Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2

Chapter 225 Sem vontades e objetivos, os tenebrosos vazios permanecem sem nome 1

Arco 5 Capítulo 225 Sem vontades e objetivos, os tenebrosos vazios permanecem sem nome 1

Em meio ao beijo, as carícias trocadas por seus lábios, suas bocas se abraçando numa premissa lasciva... Comparadas as borboletas ávidas provando do néctar da flor mais doce, Huan Shui sentiu um aroma diferente trazido pela brisa fria que adentrava a escotilha entreaberta.

Sentindo o toque, o corpo de Bai Wu Xiang ondulando ardoroso sobre o seu, quando seu coração estava inquieto com a própria excitação descabida da pele.

Aquele aroma distinto, que nunca tinha sentido, foi o que desligou Huan Shui por um momento daquelas carícias e lhe forneceu o ímpeto que precisava para fugir da suave loucura envolvente delas.

O beijo foi cessado num estalido, tal como se o vidro rachasse em choque com uma ave desavisada e os dois trocaram olhares repletos de vontade ardida e oscilante.

E Bai Wu Xiang que tinha em seu semblante uma excitação feroz, observou algo mais sombrio Huan Shui sair de mal jeito debaixo do seu corpo, correndo como uma criança travessa que tentava ajeitar o robe displicente no corpo, enquanto passava pela porta do aposento.

Quando Shui fugiu acima de tudo da excitação que sentia, ele se deu conta que não estava exatamente num quarto... Mas, numa cabine de descanso.
E assim que pisou do lado de fora, descalço e com o cabelo bagunçado, atando desnorteado a faixa na cintura que antes estava frouxa, ele se arrepiou pela brisa fria da manhã que trazia o cheiro da maresia.

Maresia... Ele nunca tinha sentido esse aroma salgado, mesmo nas memórias de Bai Wu Xiang, ou como Hai Lang, ele não se lembrava de um cheiro assim.

Ele andou afoito pelo convés e chegando na lateral da embarcação, Huan Shui encarou o mar recoberto levemente por uma névoa fina.

Era uma visão fantástica, tal como pela primeira vez quando se deparou com a Queda do Anjo em Lan Hu.

O mar e um pedaço da costa ao longe, montanhas ainda mais distantes e o céu em parte num pálido azulado, a outra parte coberta por um paredão de nuvens que assemelhavam-se aos contornos de um feto de cabeça para baixo dentro de um útero.

Huan Shui teve todas essas impressões em poucos segundos de contemplação, segurando em um dos bordos da embarcação que parecia navegar suavemente naquela miragem calma e fria.

Tão absorto, que não percebeu dentro desses segundos que estava sendo observado por Bai Wu Xiang que também havia abandonado a cabine e de braços cruzados, com o ombro encostado na entrada, o filmava com com aquele mesmo olhar ávido ainda vazante de desejos.

Mas, assim que o arrebatamento inicial pela paisagem desvaneceu, Huan Shui olhou para trás, sinceramente arrepiado.

A paisagem podia ser única e linda, porém... Bai Wu Xiang estava perto em demasia, o barco de médio porte tinha um tamanho limitado e a imensidão do mar lhe despertava certo temor, o fazia pensar de novo em Hai Lang.

De modo, que após lançar uma olhadela para a figura inexorável de Lao Shi, tornou a virar seu rosto e fitar a dualidade do céu refletida na água, aspirando um pouco mais demoradamente o aroma da maresia.

— Uma vez na vida... Podia me perguntar onde eu quero ir, para variar. — Huan Shui soprou casualmente, levemente irônico, quando sentiu Bai Wu Xiang se aproximando também descalço, trajando apenas um robe fino.

— Ah, que interessante seu comentário... — O homem replicou se debruçando ao lado, com malícia suave. — Se agora mesmo... Parecia abduzido pela paisagem.

— Não estou dizendo que não gostei, nesta vida eu nunca havia visto o mar. A questão... É que eu sei que você não faz nada por acaso, sempre há um propósito obscuro por trás... É disso que eu não gosto.