Nove - Park Hyun

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  Desabo no chão pela vigésima vez, assim que a música termina. O chão, liso e espaçoso, parece bem mais confortável do que qualquer cama neste momento.

  — Wuaa, estou acabado! — declara Bin, caindo ao meu lado.

  — O que você achou? — pergunto, ofegante.

  Ele levanta a mão com um gesto de jóia.

  — Acho que Park Hyun está de volta. A concorrência que se prepare.

  Rimos juntos. O som ecoa pelo estúdio vazio, e por um instante, parece que o peso do mundo foi suspenso.

  — Bin, você acha que eu sou violento? — pergunto, depois de um tempo.

  Ele me encara, o rosto franzido em confusão.

  — Você? Violento? De onde tirou isso?

  Fico em silêncio. Não posso dizer que foi uma garota, muito menos o que houve para que ela chegasse a essa conclusão.

  — Lugar nenhum. Só estava me perguntando se... Bem, talvez os outros me vejam assim.

  Ele pondera antes de responder.

  — Hyun, depois do que houve... confesso que você mudou muito — diz, visivelmente hesitante ao tocar no assunto. Em seguida, tira o cabelo molhado de suor da testa e esboça um pequeno sorriso. — Mas eu não diria que ficou violento. Só que perdeu o carisma.

  — Estou falando sério. — Me sento e o encaro, para que perceba isso.

  — Eu também.

  Então fico quieto, pensativo.

  — Mas por que perguntou isso? — pergunta meu amigo, quebrando o silêncio.

  — Esquece. — Respiro fundo, fechando os olhos. — Não é nada importante.

  Horas depois, chego em casa de madrugada, exausto. Entro no apartamento tropeçando nos próprios pés de tanto sono. "Logo você vai dormir", penso, aliviado. Ando devagar para não fazer barulho; seria um desastre se o hyeong me visse chegando a essa hora. No entanto, quando chego perto da escada, escuto passos e, imediatamente, me escondo. Em seguida, ouço uma voz feminina conversando em uma língua estranha.

  — Aish, é só a sasaeng — murmuro, ao vê-la passar.

  Saio do meu esconderijo e espero mais alguns segundos para garantir que o caminho esteja livre. Quando decido continuar, dou de cara com ela novamente. Ela fica surpresa ao me ver, mas o que mais chama minha atenção é o moletom que está usando, que me parece muito familiar.

  — Espera — chamo, percebendo que ela está prestes a sair.

  — Sim?

  — Esse moletom... não é meu?

  Ela arregala os olhos, surpresa.

  — Na-não é de Park Seo Jin?

  — Nem pensar. As roupas dele são bem maiores.

  Ela fica quieta por alguns instantes, o rosto corando levemente.

  — Vou devolvê-lo assim que possível! — responde apressadamente, antes de sair quase correndo, escada acima.

  Observo por um momento, mas o cansaço logo me atinge de novo. Começo a subir as escadas também, sentindo meus olhos pesados. Assim que entro no meu quarto, praticamente me arrasto até a cama. Me jogo nela de bruços e, sem pensar em mais nada, adormeço instantaneamente.

  * * *

  Acordo assustado com um grito alto vindo do quarto ao lado. Checo a hora no celular e não são nem quatro da manhã. O que ela está aprontando agora? Enfio a cabeça debaixo do travesseiro para tentar abafar o barulho, mas não adianta.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora