Seis meses depois
O Aeroporto lnternacional de Incheon permanece no meu campo de visão, mesmo depois de eu piscar várias vezes para ter certeza de que não estou sonhando.— Daebak! Isso é incrível! — exclamo, com o celular colado na orelha. — A quantidade de pessoas com olhos puxados que estou vendo não é brincadeira.
Escuto Amanda rir do outro lado da linha.
— Como está se sentindo Bia?
— Com frio. — Mais risadas. — E ainda estou tentando acreditar que isso é real. Foi assim com você também?
— Com certeza, eu não parava de me beliscar. — Ela suspira antes de continuar. — Sinto muito não estar aí para te receber. Se ao menos não fosse dia de prova...
— Não se preocupe com isso amiga, eu sei me virar. — Começo a andar, lendo as placas para encontrar a saída.
— E a sua mãe? Não achou estranho você demorar mais do que eu para vir?
— Nem me fale! Ela ficou tão animada que, quando eu disse que meu curso começaria um pouco mais tarde, nem questionou. — Faço uma pausa, sentindo uma pontada ao lembrar. — Por isso, estou de olho nos programas de inclusão a estrangeiros que algumas faculdades coreanas estão oferecendo. Sei que, por ser algo novo, pode demorar para surgir uma oportunidade, mas não é impossível.
Olho as propagandas dos comércio ao redor e repito as palavras em coreano, me divertindo com o som.
— Bom, o prêmio da DCA facilitou seu visto. Tempo você tem.
— Pois é, o mais difícil a DCA já fez, mas o custo de vida aqui é altíssimo. Adiei a viagem para juntar mais dinheiro e, mesmo assim, só consegui o suficiente para algumas semanas! Se eu quiser aproveitar os seis meses que ainda restam do Cartão Platino, vou ter que arranjar um emprego.
Amanda suspira do outro lado.
— Não vai ser fácil, ainda mais sendo estrangeira. Acho melhor você se concentrar em criar conteúdo para o canal, como planejou. Talvez consiga uma renda extra.
— Sim, sim, farei isso — respondo, revirando os olhos. Eu entendo os receios de Amanda com meu plano; afinal, estamos em outro país. As coisas não são tão simples por aqui. Mas isso não vai me impedir de tentar. — Cadê a saída desse lugar? — murmuro, mudando de assunto.
Após me ajudar a encontrar a saída, Amanda desliga para voltar a estudar. Pouco depois, encontro o táxi com o logotipo da empresa de turismo que contratei. Eu não iria querer ficar perdida na grande Seul, não é mesmo? O motorista, um ahjussi* (Senhor) de meia-idade, me recebe com um sorriso e começa a falar comigo em inglês.
— Já esteve na Coreia antes? — pergunta ele, simpático.
Sorrio, pronta para responder em coreano, mas ele continua falando em inglês, todo entusiasmado, então mantenho a conversa no mesmo idioma para não frustrá-lo. Ele deve ter treinado bastante.
— Não, é minha primeira vez. Estou ansiosa para conhecer tudo!
Continuamos batendo papo enquanto atravessamos a bela cidade de Incheon. Enquanto isso, me sinto orgulhosa por estar entendendo todos os letreiros. Os neurônios que queimei para aprender essa língua definitivamente não foram em vão.
Quando finalmente chegamos em Seul, nos deparamos com um trânsito pesado e fico horas com a cara grudada na janela, na esperança de ver o Lee Min Ho ou o Lee Jong Suk em algum lugar. Quando o carro para no sinal, quase saio correndo ao ver uma moça que jurava ser Suzy Bae, sentada em frente a um café. Mas é claro que foi só a minha imaginação, já que a Suzy não andaria por aí tão livremente assim. Relaxa Beatriz, você está na Coreia, não em um evento de celebridades, avisa meu subconsciente, tentando me acalmar. Mesmo assim, continuo analisando cada olhinho puxado que passa por nós, para ter certeza de que não se trata de um dos meus Oppas, só por precaução.
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Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro Dorama
RomanceBeatriz Miranda é uma brasileira iludida, sim, iludida por coreanos. Dorameira e apaixonada por k-Pop, ela acaba vencendo um concurso onde é premiada com o Cartão Platino. Mal sabe ela porém, que esse simples prêmio lhe fará viver uma aventura surre...