Chapter 173 Os mortais perecem, os deuses delegam o abandono e o esquecimento

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Arco 4 Capítulo 173 Os mortais perecem, os deuses delegam o abandono e o esquecimento

As ruas do Reino Médio, antes quietas, sonolentas.

Converteram-se em agitação ao estremecer pela ascensão de um novo deus menor nomeado.

Os outros deuses subordinados do Reino Celestial deixaram suas moradas onde se alojavam durante a noite para entender o que acontecia, normalmente a ascensão de um deus menor não causava tantos tremores, luzes faiscantes irrompendo o local.

De quem seria subordinado esse novo deus menor?

Rapidamente, alguns deuses especularam que poderia ser algum novo subordinado de Pei Ming que era bastante popular e tinha nove mil templos dedicados a ele no Reino Mortal... Ou seria alguém nomeado por Sua Alteza Tai Hua?

Acontece que um número extenso de olhos cresceram estarrecidos tal qual a lua da colheita assim que viram aquele deus, medindo mais de um metro e noventa de altura, de vestes em tons de púrpura, o cabelo negro longo caindo por seus ombros... E aquele rosto!

A maioria sabia de quem era aquele rosto, não era uma face fácil de ser esquecida.

A beleza fria e madura, ainda que com seu devido toque de gentileza, o semblante belo e composto daquele que tinha sido o Divino Imperador até cerca de três anos passados, que datava de seu banimento após enlouquecer e destruir o Reino Celeste e quase promover o completo caos na Capital Imperial.

Jun Wu ouviu o alvoroço em torno de si, e ninguém se atreveu a se aproximar, ainda que alguns deuses ameaçaram a sacar suas armas.

Então, estalando discretamente as juntas de suas mãos, ele tentou abrir os olhos.

Era como enxergar através de uma vidraça coberta de gelo fino.
Jun Wu piscou algumas vezes, sabendo que tinha sido reconhecido, as vozes no entorno soavam e exalavam puro medo, tal como se ele fosse a criatura mais horrenda prestes a devorar suas pobres almas.

Aos poucos sua visão pareceu desanuviar, ele ainda não podia enxergar com nitidez, mas as vozes se afastaram ainda nervosas e ele sabia que em breve o Reino Celeste onde estavam os deuses maiores, seriam avisados de sua presença.

Jun Wu esfregou de leve a manga macia do hanfu que trajava nos olhos e era realmente estranho voltar a enxergar, ainda que não totalmente. Era como se quase estivesse se acostumando ao fato de estar cego, mas de qualquer modo, assim que seus olhos conseguiram captar a paisagem local, ele percebeu que estava sozinho.

Sozinho?... Bem, não exatamente.
Havia algo se movendo dentro de uma de suas mangas folgadas do cardigan aveludado que cobria o hanfu, ele levantou um pouco o braço e viu o gato preto colocar sua cabeça para fora, espiá-lo dali a miar bem baixinho.
Tang Shi, que tinha ascendido junto com ele, havia se transformado de volta em Baobei.

— Que foi, Baobei? Não gosta daqui? Eu também não... Vamos voltar.

A voz de Jun Wu, grave e suave, ecoou nos corredores e ruelas vazias do Reino Médio, a acústica fazendo sua voz reverberar várias vezes enquanto dava às costas para aquele lugar, o som de seus passos se tornaram também um eco distante dos corredores vazios.

Estava prestes a amanhecer.

Ao fazer o caminho de volta, Jun Wu tocou suas costelas por baixo da roupa e elas pareciam simplesmente curadas. Sua ascensão havia sido confusa, ele sabia que estava subordinado a dois seres, não apenas um.

Nunca, em todo tempo que fora deus pela primeira e segunda vez, ele teve notícia de algum deus menor que tivesse dois senhores para servir ao mesmo tempo.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora