Dez - O show dele

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  Amanda me aguarda em frente ao Tower Palace, às cinco da manhã em ponto.

  — Você trouxe o que eu pedi? — pergunta, assim que entro no carro.

  — Sim, mas achei um pouco exagerado.

  Ela estreita os olhos para mim, numa expressão assustadora.

  — Beatriz Miranda, você está prestes a ter a experiência mais emocionante da sua vida. É melhor garantir que não vai dar nada errado, não acha?

  — Você fala como se já fosse uma veterana no assunto.

  — Ei! — Coloca a mão no coração, fingindo estar ofendida. — É verdade que só fui a três shows, mas amiga, não é preciso mais do que isso para aprender a lição.

  Ela liga o carro, e seu sorriso presunçoso me faz rir.

  — Uau! Você está mesmo dirigindo o carro de outra pessoa como se fosse seu.

  — Claro. — Ela ri também. — Tenho que aproveitar a oportunidade.

  — Como se chama a dona mesmo?

  — Marcela, ela também é brasileira, mas está morando na Coreia desde que se casou com um coreano.

  — Sério? — pergunto, surpresa.

  — Eu sei. Sortuda maldita.

  Dou risada, mas depois faço careta.

  — Não devia falar assim, ela te emprestou um carro — gesticulo com as duas mãos, enfatizando o tamanho da confiança necessária para isso.

— Não fez mais que a obrigação!— retruca Amanda, brincalhona. — Mas não foi bem assim. A verdade é que estou fazendo bico como motorista particular — revela, me olhando de canto. — Peguei o carro para fazer a manutenção, e ela disse que eu poderia usá-lo em caso de emergência.

  Balanço a cabeça, divertida. Ah, se Marcela soubesse o que é considerado emergência para nós...

  * * *

  Uma hora depois, finalmente chegamos no local do evento.

  — Uau, já tem gente na fila — comento, observando algumas barracas montadas em frente à entrada do estádio.

  Estacionamos o carro do outro lado da avenida. Após pegarmos nossa barraca e duas bolsas grandes de Amanda, com sabe-se lá o quê dentro, nós finalmente entramos na fila.

  — Não precisaríamos chegar tão cedo se você já estivesse com o ingresso — murmuro, bocejando de sono.

  — Você sabe que é praticamente impossível comprar ingresso online em cima da hora! — retruca Amanda. — O importante é que a gente vai entrar, não é? E, convenhamos, foi você quem insistiu em vir.

  — E estou começando a me arrepender — resmungo. — Por que passar por todo esse sacrifício de montar uma barraca para ver um show de Park Hyun quando eu já o vejo todos os dias no apartamento?

  Assim que acabo a frase noto algumas garotas nos encarando com uma expressão estranha.

  — Ah, você fala daquele seu pôster incrível? Mas vê-lo pessoalmente será bem mais emocionante! — diz Amanda, tentando disfarçar. Em seguida me lança um olhar explícito: “Fica quieta, eu não quero parecer maluca também.”

  — Afinal de contas, que horas será esse show? — pergunto, depois de um tempo.

  Amanda parece se surpreender com a questão.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora