Dezoito - O pequeno acidente

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  Chegamos em Hongdae perto das dez da noite. Não sou experiente em baladas, muito menos baladas coreanas, mas graças ao fato da minha melhor amiga ser viciada na night, eu tenho alguma noção de como elas funcionam. Primeiro: A coisa só fica divertida depois das dez, então não estamos atrasadas. Segundo: Hongdae é o "Paraíso dos novinhos", então tem novinho de olho puxado para todo o lado. Terceiro: As pessoas gostam muito de dançar, tanto que alguns já começaram a dançar no meio da rua. Pois é, incrível.

  Eu poderia listar mil e uma coisas diferentes e interessantes sobre esse lugar, mas no momento estou maravilhada com as luzes e a energia do ambiente lotado em que acabamos de entrar. Amanda, que já conhece o local como a palma da mão, me puxa pelo braço com confiança, cumprimentando algumas pessoas pelo caminho. Desculpa aí, baladeira.

  — O que está achando Bia? — grita ela, tentando me fazer ouvi-la apesar da música alta.

  — A fila lá fora é bem mais organizada que no Brasil! — grito em resposta, fazendo-a rir.

  Nos misturamos à multidão e logo vamos para a pista de dança, onde uma batida eletrônica mantém todo mundo agitado. O estilo de dança dos coreanos é uma combinação de ritmo e movimentos simples, alguns até engraçados, mas de uma forma que só eles conseguem fazer parecer legal. As músicas são super animadas, mas é quando toca Good Evening, do SHINee, que eu realmente me solto.

  Depois de alguns minutos dançando, um cara com uma camiseta preta e óculos escuros bem extravagantes se aproxima. Ele sorri para nós, enquanto exibe dois adesivos com uma boca desenhada, um em cada mão. Primeiro, ele oferece um a Amanda, que recusa, então ele se vira para mim.

  — Posso colar em você? — pergunta, esperançoso.

  Olho em volta e vejo várias pessoas, principalmente estrangeiros, com o mesmo adesivo no braço ou na testa. É só um enfeite decorativo, por que não? Dou de ombros e faço um gesto afirmativo para o coreano, que imediatamente prega o adesivo no meu rosto, bem na bochecha.

  — Ei! — reclamo, aborrecida com a forma brusca com que ele fez isso.

  O sujeito sorri maliciosamente antes de sair, e vejo a palavra "Hunter" estampada nas costas da camiseta dele.

  — Qual é a desse cara?

  — Bia, você não devia ter feito isso.

  Encaro Amanda sem entender.

  — Por que, qual é o problema?

  — Sabe qual é o significado de usar um desses aqui? — pergunta, apontando para o meu rosto. — Lembrando que esse clube é voltado para estrangeiros.

  Antes que eu possa responder, sinto um estalo repentino na bochecha. Me viro, assustada, procurando o responsável. Então vejo um coreano piscar para mim antes de desaparecer na multidão.

  — O que foi isso?! — pergunto, chocada.

  — Bia, esse adesivo quer dizer que você está dando permissão... — Outro cara beija meu rosto, me fazendo pular para perto de Amanda. —...para qualquer um te beijar aí — completa ela, rindo. — Daebak! Isso é muito engraçado.

  Mas eu a encaro, aterrorizada.

  — Engraçado? Preciso tirar essa coisa agora! — berro, tentando puxar o adesivo.

  — Por quê? Não parece tão ruim.

  Fuzilo ela com os olhos.

  — Você diz isso porque não é de você que estão tirando uma casquinha! Beijo é coisa séria, sabia?

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora