Vinte e Dois - Sorriso malicioso

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  Finalmente, o dia tão aguardado chega, e eu me sinto mais confiante do que esperava. Seo Jin me deixa na faculdade bem cedo, e logo a prova começa. Mesmo tendo estudado igual uma condenada, passo horas quebrando a cabeça com as questões. Estou participando de um exame exclusivo para estrangeiros, que, embora seja mais flexível em alguns aspectos, ainda é um grande desafio. Mas não posso reclamar. Os coreanos dedicam a vida inteira se preparando para entrar aqui, essa é uma oportunidade única. E saber que estou competindo apenas com estrangeiros por vagas específicas é um alívio.

  Quando termino a prova, ainda preciso enfrentar uma entrevista bem intimidadora. Graças a minha fluencia em inglês e coreano, consigo impressionar alguns dos avaliadores — o que já é alguma coisa. Depois do que parece uma eternidade, sou finalmente liberada, sentindo uma mistura de alívio e expectativa pelo que está por vir.

  — O que disseram? — pergunta Amanda, me encontrando alguns minutos depois, do lado de fora.

  — Eles vão entrar em contato se eu for aprovada. Agora é só esperar.

  Caminhamos juntas em direção ao metrô.

  — E como foi seu primeiro dia na DCA? Não consegui te ligar ontem para saber.

  Dou de ombros, tentando disfarçar o entusiasmo.

  — Nada de mais... só me tornei assistente do NI5.

  Ela para de repente, me encarando com espanto.

  — Deles também?!

  Aceno com a cabeça, e vejo o queixo dela praticamente cair no chão.

  — E logo no meu primeiro dia, pude vê-los praticando coreografia! Sem falar que me fizeram dançar música brasileira, acredita?

  — Daebak! Estou com inveja! Será que eles não tem vaga para mais uma assistente?

  Rimos juntas, e continuamos conversando sobre minha nova aventura por um bom tempo.

  * * *

  Alguns dias se passam sem notícias da faculdade, provavelmente porque não passei — nada surpreendente, se for pensar bem. Mas, por outro lado, me sinto cada vez mais satisfeita com meu trabalho na DCA Entertainment. O motivo? É simples: todos os dias eu tenho o privilégio de ver o NI5 ensaiando, comendo, conversando, e até mesmo descansando. Sério, o que mais eu poderia querer da vida? Mas o que realmente me fascina é quando eles praticam as coreografias. Aquilo não é apenas dança, mas uma obra de arte! É por isso que, toda vez que os observo, me pego hipnotizada, lutando para não ficar de boca aberta.

  Num belo dia, porém, chego mais cedo e encontro a sala de ensaios completamente vazia. O silêncio contrasta com a energia que o lugar costuma ter, e fico ali por alguns minutos, apenas observando o espaço. É estranho ver a sala tão quieta, sem os risos e os passos ritmados do NI5. De repente, sem perceber, me vejo tentando imitar alguns dos passos que vi eles ensaiarem, a melodia de uma de suas músicas ressoando na minha cabeça.

  — Um, dois, três, quatro... — murmuro enquanto conto os passos, tentando acertar a sequência. Sorrio feito uma boba, me sentindo uma verdadeira dançarina, mesmo que só por alguns minutos. Me deixo levar pela sensação, imaginando como seria estar ali com eles, no meio de um ensaio de verdade.

  Fico totalmente concentrada nos meus pés, sentindo a animação crescer a cada passo. Mas quando decido conferir os movimentos no grande espelho à minha frente, quase dou um pulo ao ver o reflexo dos garotos parados atrás de mim, me observando. Me viro rapidamente para eles, sem saber onde enfiar a cara. O silêncio constrangedor só piora a situação, e sinto minhas bochechas queimarem de vergonha.

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