Chapter 245 Uma linha de tempo corrompida, faz o demônio enlouquecer Parte 1

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Capítulo 245 Uma linha de tempo corrompida, faz o demônio enlouquecer Parte 1

                         Primeiro dia de abril, três anos à frente
                         Vinte e seis de novembro no passado
                         Um lugar distante de qualquer olhar

             Estava ofegante, correndo por confusão e fugindo através da raiva.

             Aquele deus trajando púrpura que o tinha perseguido... Quem era ele?

             E de súbito, cruzando uma viela que se precipitava numa ladeira, dividida em caminhos estreitos, seu corpo quente e suado se chocou contra alguém que parecia ter se colocado em seu caminho, do nada.

              Huan Shui pediu desculpas muito baixo, no fundo sentindo uma inexplicável vontade de chorar inquietante e quando ergueu o olhar aturdido, deparou-se com o olhar de Lao Shi, que o abraçou pelos ombros, tendo seu semblante enigmático sombrio.

              Bai Wu Xiang encostou seu indicador em riste contra os próprios lábios como se soubesse de tudo, fitando Huan Shui, o gesto pedia nitidamente para nada ser dito naquele momento. 

              Estreitando o abraço, algo protetor e obsessivo na pressa que consumia o ensejo.

              Ele ergueu um dos braços sobre os dois, a sua manga longa e esvoaçante cobriu suas figuras e sem se importar com quem estivesse passando naquela ruela naquele segundo, os dois simplesmente sumiram, sem deixar um vestígio detectável para os humanos que circulavam na cidade, rumo ou não ao festival.
           
            Não havia uma razão para não se deixar levar por Bai Wu Xiang, mas quando Huan Shui tornou a abrir os olhos após se aconchegar contra ele e segurar-lhe as vestes, para seu tormento, os dois não tinham retornado ao junco ancorado no porto.

            Nem precisou tentar vislumbrar seu derredor, aquela sensação de opressão... O frio, a névoa cobrindo suas botas.

            Seu coração bateu sofrido, lentamente, sabendo que depois de tudo estavam na Fortaleza Vazia.

           Seus dedos soltaram as vestes que agora estavam impecavelmente brancas e assim que ergueu a face, sentindo que quase não havia saliva em sua boca, Huan Shui não fitou a ilusão do rosto de Lao Shi, mas sim a máscara de sorriso retorcido, metade rindo e metade chorando.

        Se afastando um passo, tendo sua respiração produzindo uma fumaça fugaz, mirou-se nas vestes funerárias, na figura fantasmagórica à sua frente, inerte e distante.

          O Branco sem Face estranhamente calado, como se nem prestasse atenção em sua existência, quando os dois estavam naquele lugar medonho justamente por Huan Shui.

            Ao contrário do que o jovem deus sentia sobre o silêncio da calamidade, ele mesmo ainda era tudo que importava para o demônio sem face.

— O que aconteceu?... Por que viemos para cá? 

     Não houve uma resposta imediata, Huan Shui seguiu a silhueta de Bai Wu Xiang com o olhar e a calamidade se moveu passando pela única janela entreaberta do cômodo, cruzando com os lírios aranha que tinham crescido no chão, por baixo daquela névoa, parte de seu corpo ocultado pelo esquife branco de jade, onde o jovem deus havia despertado de um longo período de coma.

       Podia sentir o frio daquele local, mergulhado em penumbra, penetrando em suas narinas e Huan Shui tirou o chapéu de sua cabeça, transtornado com o silêncio, sem saber o que pensar.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora