Chapter 365 E assim nos ferimos, não há palavras que curem as cicatrizes...

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Capítulo 365 E assim nos ferimos, não há palavras que curem as cicatrizes antigas

E o beijou.

O beijou como se fosse morrer minutos depois.

E o abraçou, sentindo o corpo dele se encaixar ao seu num frenesi imperioso.

Sua pele se aqueceu atraída pela sensação de contato, carícias, troca de saliva... O beijo ganhou uma proporção indecente diante do desespero ditado pelo próprio coração vazio.

Ele pensou em partir as chávenas, não se importava com elas ou com o chá quase frio que as preenchia, em sua vontade desenfreada e desmesurada, pensou em imprensá-lo contra a mesa, arrancar-lhe as vestes, fazê-lo brutalmente seu.

Por apenas um segundo, talvez um pouco menos, Jun Wu caiu em si.

Uma queda brusca, o próprio abismo de si mesmo.

Ele estava triste, estava com raiva, sofrendo sem respostas, ele queria um único momento em que parasse de sentir tudo isso que o enlouquecia.

O que estava prestes a fazer?

Tendo o ímpeto de usar o corpo de outra pessoa, para fugir dos horrores de si próprio.

Jun Wu parou e abraçou Mei Nian Qing com força, apoiando seu queixo no ombro dele enquanto apertava os olhos.

O gesto não mais transpirando um erotismo deliberado, tão volúvel, reduzido a um abraço angustiado e estilhaçado, o corpo de Jun Wu estremecendo porque ele não sabia como conter o que sentia, tão pouco sabia como expressar.

Estando à mercê daquele abraço, Mei Nian Qing sentia-se confuso, quente e excitado. Subitamente sendo envolvido pelo sofrimento transmitido pelo aperto do gesto, suavemente ele também envolveu Jun Wu, com cautela e afeto nos dedos, nas palmas suadas, a ansiedade contida das mãos.

Meu querido Alteza... — Ele soprou num cochicho, algo ofegante. — Estou ouvindo, como de costume... Estou aqui por você.

Agora estava, mas antes Mei Nian Qing o tinha evitado por pelo menos mil anos, evidente que não tinha esquecido esse fato e preferiu guardar esse pensamento... Porque, quem mais Jun Wu poderia abraçar tão destroçado em meio a madrugada tingida com sua desolação?

Respirando fundo, abriu os olhos doloridos de tão apertados que estavam quando fechados, afrouxando o abraço, afastando-se devagar.

Assim que sua face flutuou vagamente, Mei Nian Qing estalou um beijo em sua bochecha, com o esboço de um sorriso leve desenhado nos lábios.

Nian Qing, eu não quero esse tipo de consolo... Por mais que eu pense que Huan Shui decidiu me esquecer.

A voz de Jun Wu ecoou baixa, mas grave e um tanto fria e ele nem mesmo o abraçava mais, meramente tocava-lhe os ombros com os dedos tensos, sem calor na pele.

Então era isso? Mei Nian Qing esquadrinhou aquele rosto que considerava muito mais do que belo, seus dedos seguraram-se com mais ímpeto nas roupas sobre o corpo de Jun Wu.

Com base em que meu querido Alteza pensa assim?...

Quer mesmo me fazer enumerar os motivos? Não sei se as memórias que Bai Wu Xiang deixou para A-Shui foram as piores possíveis... Mas, seja qual for a razão, o fato é que A-Shui continuou distante mesmo sem Bai Wu Xiang entre nós dois e ele... Se envolveu com o discípulo de Sang Xing Guoshi.

Uma nota intraduzível pousou na voz de Mei Nian Qing, somente uma leve perplexidade em seu olhar:

Se envolveu? Quer dizer... Romanticamente? Como o discípulo continuou vivo após admitir algo assim? Me admira.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora