Chapter 223 A prisão do demônio refletida no olhar de seu antigo amante

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Arco 5 Capítulo 223 A prisão do demônio refletida no olhar de seu antigo amante

Desde que acordara do coma de três anos na Fortaleza Vazia, era a primeira vez que experimentava uma noite imersa num sono tão profundo.

Despertar era nitidamente uma tarefa difícil, havendo uma desordem que ele ignorava, a colcha azul macia caindo da suposta cama, parte dela no chão, outra presa por suas costas.

Parte de seu cabelo também caía solto, em desordem pelas beiras, seu queixo níveo de contornos firme, porém suaves apontava sutilmente para cima enquanto seu braço descansava sobre seu corpo adormecido, o robe que vestia frouxo em seu corpo, descendo pelos ombros e deixado as escápulas à mostra banhadas pela luz do amanhecer que entrava pela escotilha.

Naturalmente não sentiu quando dedos tocaram seu cabelo, tão pouco o movimento por cima de seu corpo.

Foram os beijos em seu ombro, deslizando numa carícia morna e demorada em seu pescoço, dispersados aos poucos, em pequenas doses que arrepiavam a pele, que alteraram a sua respiração e trouxeram sua consciência à tona.

Sua perna se flexionou preguiçosa, a sensação causada pelos beijos era familiar, causando-lhe certa sensação de calor na cutis, um rubor discreto nas áreas beijadas. Nem havia despertado de todo, essas pequenas carícias haviam lhe despertado um início de excitação.

Como sua mente que acordava estava confusa, esse recente frêmito também lhe causou inquietações palpitantes e ele se obrigou a abrir os olhos, um pouco sem foco.

Sua mão esfregou de leve as vistas e pode ver... E seus olhos cresceram assustados, tal como sua inquietação.

Ele viu aquele cabelo negro caindo em sua direção, a mecha branca balançando como uma tira no ar, o rosto que tinha sido de Lao Shi e seu corpo antes tão vulnerável virou bruscamente de bruços, porque não queria mais olhar e tão pouco que Bai Wu Xiang percebesse sua excitação.

Esse gesto, repleto de irritação, arrancou uma risada baixa e voluntariosa da calamidade.

Huan Shui estava prestes a gritar “Saia já daqui!”, mas seu olhar espiou pelos vincos da fronha do travesseiro e seu coração disparou ainda mais.

Não estava no quarto em Lan Hu, não havia aquela janela oval, nem cortinas tremulantes, tão pouco o cheiro das flores do início de primavera.

Era um aposento estranho e completamente diferente!

— Que... Lugar é esse?

Contudo, ao invés de ouvir uma resposta, sentiu mais que depressa, aqueles lábios provocando sua nuca semi oculta pela bagunça de seu cabelo, a mão dele tocando os contornos de suas costas de um jeito tão estritamente íntimo, como se ele soubesse perfeitamente quais os caminhos da pele que o deixavam mais excitado, pedindo mesmo que não quisesse... Por Mais.

— Já vai descobrir... — Bai Wu Xiang segredou aproximando os lábios de sua orelha.

— O que está pensando?... — Huan Shui rebateu, trincando os dentes, tão irritado quanto desconcertado. — Não toque assim alguém que está dormindo... É o pior tipo de abuso.

Ao pronunciar a palavra abuso, no mesmo segundo Jiahao surgiu em sua mente, invadindo seu quarto em plena madrugada no início de sua adolescência, as sensações que lhe vinham continham uma mistura de asco com uma excitação revivida distorcida.

— Mas, Shui... Você está acordado agora... Apenas nós dois... Não há nada de errado nisso...

O cochicho era uma nota contínua de excitação afetuosa, a voz de Bai Wu Xiang puxava de volta Huan Shui das memórias com Jiahao, quando o rapaz tinha o rosto escondido no travesseiro, ainda sentindo-se culpado por exalar suspiros de prazer.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora