Na volta para casa, dou uma carona para Beatriz no meu carro, mas vamos todo o caminho em silêncio. Ela mantém os olhos fechados, claramente cansada por causa do trabalho. Mas me sinto grato por isso, pois assim ela não verá o sorriso idiota que aparece em meu rosto cada vez que me lembro dos momentos que passamos juntos ontem. O que posso fazer? Foi o nosso primeiro encontro.
É claro que não quero que ela me veja assim, já revelei coisas embaraçosas demais, preciso preservar o pouco da dignidade que me resta! Mas admito... ver sua expressão maravilhada ao ouvir meu lado da história, compensou qualquer constrangimento.
Paro no sinal vermelho e aproveito para observá-la mais de perto. Ela permanece imóvel, provavelmente porque pegou no sono. Então foco em seus olhos, nariz, boca, me demoro um pouco mais na boca, e suspiro. Tão linda, tão perfeita... Por fim se mexe, virando o rosto para o outro lado. Em seguida escuto a buzina atrás de mim, o que faz eu me dar conta de que o sinal já abriu.
Acelero, enquanto me recomponho. Depois de um tempo, começo a me perguntar como Beatriz reagiria se soubesse o que fez comigo. Embora tenha lhe contado muitas coisas, ela não faz ideia de tudo o que eu passei enquanto me apaixonava perdidamente por ela.
Mas em momentos como esse, é inevitável não lembrar...
* * *
Entrevista
Beatriz sai correndo pelo corredor e eu bato a porta com força, ligeiramente irritado. Aish, por que me sinto derrotado toda vez que ela sorri? Coço a cabeça, tentando pensar com clareza. Bobagem, concluo por fim, enquanto pego meu laptop e me sento na cama, decidido a esquecer o assunto. Começo a verificar meus e-mails e agenda da semana. Depois, sem entender o porque, sinto uma vontade insana de acessar o YouTube, algo que só faço quando estamos em comeback. Bom, eu tive um comeback solo. Além disso, preciso ficar por dentro do que está rolando na internet.
Após entrar no YouTube e ver os lançamentos da DCA Entertainment, começo a digitar coisas estranhas no campo de pesquisa, como "Fã clube Brasileiro de K-pop," "K-pop Brasil," "Park Hyun Brasil." Nesse último, aparece um canal chamado "Mais K-pop por favor!" e reconheço a foto de Beatriz no perfil. Te achei. Mas hesito antes de clicar, chocado com minha própria atitude. Ah, é só por curiosidade... Entro no canal e clico no primeiro vídeo da lista, já que não entendo o título que está em português. Quando ele começa, porém, a legenda em inglês me ajuda a entender do que se trata. K-pop, obviamente, mas ela fala a respeito do concurso realizado em seu país, o qual foi vencedora. Grande coisa, penso. Ela está tão entusiasmada, como se tivesse ganhado na loteria. Uma verdadeira fanática.
Minutos depois, me pego rindo. As expressões dela, bem como as piadas relacionadas a cultura coreana, são muito criativas. Outro vídeo começa e mais outro... Quando me dou conta, já se passaram várias horas! Aish, como isso aconteceu? Mas antes de encerrar a maratona, encontro meu nome no título de mais um vídeo e decido clicar nele.
"Olá pessoal, eu sou Beatriz Miranda e hoje vim aqui falar sobre um fenômeno! Sim, eu o chamo assim porque, sinceramente, esse artista não é desse mundo. Sabe aquela perfeição que a gente vê na pessoa e em tudo o que ela faz? É exatamente assim!"
Sorrio maliciosamente.
- Ah então eu sou a própria perfeição hem?
"Park Hyun, o fenômeno coreano, ou como costumo dizer... o amor da minha vida."
Entro em uma crise de tosse repentina nessa parte.
- Essa garota! - esbravejo, como se a culpa disso fosse toda dela.
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Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro Dorama
RomansaBeatriz Miranda é uma brasileira iludida, sim, iludida por coreanos. Dorameira e apaixonada por k-Pop, ela acaba vencendo um concurso onde é premiada com o Cartão Platino. Mal sabe ela porém, que esse simples prêmio lhe fará viver uma aventura surre...