Cinquenta e Seis - Não era um sonho

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  — Mãe por favor, eu tenho que sair! É uma emergência!

  — Mas de jeito nenhum que você sai desse quarto hoje mocinha! — responde minha mãe, do outro lado da porta — Onde já se viu? Sumir sem dar satisfação e só aparecer no outro dia? Sabe quanta besteira passou pela minha cabeça? Você está de castigo!

  — Por favor dona Carol, Beatriz já ficou a manhã inteira presa, ela já não teve o castigo? — escuto a voz abafada da minha amiga, tão aflita quanto eu.

  — Já disse que ela não vai sair, é melhor ir para a sua casa Amanda.

  — Mas eu já pedi desculpas! — insisto.

  — E não é como se ela fosse de menor — continua Amanda.

  — Não interessa! Enquanto essa menina viver debaixo do meu teto ela está sob minha autoridade, entendeu?

  Bufo, agoniada. Droga, eu preciso ir ver Hyun! A essa hora ele já deve ter acordado. De repente, o celular da minha amiga começa a tocar.

  — Oi Bin, ele já acordou?

  Grudo meu ouvido na porta imediatamente. Silêncio.

  — O quê?! — grita Amanda, me assustando — Como assim?

  — O que foi Amanda? Aconteceu algo? — pergunto.

  — Mas Bin, você viu como Beatriz estava ontem! Como pôde fazer isso?

  Sinto o desespero tomar conta de mim e começo a bater na porta, gritando mais alto.

  — Estou implorando mãe, é questão de vida ou morte!

  — O que está havendo? — ouço minha mãe perguntar.

  — Melhor para os dois?! — Amanda exalta cada vez mais a voz ao telefone. — Está ouvindo os gritos desesperados de Beatriz? É porque a mãe dela não quer deixá-la sair para ir vê-lo! Como pode dizer que isso é o melhor... Ei Bin espera! Bin!

  — Ele desligou? Por que ele desligou?! — arfo.

  — Bia, Bin me disse que já está no aeroporto. E-eles vão pegar o voo do meio dia.

  O quê?

  Paro de bater e desabo com os joelhos no chão, sentindo o vazio me consumir. As lágrimas surgem como uma enchente, junto ao desespero de não saber o que fazer.

  — Mãe, a verdade é que eu amo muito essa pessoa — falo, a voz trêmula — Ele estava machucado, por isso não vim para casa ontem. E agora... ele está... indo embora. — Faço uma pausa, tentando controlar a minha respiração. — O que eu faço mãe? Sinto que vou morrer se não puder ir até ele.

  Minha respiração fica cada vez mais inconstante enquanto as lágrimas transbordam, e já não tenho mais forças para falar. Mas de repente a porta se abre e em questão de segundos vejo minha mãe ao meu lado. Ela me ajuda a levantar e me encara, aflita.

  — É o rapaz da garagem? Por quem chorou tanto outro dia?

   Balanço a cabeça rapidamente, concordando. Em seguida ela inclina a cabeça para o lado com uma expressão culpada.

  — Por que não me disse antes? Eu teria entendido.

  — Me perdoa.

  Então ela me abraça. Depois pega meu casaco dentro do guarda roupa e o entrega para mim.

  — O que está esperando para vestir? — pergunta e se volta para Amanda. — Meio dia certo? Temos que correr.

  * * *

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora