Chapter 216 Sobre o beijo: Chuva, melancolia e desencanto em Jiang Nan

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Capítulo 216 Sobre o beijo: Chuva, melancolia e desencanto em Jiang Nan

A borboleta pendurada no afiador de seu erhu sacudiu no ar durante aquele beijo.

E embora os lábios estivessem um pouco frios, o toque tinha uma maciez maviosa e afetuosa, quase familiar.

Huan Shui sentiu o beijo, a respiração paralisada com a intensidade do gesto repentino, os lábios dele que sugavam com branda doçura os seus, algo mais que o perturbou violentamente.

Seu coração disparou e o rapaz o afastou estendendo o braço, espalmando sua mão aberta contra o tórax de Bai Wu Xiang como se pudesse repelir a aproximação furtiva e envolvente dele com poder espiritual.

Por um momento, Huan Shui se esqueceu que ele não era o mesmo deus de antes e Bai Wu Xiang também não andava agindo como a calamidade temida de outrora.

De modo que seu gesto, não o jogou longe como deveria, mas apenas o afastou um pouco, suas bocas se apartaram e Huan Shui sentiu seus lábios quentes, esse calor se expandiu por sua boca e contaminou sua garganta, parecendo se dissipar enquanto descia por ela.

Sua reação foi tentar limpar essa sensação esfregando a manga do Hanfu nos lábios e no queixo, ele olhou atordoado para Bai Wu Xiang, seu braço ainda estendido como se pudesse fulminá-lo!

Enquanto Bai Wu Xiang estava meramente olhando em sua direção com um meio sorriso provocante nos lábios.

— O que... Você fez comigo? — Huan Shui perguntou baixo, algo alarmado.

— Não me fite com tanto susto no olhar... Não queria que eu fosse sincero? Eu fui.

E ao dizê-lo, Bai Wu Xiang tocou a mão de Shui espalmada em seu peito, esse gesto também perturbou o jovem deus, que teve a impressão de sentir subitamente um coração batendo no peito da calamidade, quando era apenas sua própria pulsação acelerada refletida na palma de sua mão.

Ele puxou sua mão depressa, tocando o próprio pulso, ao passo que tentava controlar a respiração.

— Bastava que usasse as palavras. — Huan Shui censurou, algo cavo e incisivo, os dedos tateando por baixo de sua pulseira. — Não faça mais isso.

— O que? — Bai Wu Xiang inquiriu, recolhendo a cesta com do chão. — Quem foi que sentou no meu colo sem pedir? Não pode me censurar por cobrir seus lábios com os meus... Pode?

Huan Shui olhou demoradamente para a Branco sem face usando aquela aparência antiga, quieto. Ainda pensando no ardor que tinha sentido nos lábios... Ardor que tinha desaparecido como um sonho ao primeiro sinal da estrela vespertina.

Deixando de tocar seu pulso, Huan Shui tocou por um momento o próprio pescoço, pensativo.

E dentro dessa mesma ausência de palavras, os dois se colocaram a seguir o caminho subindo a pequena colina.

Apenas quando estavam quase chegando, é que Huan Shui mirou-se de soslaio em Bai Wu Xiang e pronunciou seriamente:

— Não torne a me beijar... Não faça mais.

Bai Wu Xiang que antes estava olhando para o caminho, voltou-se na direção do rapaz com a leveza de uma pluma, sem desacelerar o passo.

— Evidente, seu menino tolo... Não o farei, a menos que peça com o olhar.

Essas palavras provocativas fizeram Huan Shui desviar sua face. seu olhar, contrariado e sem jeito:

— Eu não vou pedir. Achou que eu estava flertando quando sentei sobre seu corpo mais cedo? Pois, eu não estava! Agi sem pensar... Porque...

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora