Quarenta - Ciúmes

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  Desço as escadas até a portaria com Amanda no meu cangote. Assim que chegamos na saída, paro de andar e me viro para ela pela décima vez.

  — Eu já disse que não precisa ir comigo. Hoje não tem aula, por que não vai descansar?

  — De jeito nenhum! Você viu o trabalho que deu para te deixar com a aparência de uma rival digna, preciso ver como a garota vai reagir.

  — Amanda!

  Ela revira os olhos.

  — Ok, prometo ver tudo de longe, pode ser?

  Seguro minha amiga pelos ombros para olhar bem em seus olhos.

  — Não, fique aqui e depois eu te conto tudo.

  Ela bufa, muito descontente com minha decisão.

  — Está bem, mas lembre-se das frases de recalque que eu te ensinei, ok?

  Assinto sorrindo. Depois fico olhando enquanto ela dá meia volta e sobe para o quarto. Tenho que me certificar de que não virá atrás de mim escondido.

  Saio do prédio e ando por alguns minutos, até parar em frente a uma vitrine para ver meu reflexo e checar o visual. Estou usando um vestido azul claro godê, com um salto meia pata vermelho, uma combinação perfeita. Meu rosto trás uma aparência delicada e não pareço estar usando maquiagem. Amanda ficou mais de meia hora me maquiando para ficar assim. Meu cabelo solto está mais ondulado do que o de costume e uso um leve batom vermelho nos lábios, quebrando a aparência fofa para uma mais intimidadora. Ou como Amanda diz, uma "mulher fatal." Dou risada e continuo andando, satisfeita.

  Resolvo pegar um táxi para me levar até o restaurante. Já que vou encarar a inimiga, preciso chegar com estilo. Quando o táxi para diante de mim, porém, meus pés paralisam e imediatamente me lembro do dia em que fui sequestrada. O motorista me encara impaciente e eu olho para ele assustada.

  Está tudo bem Beatriz, não é aquele sekia.

  Mesmo sabendo disso, eu simplesmente não consigo entrar, então acabo pegando o ônibus mesmo. Assim que chego no local, fico incomodada ao notar que é o mesmo restaurante em que me encontrei com Sun Hee da última vez. Isso faz parecer que é um lugar especial para eles, não gosto disso.

  Entro no restaurante a contra gosto e não preciso me esforçar muito para encontrar Sun Hee. Ela está sentada na mesma mesa em que almoçamos aquele dia e exatamente na mesma cadeira, só que dessa vez, com Hyun ao lado dela. Não gosto disso.

  Respiro fundo e começo a desfilar na direção deles. Sun Hee, que está de frente para a entrada, sorri ao me avistar de longe.

  — Beatriz-shi! — chama, levantando a mão.

  Eu continuo andando, dessa vez mostrando o máximo de charme e delicadeza possível. Isso acaba atraindo olhares, então aproveito para sorrir e balançar o cabelo, chamando mais atenção. Estou arrasando, penso, até que tudo acontece em câmera lenta: Hyun se vira para trás após ouvir Sun Hee me cumprimentar e como eu sou uma pessoa muito sortuda, ele faz isso bem a tempo de me ver tropeçar no salto e cair de uma forma pouco delicada, de bunda no chão.

  — Beatriz, você está bem? — pergunta, depois de correr até mim.

  Me levanto com pressa, fingindo não estar com as nádegas doloridas. Maldito salto coreano! xingo silenciosamente. Em seguida começo a chacoalhar o vestido para me certificar de que não está sujo ou amassado. Quando levanto a cabeça para seguir em frente, vejo Hyun com o olhar petrificado.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora