Cinquenta e Quatro - No Brasil

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Um ano depois

  Respiro fundo para tentar me concentrar na lousa a minha frente, uma tarefa nada fácil quando o professor está ausente. Já faz um ano que estou cursando psicologia aqui no Brasil e nesse meio tempo desenvolvi um interesse em aprender que jamais imaginei. Realmente, escolhi a área certa. Mas ainda assim, hoje não estou conseguindo me concentrar por causa do burburinho que circula entre as garotas da sala. 

  — Vocês ficaram sabendo? — diz uma delas.

  — O quê?

  — O NI5 já chegou no Brasil!

  — É mesmo! Eu vi o vídeo do alvoroço no aeroporto.

  Fecho os olhos, tentando pensar na matéria, mas a voz delas parece ficar cada vez mais alta na minha cabeça.

  — Não consigo acreditar que essa é a última turnê de Park Hyun antes de encerrar a carreira, ele tem tanto talento! Qual será o motivo?

  Bato a mão na carteira bruscamente, fazendo um barulho estridente que chama atenção de todos os alunos.

  — Vocês podem fazer o favor de ficarem quietas? Tem gente tentando estudar! — reclamo, mais alto do que pretendia.

  As garotas fazem cara feia e quase posso ver as faíscas nos olhos de algumas.

  — Ficou louca Beatriz? Estamos conversando porque a aula já acabou — retruca Jennifer. — Se está incomodada vá estudar em outro lugar!

  Fecho meu livro, estressada demais para discutir, e saio. Ninguém merece!

  Enquanto estou andando pelo corredor, me deparo com meu amigo Bruno.

  — Beatriz, e o trabalho de sexta? — pergunta ele, me abordando.

  Coloco a mão na testa, surpresa.

  — Ah não, me esqueci completamente!

  Ele ajeita os óculos no rosto como se isso fosse ajudá-lo a enxergar melhor.

  — Beatriz Miranda se esquecendo de um trabalho importante? Você é mesmo a Beatriz?

  — Desculpa, ando com muita coisa na cabeça.

  Começamos a andar juntos em direção a saída.

  — Sério? Isso é um problema. Somos só eu, você, e a Keila no grupo, mas eu não estou nem comendo direito por causa do show do NI5, então...

  — Não acredito. — Paro de andar e o encaro horrorizada. — Até você Bruno?

  Ele franze a testa.

  — O que eu fiz?

  — Por que todos a minha volta só ficam falando sobre esse show? Ninguém tem o que fazer?!

  Meu amigo fica em silêncio por alguns segundos, depois coloca a mão no meu ombro.

  — Bia você já foi kpopper, sabe como é quando algum grupo bom vem fazer show no Brasil, não entendo o porque está assim.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora