Cinquenta e Oito - O fim

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  No outro dia cedo, vou para a faculdade, mas não consigo prestar atenção em nada. Até quando as pessoas chamam meu nome eu não consigo ouvir. Quando sai de casa, Hyun ainda estava dormindo em um colchão na sala. O que será que ele está fazendo agora? 

— Beatriz acabou a aula! — grita Bruno, me assustando.

  — Chincha?!* (Sério?!) — exclamo e olho no relógio para confirmar.

  — Sim, mas você está estranha. E por que respondeu em coreano?

  — Por nada. — Sorrio e vou embora correndo, deixando Bruno para trás.

  Assim que chego em casa, me surpreendo ao encontrar a música do NI5 tocando alto na TV. De repente Hyun sai do banheiro todo suado, com o sexto de roupas na mão.

  — O que você está fazendo?! — pergunto, perplexa.

  — Faxin — diz em português.

  Eu não acredito. Me aproximo dele, me segurando para não rir.

  — Minha mãe colocou você para fazer faxina?

  — Sim — responde, cabisbaixo.

  Eu não aguento e começo a rir. Pobrezinho.

  — Não ria — diz bravo — Estou fazendo isso para que ela esqueça o telefone.

  — Telefone?

  — Sim. — Suspira. — Ela ficou atrás de mim com o telefone, acho que quer que eu ligue para alguém da Coreia, já que não tenho contatos no Brasil. Mas como é provável que Lee Song já mandou alguém me buscar, eu não quero ligar, se não vou ter que ir embora.

  Faço uma expressão presunçosa.

  — Então você não quer ir embora?

  — Claro que não. Aguentei ficar um ano longe de você, mereço pelo menos uma semana aqui.

  — Uma semana?

  — A não ser que você queira voltar comigo...

  — Ok, uma semana! — Dou-lhe um beijo no rosto e saio do seu caminho.

  * * *

  Mais tarde minha mãe vai trabalhar, então ficamos só Hyun e eu em casa. Eu também tento trabalhar dando minhas aulas online, mas isso se torna uma tarefa muito difícil com Hyun me chamando a cada cinco minutos.

  — Jagi... vamos passear lá fora.

  Ele está sentado em um banco ao lado da minha cadeira e embora eu não olhe, posso sentir o tamanho do seu bico.

  — Estou ocupada e você não pode ser visto.

  — Eu posso ser visto, o melhor disfarce é não usar disfarce nenhum lembra?

  — Isso vale apenas na Coreia, onde os visuais são parecidos — respondo, sem desgrudar os olhos da tela do computador. — Aqui no Brasil, só o fato de você ser um coreano bonito andando na rua já chama muita atenção.

  — Ok, então me dê um pouco de atenção — continua, manhoso.

  Suspiro. Ele não facilita. Mas continuo firme, concentrada no que estou fazendo, até que do nada ele me abraça.

  — Hyun me deixa trabalhar!

  — Como você pode pensar em trabalhar comigo bem do seu lado?

  — Com muito esforço, acredite.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora