Chapter 297 Não era como o sono, de olhos fechados e imóvel em tormento...

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Arco 5 Capítulo 297 Não era como o sono, de olhos fechados e imóvel em tormento desperto

O quarto estava deitado em escuridão.

Tão silencioso, que pendia ao mórbido.

Assim que passou pela porta, Feng Xin usou uma quantidade mínima de mana que fluiu de seus dedos e acendeu o candeeiro, o que teria desfeito essa primeira impressão, se não fosse o pequeno gato preto sob o móvel rústico completamente arrepiado a olhá-lo com seus olhos amarelos redondos.

Mu Qing que tinha entrado logo atrás, pela diferença de uma fração de segundo, encarou o felino placidamente iluminado pela luz das chamas, assemelhando-se a uma esponja negra drenando o mau agouro do aposento, sentindo o resquício da energia demoníaca que nem deuses e cultivadores bem treinados poderiam perceber.

Os dois deuses trocaram olhares, não era nada comum Baobei agir assim.

E ao lançar um olhar furtivo onde estava a cama, Huan Fang permanecia inerte na mesma posição de antes, coberto com a manta, tendo seu corpo de lado, a face voltada para a direção da parede.

Já tinha caído a noite e Feng Xin desde cedo não tinha uma boa sensação sobre os acontecimentos do dia, sem poder esperar um segundo a mais, chamou o menino enquanto o sacudia pelo ombro.
Uma, duas, três vezes... E nada.

Mu Qing sentou na beira e verificou rapidamente os sinais vitais da criança, aliviado por Fang estar respirando, embora num ritmo estranhamente lento, somente quando virou o menino adormecido para seu lado, que os dois perceberam um sinal estranho e vermelho sobre o ponto do terceiro olho, na testa.

Que antes era imperceptível dentro da escuridão anterior.

— Mas... O que é isso? Uma espécie de feitiço? — Mu Qing inquiriu, ajeitando o menino apoiado em seus braços.

— Parece uma espécie de símbolo cabalístico... Não quero saber, queime isso.

Mu Qing quase refutou a ordem, quem sabe o quanto não poderia ser danoso Huan Fang continuar nesse estado e com seu poder espiritual tentou anular e quebrar aquele símbolo, deslizando com o dedo indicador sobre ele, uma luz dourada cobriu todo vermelho.

O quarto se iluminou ainda mais por um breve momento e quando Mu Qing fechou seu punho e o dourado se dissipou em partículas brilhantes, somente a luz pálida do candeeiro restou.

Baobei que antes parecia um baiacu inflado, esticou as patas dianteiras soltando um miado fraco, seu pêlo já não estava eriçado, mas ele parecia olhar em dúvida a cena, até seu miado baixo parecia perguntar se tudo estava bem.

Subitamente, como se emergisse da água álgida sob a neblina espessa, Huan Fang arregalou os olhos e respirou tão afoito e desesperado que engasgou e mesmo que sentisse todo seu corpo pesar, os músculos como que pedras maciças pressionando para baixo a própria carne, suas mãos se agarraram em Mu Qing com um pavor indescritível.

— Fique calmo, Fang! — Feng Xin pediu, de pé ao lado de Mu Qing que estava sentado na cama amparando o menino. — O que você está sentindo? Dói alguma parte do corpo?...

Mas qualquer palavra ainda estava engastalhada, tal como se estivesse se acostumando a respirar em seu próprio ritmo, Huan Fang subiu no colo de Mu Qing, seus dedos trêmulos e assustados irredutivelmente presos às vestes do deus do sudoeste.

— Ouviu seu tio Feng Xin?... Trate de se acalmar, está seguro agora. Quer um pouco de água?

O garoto balançou a cabeça em concordância e Feng Xin preencheu um copo de cerâmica com água de uma jarra que sempre ficava no quarto, os dois generais queriam aparentar calma, quando ainda se sentiam apreensivos.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora