Dezessete - Balada

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  Acordo cedo em pleno domingo. Isso não é algo comum para mim, mas, como ainda estou me adaptando ao fuso horário, tem acontecido com frequência. Combinei de me encontrar com Amanda hoje, então me arrumo rapidamente e saio, deixando apenas um bilhete para Linda, que ainda dorme.

  Respiro fundo e satisfeita enquanto ando pela calçada. Resolvi que tiraria o dia para sair sozinha e aproveitar o quanto eu quisesse. Agora é o momento perfeito, pois a empolgação de conhecer a Coreia, que eu havia perdido temporariamente depois do assalto, finalmente voltou, e com força total.

  Após pegar o metrô e dois ônibus, finalmente chego ao lugar que Amanda escolheu para nos encontrarmos. Assim que desço, sou recebida por um bairro charmoso e cheio de vida, onde o antigo se encontra com o novo de um jeito que só a Coreia sabe fazer. As ruas são estreitas, com lojas de vidro por todos os lados, cafés aconchegantes e butiques modernas, cada uma com letreiros em neon que piscam, como se chamassem por mim. O contraste entre a modernidade vibrante e a arquitetura mais antiga é tão fascinante, que é impossível não tirar um momento e observar. Mas logo percebo que há uma pequena praça ali perto, com bancos de madeira onde algumas pessoas descansam, inclusive minha amiga.

  — Aqui Bia! — chama ela, se levantando ao me ver.

  — Sai com bastante antecedência para o caso de me perder e você ainda chegou primeiro — reclamo, assim que a alcanço.

  — Olhe o lado positivo, você já consegue usar transportes públicos sem nenhum problema.

  — Graças a você. — Dou uns tapinhas em seu ombro, brincando. — E aí, quais são os planos para hoje?

  Ela me pega pelo braço e começamos a andar.

  — Não se preocupe, marquei vários pontos turísticos para visitarmos. Vamos tirar muitas fotos, você vai amar.

  Solto o ar, aliviada.

  — Um pouco de normalidade, para variar. Minha vida tem sido bem caótica ultimamente — murmuro.

  Amanda para de andar, me olhando com deboche.

  — Caótica? Você está morando na casa de Park Hyun e quase foi processada por entrar de penetra no show dele! Agora, a única forma de sobreviver é o chantageando. — Ela ri ironicamente. — Sério, isso é bem mais que "caótico."

  Eu rio junto, sem condições de contradizê-la.

  — Não sei como você se mete nessas encrencas Bia — continua ela, voltando a caminhar. — E eu só acredito nessa loucura porque vi com meus próprios olhos.

  — Nem me fale.

  — Ah, também teve aquele vídeo que você postou. — Ela breca com tudo e me encara animada. — Não sei como você conseguiu convencê-lo a dar aquela entrevista, mas está bombando no YouTube! Já viu a quantidade de visualizações?

  Imediatamente, pego o celular e abro o YouTube. Meus olhos se arregalam quando confirmo o fato.

— Daebak, isso é inacreditável! — exclamo, maravilhada. — E tem uma enxurrada de comentários também!

  — Pois é, garota, você está famosa no mundo dos koreaboos* (fanáticos pela cultura coreana) — brinca minha amiga, me puxando outra vez.

  Vou todo o caminho lendo e respondendo comentários. Depois de pararmos em alguns lugares interessantes, vamos para o Gyeongbokgung, o palácio histórico ao norte de Seul, em Jongno-gu. É um dos pontos turísticos mais famosos da cidade, e entendo o motivo disso quando chego lá. O local está cheio de turistas, tanto estrangeiros quanto coreanos. Muitos estão usando hanbok, o traje tradicional da antiga Coreia, que sempre aparecem nos K-dramas históricos. Embora sejam bonitos, com suas cores vibrantes, decidimos não usar. Mas eu tenho a ideia de mostrar tudo isso no meu canal, então começo a filmar com o celular.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora