Sete - Sasaeng

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  Volto ao apartamento bem mais cedo do que esperava. Até que não foi tão difícil usar o metrô, e para facilitar, o prédio onde Seo Jin mora fica em Gangnam, um dos bairros mais luxuosos de Seul. É mole? Chego até a porta da entrada sem nenhum problema, mas sem ter como abri-la, sou obrigada a tocar o interfone.

  — Sim? — responde uma voz masculina que, para meu desgosto, reconheço como sendo de Park Hyun.

  — Sou eu, pode abrir?

  — Sinto muito, não sei quem é "eu."

  Faço cara feia, enquanto seguro algumas palavras ofensivas. Calma, você precisa desse emprego.

  — Olá, aqui é Beatriz Miranda, a empregada — falo suavemente — Posso entrar?

  Após um breve silêncio, ouço o "clique" da porta. Entro e, assim que chego a sala, encontro Park Hyun esparramado no sofá. Ele mantém os olhos fixos na TV, ignorando minha presença. Resolvo fazer o mesmo, atravesso a sala sem dizer nada e vou direto para a cozinha. Tenho fome, mas não vejo Linda em lugar nenhum. Será que consigo descolar um miojo? Começo a abrir os armários para procurar e descubro que tem todo tipo de coisa, menos miojo. Droga, eu quero comer miojo. Continuo procurando e, quanto mais o tempo passa, mais a minha lombriga aumenta, me deixando irritada.

  — Argh, tem tanta coisa nesse armário! — reclamo, checando a última prateleira.

  — O que você fez?

  Olho para trás e vejo o "senhor kpop" me encarando com os braços cruzados.

  — Falou comigo? — pergunto, num coreano formal.

  Ele dá alguns passos até mim, me deixando alerta.

  — Responda.

  — O quê?

  — O que você fez com o meu irmão? Por que ele te trouxe aqui?

  Franzo a testa. A expressão de Park Hyun é séria, me faz lembrar de um pôster dele que tenho no meu quarto lá no Brasil. Não que isso me abale.

  — Ele apenas me atendeu no hospital e depois me ofereceu o emprego.

  — Isso não faz sentido. — Ele se encosta no balcão ao meu lado, me encarando profundamente. — Meu irmão não é do tipo que faz caridade, e muito menos se deixa levar por um rosto bonito.

  Quase sorrio. Então eu tenho um rosto bonito?

  — Nem por um rosto lamentável, como o seu.

  Fico indignada, mas engulo a vontade de retrucar para não piorar as coisas.

  — Olha, eu sei que você não gosta de mim — começo, num tom de voz pacífico. — E, sinceramente, também estou muito desconfortável com essa situação. Afinal, você era o... — Me contenho antes dizer "amor da minha vida." Ufa. — Você era alguém que eu admirava e agora não admiro mais.

  Ele aperta os lábios num sorriso frio.

  — Eu não dou a mínima.

  Respiro fundo, mantendo a calma.

  — Percebi e já aceitei essa realidade, então... — Começo a me afastar. — Vamos só conviver pacificamente, ok?

  Mas ele passa por mim e bloqueia meu caminho, forçando-me a parar. O que ele quer agora?

  — Você o enganou, não foi? O que disse a ele?

  Fico em silêncio, confusa com a acusação.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora