Chapter 319 O ciclo da culpa, das feridas na alma que tornam a sangrar

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Arco 6 Capítulo 319 O ciclo da culpa, das feridas na alma que tornam a sangrar

[Aviso: Capítulo com conteúdo sensível, estupro e violência]

Sua excitação se elevava num nível alarmante quando Lao Shi o provocava com beijos.

E seu corpo se retesou de olhos fechados, entre suspiros profundos, gemendo vez ou outra baixinho, ao passo que tentava libertar seus pulsos bem amarrados.

Seu corpo estremeceu, tendo as coxas tensas, enquanto o ritmo da penetração era retomado.

Então, sentiu os dedos engancharem em seus pulsos atados, apertar ainda mais, algo além da dominação.

Abrindo os olhos, tentando compreender essa atitude, Huan Shui entreabriu seus lábios prestes a soltar uma exclamação notória de horror, mas outra mão cobriu sua boca, abafando qualquer pretenso som.

Não havia mais a máscara de Bai Wu Xiang, nem o rosto de Lao Shi.

Os olhos que o encaravam, o sorriso juvenil capcioso oferecido, o toque que o detinha pertenciam a Jiahao.

Era seu irmão que estava reiniciando aquela penetração, o membro dele dentro de seu corpo, tal qual a espada nas entranhas.

Tendo os cabelos soltos, o hanfu descendo pelos ombros largos, sua expressão era a pura provocação.

Não olhe assim para mim, Shui Ge... — Jiahao soprou lânguido, prendendo-lhe os braços por cima de sua cabeça. — Essa sua expressão, apenas atiça o desejo de te foder com mais força... Ah... Você... Consegue ser tão apertado quanto o Fang.

Era aquele olhar, a expressão erógena que se lembrava no Jiahao de doze anos, mas a malícia dele era muito maior, a força dele sob seu corpo tão absurdamente dominadora, Huan Shui tentou se mover para escapar por baixo dele, mas estava preso, não era o corpo do garoto de doze anos, era seu irmão aos dezessete, mais alto do que o próprio Shui e em pleno ato sexual, seu corpo completamente entregue a ele, mesmo que repudiasse o fato.

Sem soltar seu pulso, Jiahao moveu-se cada vez mais rápido e o som de seus corpos embatendo durante o coito, preencheu voluntarioso o quarto, a mão que antes cobria-lhe a boca, apertava-lhe o pescoço, querendo estrangular o menor protesto.

E enquanto era violentado, falta-lhe o ar, sua vista perdendo a nitidez, seus pensamentos afogados em completo caos.

Por que Jiahao? Como ele poderia estar ali depois de tudo?... Era tão hediondo e real, sentia o aroma da pele dele, a voz, as palavras... Tudo era a marca de Huan Jiahao.

Assim que os dedos soltaram seu pescoço, tentando respirar imerso em desespero, sentiu uma mordida maldosa em seu mamilo, um grito escapou diante da dor e Jiahao lambeu o sangue que minou da mordida, chupando-lhe a carne ferida.

Cada parte de seu corpo naquele instante, tinha se convertido em puro asco.

E cada toque de Jiahao, era um novo e contínuo gesto de violência.

Virando o corpo de Shui como uma boneca de trapos, seu cabelo era uma massa desgrenhada ocultando parte de seu rosto franzido, tentando escapar, Jiahao puxou seu cabelo preso à parte da nuca, segurando rente como se fosse as rédeas de um cavalo, a dor infiltrando-se em seu couro cabeludo tal qual milhares de agulhas.

É isso mesmo?... Quer lutar depois de tudo?... No fundo, você sempre quis ir até o fim do que nós começamos! Abra mais essas pernas para mim, Shui Ge...

Evidente que não esperava que seu irmão obedecesse, por isso mesmo Jiahao o penetrou sem gentilezas, sem soltar-lhe os fios entre os dedos, puxando-lhe as madeixas entre estocadas furiosas, seus gemidos misturando-se com a dor que Huan Shui tentava guardar inutilmente ao apertar compulsivamente seus lábios.

Mesmo quando Jiahao preencheu sua existência com o gozo abundante, pesando satisfeito sobre suas costas, era como se o ato não tivesse terminado. Huan Shui ainda tinha o corpo tenso, doendo por inteiro, tremendo incontrolavelmente.

O rosto escondido entre a confusão que eram as mechas acobreadas de seu cabelo, gemendo baixo, abafando sua dor nos vincos sujos das roupas de cama, seus dedos tão cruelmente fechados que as unhas penetravam na carne da palma de sua mão.

O frio tomando conta de cada recanto da tez, Jiahao se ergueu e rondou seu corpo na cama, virando seu rosto a força na direção dele, para que se olhassem mais uma vez.

Segurando-o com brutalidade pelo queixo, seus dedos se afundando nas bochechas molhadas de lágrimas escassas.

Eu teria sido mais gentil... Se deixasse eu te foder aos doze anos.

Era um sussurro quase doce, malvado, seguido de um beijo na boca que poderia ser considerado outra violação, antes de largar Huan Shui com um desinteresse fulminante.

Era impossível medir o que sentia, ou traduzir racionalmente as sensações que vagavam em seu corpo violentado, esfriando depressa, o sêmen escorrendo aos poucos por suas pernas.

Não sabia se Jiahao ainda estava no quarto, sua percepção estava prejudicada pelas sensações de abuso que se repetiam em sua mente, tentou se mover e se erguer, caindo de volta na cama mais de uma vez.

Trincando a mandíbula, tendo sua língua espremida contra o céu da boca, buscando uma força que nem sabia se tinha, Huan Shui ao menos tinha raiva dentro de si o suficiente para rasgar aquela faixa que prendia seus pulsos magoados com os dentes.

Desorientado, rasgou o tecido com aquela fúria encarnada em sua boca.

Ele se ajoelhou completamente dolorido na cama, com os pulsos libertos ardendo e olhou em volta como um animal ferido espreitaria.

As perguntas começaram a vagar lentamente em sua mente amortecida pela violência, o quarto estava vazio, exalando os aromas agridoces do sexo.

Ele tocou o próprio rosto, o gosto de sangue ainda pairava em sua boca.

Não era o rosto de Lao Shi que tinha visto antes de fechar os olhos, se deixando levar pelo frenesi?

Como Jiahao poderia?...

Como poderiam ter chegado a isso?

Jiahao ainda pactuava com a Calamidade sem rosto?

Nada fazia sentido, mas Huan Shui sentia-se tão ferido que não havia espaço para mais lamentos, ele abandonou a cama sentindo as pernas sem muita firmeza, elas formigavam algo sobressaltadas, mas foi teimoso o suficiente para se limpar dos fluídos que manchavam seu corpo e arrumar uma muda de roupa limpa para cobrir sua nudez e seu olhar agora ressequido olhou em cheio para Huang Ho.

Sua espada tinha ficado esquecida ao lado do erhu, mas seus dedos agora se apropriaram dela num gesto gelado, despindo a lâmina de Huang Ho de sua bainha.

O estalido seco da lâmina fez seu coração tinir de ódio.

E Huan Shui desprezou qualquer fraqueza que rondasse por seu corpo, saindo descalça do cômodo, com uma determinação assassina.

Ele não conhecia os outros cômodos da casa de praia, ele costumava sair pelos fundos, evitando qualquer outro caminho, às vezes o único banho que tomava, era de mar.

Contudo, dessa vez ele saiu do aposento e seguiu por dentro dela, deslizando com a devida raiva entranhada no gesto a porta de correr, adoravelmente forrada com papel de arroz e garças em revoada desenhadas elegantemente no papel.

O jovem deus cego por tudo que sentia não encontrou Huan Jiahao.

Mas, deparou-se com Lao Shi, que lhe ofereceu o sorriso mais ordinário... Enquanto provava de um copo de vinho.


Nota da desprezível autora:

Status atual: ~ Pendurando uma plaquinha na porta (depois de soltar a bomba e sair correndo.)

"A autora saiu de férias" => essa é a plaquinha

(Ela sabe que será xingada e comerão o fígado dela)

PS: Preciso do meu fígado.

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora