubar as paredes, enquanto perambulava pelos cômodos ou o que Bai Wu Xiang queria que pensasse que fossem cômodos.

Tudo parecia uma única extensão do vazio, o oco sombrio.

Nunca tinha parado para pensar tão compulsivamente onde ficava a Fortaleza Vazia e desde que acordara do coma, após três anos, era a primeira vez que Huan Shui pensou em contactar alguém de fora.

Mas, como?

Estando com dois grilhões no corpo, a matriz de comunicação do Reino Celeste fora de seu alcance, seu mana completamente contido em sua aprisionada existência.

Tudo que carregava consigo, além da roupa vestida no corpo, as botas que pareciam apertadas nos pés, era seu erhu.

Ainda em tenra idade, tinha aprendido com Shan Ling a usar o erhu para mandar mensagens subliminares ou diretas e objetivas através do uso do Qi aliado à melodia.

Mas, e se Bai Wu Xiang interceptasse sua intenção?
Huan Shui receava colocar alguém em perigo se tentasse contato.

Não duvidava que a calamidade matasse o receptor da mensagem antes mesmo de recebê-la.

Além disso, enchia-lhe de angústia o fato de ignorar o que Bai Wu Xiang pretendia ao deixá-lo sozinho, sua mente em constante estado de tortura não conseguia projetar qualquer saída, encontrar meio de fuga.

Havia um nó em seu estômago que não se desfazia, um grito abafado que parecia cozinhar naquele ar vicioso, falando consigo mesmo como se não quisesse esquecer a própria voz, não perder o próprio sentido, se é que havia restado algum.

Após um período impreciso caminhando ao léu, imerso na bruma e no breu, Huan Shui ficou por algum tempo sentado no meio do nada, debruçado em seus joelhos e dentro desse desespero que resvalava nesses espaços omissos, sua mente foi absorvida por um possível sonho, uma ilusão necessária, um devaneio suave... Um doce escapismo.

Ele viu algo cintilando na escuridão.

Seus olhos ofuscados, custaram a perceber o que brilhava em tons de dourado.

Não apenas em dourado, as vezes parecia chama em laranja e carmesim, mas não emitia calor.

Então, rapidamente os contornos ficaram mais nítidos e Huan Shui discerniu pétalas que delineavam uma flor de lótus.

Não... Várias flores de lótus.
Elas cintilavam, como que criptando feito fogo, no que pareciam ser um lago em meio a neblina.

Seu olhar seguiu uma após a outra, quase que flutuando em fila indiana e seu corpo se levantou e se moveu, perseguindo o rumo que elas tomavam como se fossem sua salvaguarda para a liberdade.

Havia muitas delas e Huan Shui perseguiu avidamente como se estivesse à margem e o que parecia ser um lago, tomou a dimensão de um rio.

Não poderia ser uma ilusão de Bai Wu Xiang... Poderia?

Algo assim, seria cruelmente belo vindo dele.

Elas eram seu alento na escuridão, mesmo que fossem um sonho ou uma ilusão, eram um subterfúgio que não poderia ignorar, parecia haver centenas delas.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora