Dezesseis - Corajosa

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  Fico encarando o teto por um bom tempo. Depois de passar o dia tentando fugir do assunto, agora, no silêncio do quarto, percebo que preciso colocar meus pensamentos em ordem para entender o que realmente aconteceu. Admito, não consegui parar de pensar naquilo. Como poderia? Park Hyun me beijou! Mas como? Por quê? Ele me odeia, certo? Suspiro. Definitivamente não faz sentido!

  — Calma Beatriz, talvez nem tenha sido exatamente um beijo — murmuro em voz alta, tentando convencer a mim mesma. — Foi só um acidente. Ele acidentalmente puxou a minha nuca e encostou a boca na minha. Pode acontecer com qualquer um.

  Dou uma risada exagerada, como se isso resolvesse tudo, e me ajeito no travesseiro, determinada a dormir. Mas assim que fecho os olhos, a sensação daquele momento volta como um flash na minha mente, fazendo meu coração disparar. Pulo da cama com o sobressalto e começo a andar de um lado para o outro, balançando a cabeça com força.

  — Que idiota! Por que ele teve que fazer algo tão desnecessário? Agora não consigo esquecer! — exclamo, irritada.

  De repente, uma ideia desagradável passa pela minha mente, me fazendo arregalar os olhos. Será que ele fez isso só para se vingar? Por eu ter ameaçado ele outro dia? Minha respiração acelera, enquanto sinto a raiva borbulhar dentro de mim. Se controla, Beatriz... Não tire conclusões precipitadas...

  — Já chega. Preciso dar um jeito de me distrair.

  Pego o celular e, sem pensar duas vezes, escolho uma música. Just Right, do Got7, começa a tocar, e eu me deixo levar pelo ritmo, dançando no meio do quarto sem me importar com a hora ou com o mundo lá fora.

  Após algumas músicas, me sinto bem melhor. Realmente, dançar é o remédio para esquecer as preocupações. Faço careta ao perceber que citei, sem querer, a frase principal da música Dance de Park Hyun. Droga, a música dele está impregnada até nos meus hábitos.

  Saio do quarto para pegar um copo d'água. Mas, ao chegar na cozinha, dou de cara com Park Hyun abrindo a geladeira. Instintivamente, me escondo atrás da parede que separa a cozinha da sala de jantar, com o coração disparado. Espera, por que estou me escondendo? Foi ele quem me beijou, ele é quem deveria estar envergonhado! Sendo assim, respiro fundo e crio coragem para entrar na cozinha. Ao vê-lo novamente, noto que seu cabelo está todo bagunçado, e, assim como eu, está completamente suado. Ele percebe minha presença e para o que está fazendo, me observando também.

  — Annyeong * (Oi) — falo, nervosa demais para me lembrar de usar a linguagem formal. Mas ele assente, parecendo não se importar. — O que estava fazendo? — pergunto, tentando agir naturalmente.

  — Dançando.

  Franzo a testa e olho para o relógio na parede: duas da manhã. Parece que não sou a única que não consegue dormir. Park Hyun pega uma garrafa d'água na geladeira e começa a beber em grandes goles, enquanto eu fico parada, esperando minha vez. Olha só para ele, bebendo água tranquilamente, como se não tivesse nada do que se envergonhar... Termina uma garrafa e começa outra, mas quando vai para a terceira, eu não consigo me segurar.

— Você está com tanta sede assim? — pergunto, admirada.

  Ele me olha de relance, o rosto levemente corado.

  — Está calor aqui, não acha? — pergunta, então coloca outra garrafa em cima do balcão. — Pode ficar com esta.

  Ele passa por mim apressado, mas seu comportamento estranho me deixa intrigada. Sem pensar muito, sigo-o pela escada até o andar de cima, onde sinto uma coragem repentina me dominar.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora