Dezenove - O safado

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  Distância profissional. Essa foi a melhor maneira que encontrei para lidar com a situação. Sou uma funcionária estrangeira que mora no local de trabalho, nada além disso. Com isso em mente, consegui agir naturalmente nos dias que se seguiram. Seo Jin e Park Hyun também se comportaram como se nada tivesse acontecido, o que facilitou minha vida. Afinal, não significou nada, então é melhor assim.

  Continuo levando minha vida normalmente, trabalhando e estudando muito para o exame da faculdade que será na próxima semana. Ainda é surreal o fato de que moro na Coreia do Sul, mas, depois de dois meses, já me acostumei com a vida aqui.

  Certo dia, enquanto passo o aspirador no corredor, meu celular "emprestado" toca repentinamente, um número desconhecido.

  — Yeoboseyo?* (Alô?)

  — Beatriz Miranda?

  — Ela mesma.

  — Aqui é Kim So Hye, da DCA Entertainment, a empresa responsável pelo concurso I Meet My Oppa. Estamos ligando para dar-lhe uma notícia maravilhosa.

  Fico chocada por um momento, enquanto processo a informação.

  — Mas esse número é novo, como o conseguiram?

  — Temos nossos recursos, mas se isso for incômodo, podemos mandar um e-mail.

  — Não precisa! — exclamo, desesperada demais. — Pode continuar, qual é a notícia?

  — Recebemos informações de que a senhorita está em Seul e que fala nosso idioma fluentemente. Por isso,  resolvemos dar-lhe um prêmio extra, muito especial — explica ela, sem fazer pausas. — A partir de agora, você tem a oportunidade de trabalhar meio período na DCA, como assistente temporária do NI5.

  Como? Quando? Onde?

  — Está falando sério?! — indago, incrédula.

  — Sim, mas deve comparecer amanhã bem cedo com seus documentos para proceder. E certifique-se de trazer o Cartão Platino.

  — Não se preocupe, estarei aí!

  A moça desliga e eu começo a me beliscar para ver se não estou sonhando. Eu vou mesmo trabalhar meio período na DCA? Isso não é real, me recuso a acreditar! Diz a kpopper que mora com seu ex UTT* (Favorito de todo o K-pop) Depois dessa ligação, passo o dia todo nas nuvens, rindo que nem uma idiota. Acho que nunca mais vai existir uma kpopper tão sortuda quanto eu.

  Quando termino o trabalho, resolvo dar uma volta pelo edifício, algo que eu nunca fiz desde que passei a morar aqui. Ando por algum tempo, analisando todos os detalhes, desde um quadro na parede até um imenso jardim de descanso, tudo muito maravilhoso. Muitas pessoas diferentes e bem vestidas passam por mim, mas nem sequer cumprimentam. Parece que a mitideza é igual em todo lugar.

  Logo resolvo voltar. Em um edifício tão grande, é claro que eu não iria muito longe. Mas, ao voltar pelo corredor, uma questão muito importante surge na minha mente: por onde eu vim? Olho para o corredor da esquerda e, em seguida, para o da direita, sentindo-me confusa. No fim de um deles deve haver um elevador. Se não der certo, eu volto e pego o outro, penso, e decido ir pelo corredor da direita. Mas, depois de andar e virar várias vezes, descubro que o corredor da direita não tem fim. E agora, como volto ao corredor anterior e pego o da esquerda? Isso mesmo, deu merda!

  — Tudo bem, só preciso perguntar a alguém — falo, mantendo a calma.

  Depois de andar e ser ignorada por algumas pessoas começo a ficar irritada. Qual é o problema dessa gente? Mas, por sorte, vejo alguém de uniforme e boné vindo em minha direção, provavelmente um entregador. Ufa!

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora