Quarenta e Três - O começo

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  — Não sei exatamente quando começou. Eu costumava pensar em você o tempo todo, mas era para achar um jeito de te desmascarar e fazê-la ir embora de uma vez. — Ele faz uma expressão engraçada de ranço, enquanto se lembra. — É sério, só de saber que estávamos sob o mesmo teto já era motivo para me deixar estressado.

  — Não era para ser uma história romântica? — reclamo, torcendo o nariz.

  Ele sorri.

  — Estou começando do começo — explica, então estica as pernas e apoia o corpo nos dois braços que estão encostados no chão. Como estamos mais afastados das outras mesas, ninguém parece se importar que estejamos tão á vontade. Realmente gostei desse lugar.

  — A primeira impressão que tive de você foi a pior possível: Uma sasaeng louca e mentirosa — continua Hyun. — Então começamos a conviver e quanto mais eu a intimidava, mais você se arraigava ali. Eu pensei: "Por que ela é tão determinada?" — Faz uma pausa dramática, enfatizando a questão. — Quando se tornou próxima de Linda e do meu irmão, deduzi que você não tinha um pingo de vergonha na cara e fui ficando cada vez mais irritado. — Ele observa o lago, o rosto variado em expressões. — E aquele dia em que você me deu um tapa na cara... Wua! Foi a gota da água! Eu fiquei inconformado, sabia?

  — Você mereceu — replico.

  — É verdade e eu sabia disso, foi o que mais me irritou. — Ele respira fundo, então fica sério e volta a me encarar. — Em fim, foi quando a vi no show que a situação piorou.

  Olho para baixo, envergonhada. Foi uma ocasião conturbada.

  — Você deve ter ficado surpreso por eu ter entrado de penetra.

  — Surpreso? Eu fiquei completamente chocado quando a vi no meio das dançarinas! Até hoje não acredito que teve coragem de fazer aquilo.

  — Foi um acidente, não era para termos ido parar no palco — murmuro.

  — Mas você estava lá e fiquei tão perplexo com isso que passei quase o show inteiro a espiando. Foi a primeira vez que a vi dançar — completa, me fazendo perder o fôlego.

  — E?

  Ele sorri.

  — Nunca vi alguém errar tantos passos em uma coreografia.

  — Ei! — Dou um tapa em seu ombro, mas ele me lança um olhar intenso, sem humor.

  — Mesmo assim, fiquei admirado ao ver como se deixava levar pela música.

  Não consigo conter o sorriso. Então ele gostou da minha dança doida?

  — Por que disse que a situação piorou? — pergunto depois.

  — Porque naquele dia eu quase te fiz ser presa e você me ameaçou. Uma receita perfeita para nos tornar inimigos mortais, não acha? — Ele se inclina um pouco até mim, para ouvir a resposta.

  — Tem razão — admito.

  — Depois disso comecei a me vingar, mas não importava o que eu fizesse, você não desistia. Isso atiçou minha competitividade e quando me dei conta, já fazia parte da minha rotina te provocar. — Ele sorri com a lembrança. — Como eu disse, não sei quando começou, mas me lembro de coisas estranhas que foram acontecendo comigo depois daquele show.

  — Que coisas estranhas? — A pergunta salta tão rápido da minha boca que fico constrangida, mas Hyun deixa passar. Ele parece mais envergonhado do que eu no momento.

  — Bem...

  * * *

  Noite do show

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora