Desço as escadas até a portaria com Amanda no meu cangote. Assim que chegamos na saída, paro de andar e me viro para ela pela décima vez.
— Eu já disse que não precisa ir comigo. Hoje não tem aula, por que não vai descansar?
— De jeito nenhum! Você viu o trabalho que deu para te deixar com a aparência de uma rival digna, preciso ver como a garota vai reagir.
— Amanda!
Ela revira os olhos.
— Ok, prometo ver tudo de longe, pode ser?
Seguro minha amiga pelos ombros para olhar bem em seus olhos.
— Não, fique aqui e depois eu te conto tudo.
Ela bufa, muito descontente com minha decisão.
— Está bem, mas lembre-se das frases de recalque que eu te ensinei, ok?
Assinto sorrindo. Depois fico olhando enquanto ela dá meia volta e sobe para o quarto. Tenho que me certificar de que não virá atrás de mim escondido.
Saio do prédio e ando por alguns minutos, até parar em frente a uma vitrine para ver meu reflexo e checar o visual. Estou usando um vestido azul claro godê, com um salto meia pata vermelho, uma combinação perfeita. Meu rosto trás uma aparência delicada e não pareço estar usando maquiagem. Amanda ficou mais de meia hora me maquiando para ficar assim. Meu cabelo solto está mais ondulado do que o de costume e uso um leve batom vermelho nos lábios, quebrando a aparência fofa para uma mais intimidadora. Ou como Amanda diz, uma "mulher fatal." Dou risada e continuo andando, satisfeita.
Resolvo pegar um táxi para me levar até o restaurante. Já que vou encarar a inimiga, preciso chegar com estilo. Quando o táxi para diante de mim, porém, meus pés paralisam e imediatamente me lembro do dia em que fui sequestrada. O motorista me encara impaciente e eu olho para ele assustada.
Está tudo bem Beatriz, não é aquele sekia.
Mesmo sabendo disso, eu simplesmente não consigo entrar, então acabo pegando o ônibus mesmo. Assim que chego no local, fico incomodada ao notar que é o mesmo restaurante em que me encontrei com Sun Hee da última vez. Isso faz parecer que é um lugar especial para eles, não gosto disso.
Entro no restaurante a contra gosto e não preciso me esforçar muito para encontrar Sun Hee. Ela está sentada na mesma mesa em que almoçamos aquele dia e exatamente na mesma cadeira, só que dessa vez, com Hyun ao lado dela. Não gosto disso.
Respiro fundo e começo a desfilar na direção deles. Sun Hee, que está de frente para a entrada, sorri ao me avistar de longe.
— Beatriz-shi! — chama, levantando a mão.
Eu continuo andando, dessa vez mostrando o máximo de charme e delicadeza possível. Isso acaba atraindo olhares, então aproveito para sorrir e balançar o cabelo, chamando mais atenção. Estou arrasando, penso, até que tudo acontece em câmera lenta: Hyun se vira para trás após ouvir Sun Hee me cumprimentar e como eu sou uma pessoa muito sortuda, ele faz isso bem a tempo de me ver tropeçar no salto e cair de uma forma pouco delicada, de bunda no chão.
— Beatriz, você está bem? — pergunta, depois de correr até mim.
Me levanto com pressa, fingindo não estar com as nádegas doloridas. Maldito salto coreano! xingo silenciosamente. Em seguida começo a chacoalhar o vestido para me certificar de que não está sujo ou amassado. Quando levanto a cabeça para seguir em frente, vejo Hyun com o olhar petrificado.
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Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro Dorama
RomansaBeatriz Miranda é uma brasileira iludida, sim, iludida por coreanos. Dorameira e apaixonada por k-Pop, ela acaba vencendo um concurso onde é premiada com o Cartão Platino. Mal sabe ela porém, que esse simples prêmio lhe fará viver uma aventura surre...