Hyun chora alto no meu ombro e eu choro em silêncio, enquanto o escuto.
— Não podia ser verdade! — grita, desesperado. — Não podia ser ele Beatriz, não o meu amigo, meu irmão...
Passo a mão pelo cabelo dele, completamente impotente. Não sei o que mais posso fazer. Meu rosto está molhado e meu coração doendo muito. Agora a ferida de Hyun está aberta e o pior é que fui eu quem a abri. Sou realmente uma estúpida!
— Se eu... tivesse... ficado do lado dele...
Eu não aguento, e imediatamente seguro seu rosto entre as mãos, fazendo-o me encarar.
— Você sabe que não foi culpa sua — garanto, segurando o choro. E chego mais perto para que ele veja bem a sinceridade em meus olhos. — Pode culpar as sasaengs se quiser, mas a você não.
Hyun não responde, e embora pareça mais calmo, as lágrimas continuam a cair. Então, no impulso de consolá-lo, eu o abraço. Para a minha surpresa, ele me abraça de volta, e sinto no forte aperto dos seus braços o quanto ele precisava disso.
— Não fui sua culpa — repito, a voz rouca.
Não sei quanto tempo passa até Hyun ser capaz de me soltar. E quando o faz, ele ainda fica em silêncio por alguns minutos, até conseguir se recompor.
— Depois da morte de Ren, comecei a beber para tentar aplacar a dor — começa, após respirar fundo. — Um dia, eu estava bebendo em um bar pouco conhecido, mas algumas fãs me reconheceram. Elas vieram falar comigo, não lembro o que aconteceu depois. Só sei que acordei na calçada do bar e fui para casa de táxi. Mas na semana seguinte... recebi uma intimação da polícia.
— Polícia?!
— Sim, uma das fãs deu queixa por agressão.
Abro a boca, espantada. Hyun evita me encarar, mas posso ver o remorso o consumindo.
— Espera, se não se lembra, não pode afirmar que realmente fez isso — falo imediatamente. — Pode ter sido um mal entendido!
Ele levanta o olhar para mim, intrigado.
— Eu não entendo... por que ainda me defende? Por que não aceita que eu sou um monstro?
Me sinto indignada com suas palavras.
— Você não é um monstro, posso garantir.
— Como?! — sua voz sai alta a ponto de me assustar. Hyun percebe e abaixa a cabeça, arrependido. — Entende agora? — pergunta baixinho.
Respiro fundo, tentando assimilar tudo o que acabo de ouvir com tudo o que eu sei sobre ele. Hyun não é um monstro, eu sei que não é. Porque se fosse, eu não teria me apaixonado por ele. Agora sou eu quem encara o nada, tentando decidir se digo isso em voz alta ou não.
— Desculpa Beatriz — diz então, me fazendo voltar a olhá-lo. — Eu queria acreditar que não fiz aquilo, mas se nem meu próprio irmão acredita em mim, por que eu deveria?
Ele solta um riso amargurado, mostrado o quanto a questão o machuca. Me sinto irritada por saber sobre Seo Jin, mas deixo isso de lado. Tudo o que quero agora é consolar Hyun, mas não sei como, então repito a única coisa da qual tenho certeza:
— Eu acredito em você.
Sua expressão suaviza, como se minhas palavras lhe causassem alívio. Ele me encara por um longo momento, parecendo absorver cada traço de honestidade em meu rosto.
— Você é incrível — diz por fim, quebrando o silêncio de forma arrebatadora.
Tento me manter calma para não revelar o turbilhão de sentimentos que tentam me engolir, mas é difícil quando ele me olha assim.
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Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro Dorama
RomanceBeatriz Miranda é uma brasileira iludida, sim, iludida por coreanos. Dorameira e apaixonada por k-Pop, ela acaba vencendo um concurso onde é premiada com o Cartão Platino. Mal sabe ela porém, que esse simples prêmio lhe fará viver uma aventura surre...