Não consigo abrir os olhos. Acho que eles estão pesados devido a alguma substância que aplicaram em mim. Calma, não é o que você está pensando; essa substância faz parte do atendimento que estou tendo em um hospital. Um hospital na Coreia do Sul. Dá para acreditar? Embora eu não consiga me mexer, posso ouvir tudo ao meu redor, e ouvi quando os policiais deram informações minhas na emergência.
— O que houve? — ouço uma voz masculina perguntar, num tom tão suave que me sinto mais relaxada.
— Vítima de assalto. Aplicamos um sedativo porque ela estava em choque — responde agora uma voz feminina. Talvez a enfermeira?
— Você fez bem.
Sinto uma mão segurar meu pulso, depois dedos tocarem meu pescoço.
— Não foi só um assalto, está vendo os hematomas?
Não ouço resposta. Será que eu levei um tiro em algum lugar? Após sentir um objeto redondo acima do peito, uma mão se apoia suavemente no meu rosto para abrir meus olhos com cuidado. Uma luz intensa invade meu globo ocular e consigo ver o flash de um rosto masculino antes das pálpebras se fecharem novamente. Um médico coreano. Não consegui vê-lo claramente, mas parece ser bonito. Ou foi a voz que me enganou.
Depois, não escuto mais nada e o silêncio me traz de volta o sono.
* * *
Acordo com a mão da minha mãe puxando meu braço.
— Só mais cinco minutos... — resmungo, virando o rosto para o outro lado. — Sonhei que fui assaltada, foi horrível.
Mas ela continua me puxando.
— Por favor mãe, eu disse que foi horrível — reclamo, me virando para olhá-la, mas me assusto ao ver que o rosto que me encara não é o da minha mãe.
— Quem é você?! — grito, me sentando na cama, assustada.
Uma mulher com traços asiáticos me observa com curiosidade.
— Annyonghaseyo!* (Olá! - Formal) — cumprimenta ela, se curvando.
— Onde estou?
Olho ao redor e vejo o interior de um hospital. Os caracteres coreanos por toda parte deixam claro que não estou no Brasil. Então não foi um sonho?
Não, você está mesmo na Coreia. E sim, você foi assaltada.
Fecho os olhos e respiro fundo para assimilar as palavras do meu subconsciente.
— Sinto muito, não falo sua língua. Do you speak english?* (Você fala inglês?)
O sorriso da mulher é cauteloso e amigável, mas eu ainda me sinto nervosa ao lembrar dos últimos acontecimentos. Táxi, beco, fobia, arma... É, agora terei algo interessante para contar aos meus amigos quando eu voltar.
Volto a encarar a mulher, me sentindo mais calma.
— Estou na Coreia do Sul? — pergunto em coreano, surpreendendo-a.
— Você fala coreano, que bom! Sim, estamos em um hospital de Seul. Você chegou ontem com a polícia. Eles voltarão em breve para pegar seu depoimento, então poderá prestar queixa.
— Queixa?
— Sim, é o protocolo. Mas pode fazer isso depois, se preferir.
Fico em silêncio, me sentindo tensa. Embora já soubesse o motivo de estar aqui, é mais difícil digerir quando se ouve em voz alta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro Dorama
RomanceBeatriz Miranda é uma brasileira iludida, sim, iludida por coreanos. Dorameira e apaixonada por k-Pop, ela acaba vencendo um concurso onde é premiada com o Cartão Platino. Mal sabe ela porém, que esse simples prêmio lhe fará viver uma aventura surre...